O estudo analisa a relação entre o estigma relacionado à AIDS e os processos de discriminação antes do diagnóstico entre gestantes vivendo com HIV/AIDS. O trabalho de campo incluiu entrevistas sobre as trajetórias de vida de 29 gestantes recrutadas em serviços de AIDS no Rio de Janeiro, Brasil. A análise mostrou que antes do diagnóstico do HIV, as desigualdades sociais e de gênero vivenciadas por essas mulheres já haviam reduzido seu acesso a bens materiais e simbólicos que poderiam ter melhorado suas perspectivas educacionais e de carreira, assim como, sua capacidade e autonomia no sentido de exercer seus direitos sexuais e reprodutivos. O diagnóstico de HIV provocava medo de julgamento moral e de desagregação nas redes de apoio sociais e familiares. Em função desses temores, as gestantes vivendo com HIV optam por ocultar o diagnóstico. É necessário que os serviços de saúde, ONGs e agências do governo colaborem para enfrentar os fatores que alimentam o estigma, tais como desigualdades socioeconômicas e de gênero, tabus e preconceitos relacionados à sexualidade, além de desenvolver ações parar empoderar as mulheres para redefinir a doença.
Síndrome de Imunodeficiência Adquirida; Estigma Social; Gestantes