Resumo:
Avaliações psicossociais raramente são realizadas com indivíduos residentes na comunidade, especialmente aqueles com maior risco de doença cardiovascular. Este estudo tem como objetivo avaliar o estresse perceptivo e o risco cardiovascular entre mulheres em um grande estudo transversal realizado em comunidades brasileiras. Foram incluídas mulheres com idade superior a 18 anos de 500 unidades básicas de saúde (UBS) públicas do Brasil. Todas as participantes foram submetidas a consulta clínica e aplicação de questionários. Os dados foram utilizados para identificar estilo de vida saudável, tabagismo e autopercepção de estresse psicológico. O índice de risco (NRS) do National Health and Nutrition Examination Survey (NHANES) foi utilizado para estimar o risco cardiovascular. As informações de etnia foram autorreferidas, considerando mulheres brancas versus não brancas (negras, pardas e pardas). Um total de 93.605 pacientes foram recrutados em um ambiente de atenção primária, dos quais 62.200 (66,4%) eram mulheres. A autopercepção intensa e grave de estresse foi maior em mulheres não brancas em casa (p < 0,001), no trabalho (p = 0,008), socialmente (p < 0,001) e financeiramente (p < 0,001) em comparação com mulheres brancas. Portanto, a NRS indica que as mulheres não brancas apresentaram maior risco cardiovascular, menor atividade física e menor consumo diário de vegetais/frutas em comparação às mulheres brancas (p < 0,001). As mulheres não brancas nas comunidades brasileiras são suscetíveis ao aumento do estresse e do risco de doenças cardiovasculares, o que aumenta as disparidades no acesso ao sistema público de saúde.
Palavras-chave:
Estresse Psicológico; Doenças Cardiovasculares; Mulheres; Países em Desenvolvimento