Resumo:
Desde que o primeiro caso de COVID-19 no Brasil foi notificado, em 26 de fevereiro de 2020, o país assiste a um crescimento exponencial no número de casos e mortes. A estratégia nacional de testagem tem sido insuficiente para usar essa ferramenta corretamente no apoio à contenção da epidemia no país. O artigo discute os esforços e desafios para escalonar a testagem para COVID-19 no Sistema Único de Saúde (SUS). O texto apresenta os resultados iniciais de um projeto de pesquisa sobre os aspectos políticos, industriais, tecnológicos e regulatórios que podem afetar a capacidade diagnóstica e de testagem para COVID-19 no Brasil. O estudo se apoia em revisão da literatura cientifica, artigos publicados na mídia e coleta de dados públicos sobre a compra e regulamentação de testes. O texto faz referência a iniciativas para ampliar a testagem de PCR, a produção nacional e o desenvolvimento de tecnologias, além de medidas regulatórias fast-track para novos testes. Nossa análise sugere alguns pontos para reflexão. Primeiro, a falta de uma estratégia nacional consistente para combater a COVID-19 agravou os problemas de fornecimento de reagentes de diagnostico num primeiro momento. Esta situação foi posteriormente resolvida, embora coloque novamente em pauta a dependência estrutural do país na importação de insumos de saúde estratégicos. Em segundo lugar, financiamento e a distribuição de testes, que ocorreram de forma descontinuada, podem indicar a fragmentação da política sanitária, assim como o papel de governos estaduais, municipais e atores não estatais no combate à epidemia no âmbito do SUS. Por último, iniciativas estabelecidas no segundo semestre de 2020 contribuíram para ampliar a capacidade de testagem molecular no SUS. Contudo, essa capacidade não foi suficiente para controlar a epidemia no Brasil.
Palavras-chave:
COVID-19; Biotecnologia; Testes Diagnósticos; Acesso Universal aos Serviços de Saúde