Resumo:
Este estudo aborda a capacidade do Estado em lidar com a pandemia da COVID-19, bem como contribuir com a literatura sobre gestão de crises no setor da saúde. Analisamos se o nível de capacidade do Estado teve impacto na resposta à COVID-19 nas regiões de saúde brasileiras em 2020. O estudo utiliza um conjunto de técnicas de análise estatística e análise de impacto na saúde pública, incluindo o método de pareamento por escore de propensão (PSM). Os achados revelaram que o menor número de óbitos por COVID-19 esteve associado à participação em consórcios intermunicipais de saúde, ao nível de escolaridade dos gestores municipais de saúde e aos recursos repassados por meio do Programa Nacional de Melhoria do Acesso e da Qualidade da Atenção Básica (PMAQ). Por outro lado, o número de unidades de terapia intensiva (UTI) e de equipamentos para manutenção da vida associou-se a um maior número de óbitos, uma vez que locais populacionais maiores concentraram capacidade operacional para atender os casos mais graves. Conclui-se, portanto, que os diferentes níveis de capacitação implementados pelo Estado nas regiões de saúde brasileiras levaram a resultados distintos no enfrentamento da pandemia. Isso reforça a importância da discussão sobre a capacitação implementada pelo Estado e a gestão de crises, destacando que o resultado do enfrentamento da COVID-19 no Brasil esteve relacionado ao nível de recursos existentes, principalmente em termos de capacidade do sistema de saúde, capacidade burocrática e associação em consórcios para compartilhar insumos e garantir a prestação de serviços de saúde à população.
Palavras-chave:
COVID-19; Administração Pública; Política Pública