“Eu parei com tudo, parei com a minha vida pra cuidar da Lílian (…) tirei ela da escola, ela ficou um ano sem estudar (…) Falei: ‘não, ela não vai pra escola não’, porque na escola tem muita rejeição.” “Quando ela pegava assim aquela pilha de remédio pra tomar, eu falava: ‘Poxa, gente, não podia ser eu? Já tô cascuda’ (…) Eu pensava: ‘Já tô cascuda (…), então eu aceito.’ Agora, nossos filhos, a menina com 10 anos. Os dentes dela...”. “Ao mesmo tempo que é fácil é difícil, porque eu sou mãe né, então, assim, é... você se coloca no lugar de mãe”. “Como ela era de creche, então como é... a criança de creche tem muita a imunidade baixa né (…) vive com nariz escorrendo (…) ainda mais que ela é alérgica (…), tratava mas não resolvia, porque ela é alérgica”. “O que era difícil (…) era desconstruir da família de que... a preocupação excessiva que eles tinham, o cuidado, a proteção excessiva que eles tinham às vezes quando o caso já tava indo bem”. “É muito mais comum a gente tratar adulto do que criança. Então, a dificuldade de ser uma coisa que não tá muito no seu dia a dia, né”. “Eu tentei levar como o lado de profissional de ter que dar o medicamento pra ela ficar curada, mas também com meu lado de mãe né, convencendo ela com jeitinho”. “É muito complicado de tomar, vomitar, voltar, chorar... que faz parte da, da... criança mesmo, né”. |
Interações familiares Estigma Ritual de interação |
Saúde da família e o cuidado da criança com tuberculose: situações e rituais de interação |
“Não, ficou tranquilo. Tem nada de discriminação não”. “Entreguei na mão de Deus porque eu precisava trabalhar, então... entreguei”. “Tinha gente que é, me doía porque as vezes quando eu falava com as pessoas, as pessoas já tratava ela meio um pouco... aí eu que me... (…) aí eu já num gostava”. “Ela tava normal, porque quando eu vejo que os meninos aqui em casa tá doente, é igual ao pai deles, eles já tão nas últimas, porque eles não fala”. “Na família que era muito menos protetora, a dificuldade era de tentar envolver a família no tratamento mesmo, né? Era de tentar fazer a família enxergar que sem os cuidados que a criança podia piorar”. “Eu só impliquei porque eles tipo falaram que iam prender minha filha no conselho tutelar (…). Não, se vai botar no conselho tutelar, vai botar pelo direito, eu não venho mais no médico’ Eu não voltei mais, até hoje”. “Na compreensão deles é quase como se fosse assim: ‘Ah, eu vou tomar uma dipirona porque eu tô com dor’ (…). Eles tão ali no presente, eles não tão pensando tanto no futuro”. “Ele não fala pras pessoas que ele teve tuberculose e que a menina teve tuberculose. Tanto que eles não tiraram a menina da escola, ele mesmo que leva, ele que busca. Entendeu?”. |
Apresentação pública Território de Vulnerabilidade Estigma |
O cuidado de crianças com tuberculose num território de vulnerabilidade e sua apresentação pública |