O ponto principal desse artigo está vinculado ao que pode ser antevisto como a crescente capacidade da genética médica de modificar a espécie humana por meio de intervenções diretas no genoma humano com propósitos médicos e não médicos, isto é, o risco do ressurgimento da eugenia. Nas atuais discussões sobre o tópico, o fantasma da eugenia é levantado diversas vezes, mas há grande confusão no que se refere ao que é considerado como eugenia, particularmente em razão da ampla discordância sobre a noção em si. Procura-se identificar algumas características básicas que podem ser vistas como intrinsecamente vinculadas à noção de eugenia, com o propósito de reduzir a amplitude de distância conceitual como um passo preliminar para trazer à luz o que exatamente está errado em práticas eugênicas. Aborda-se a questão substantiva ligada ao dever praticar ou não a eugenia considerando-se o interesse das futuras gerações na constituição genética da espécie humana. Os principais argumentos morais favoráveis e contrários à eugenia são examinados do ponto de vista de nossas obrigações em relação às futuras gerações, e a conclusão é favorável a uma posição cautelosa de "porta aberta".
Eugenia; Engenharia Genética; Bioética