São comuns no Brasil os casos de mulheres com tumores de mama em estágio avançado ao diagnóstico inicial. Há pouca informação sobre os fatores que contribuem para a demora na busca de atendimento. O estudo teve como objetivo identificar os fatores associados a intervalos mais longos entre o início dos sintomas do câncer de mama e a primeira consulta médica no Distrito Federal, Brasil. A análise incluiu 444 mulheres sintomáticas com diagnóstico de câncer de mama, entrevistadas entre setembro de 2012 e setembro de 2014, durante a internação para o tratamento do câncer em nove hospitais públicos no Distrito Federal. As pacientes com doença metastática ao diagnóstico não foram incluídas no estudo. A variável de desfecho era o intervalo entre o início dos sintomas e a primeira consulta médica, sendo classificada como > 90 dias (34% das pacientes) ou ≤ 90 dias. Foi usada regressão logística para estimar os odds ratios (OR) e intervalos de 95% de confiança (IC95%). Na análise multivariada, o intervalo de > 90 dias mostrou associação significativa com a falta de mamografia e/ou de ultrassom mamário nos dois anos anteriores ao diagnóstico de câncer de mama (OR = 1,97; IC95%: 1,26-3,08), e com estágios mais avançados da doença (OR = 1,72; IC95%: 1,10-2,72). Além disso, houve probabilidade menor de demora em pacientes com maior escolaridade (OR = 0,95; IC95%: 0,91-0,99). Uma proporção relativamente alta de pacientes com câncer de mama no Distrito Federal sofreram demora na primeira consulta médica após o início dos sintomas. Uma maior conscientização sobre câncer de mama, principalmente entre mulheres com menores níveis de escolaridade e aquelas que não participam em programa de rastreamento com mamografia, pode contribuir para a redução dessa demora.
Palavras-chave:
Neoplasias da Mama; Acesso aos Serviços de Saúde; Mamografia