Identificação das sequelas e efeitos pós-COVID-19 - indivíduos e famílias |
“No momento eu não tô podendo nem caminhar direito por causa dessas pernas inchadas. Tô andando devagar. Não tô podendo nem caminhar direito” (E22) “Você é um cara que trabalhava, independente, agora eu dependendo dela [esposa] praticamente para tudo na vida. Minha vida virou de cabeça para baixo. Não consigo mais fazer nada sozinho. Sempre gostei de fazer tudo. Hoje em dia, eu não faço mais nada” (E11) “Então, eu falo para você, eu não ia morrer da COVID, eu ia morrer de tristeza... Primeiro que eu comecei a me sentir um estorvo dentro de casa, atrapalhando a minha família em tudo. Depois o abandono social que a gente começa a sentir. Então, eu ia morrer de tristeza, de depressão, entendeu? Porque é uma doença que mexe em tudo. Se fosse só no físico, tudo bem, mas o emocional... toda a estrutura física fica abalada...” (E1) |
Serviços de saúde utilizados no seguimento pós-alta |
“E quando você bate numa porta é: ‘não’. Bate em outra: ‘não’. Aí começa a bater o desespero... Eu saí daqui num dia [internação], no dia seguinte eu gastei mais de R$ 700 de remédio. Aí depois eu tive que fazer alguns exames e mais remédio, em tudo deu quase R$ 3.000. Quer dizer, para mim que sou aposentado, foi um dinheiro que tive que pegar com um, com outro” (E1) “Aí fica uma misturada que tem uma parte [no] particular, uma parte do SUS. A gente tem pressa, né? A gente não pode ficar dependendo só do SUS” (E11) “Quando me ligaram [da reabilitação], ah... não pensei duas vezes! Tô tomando um remédio lá por conta própria, o Venaflon, que a médica passou por causa da minha inflamação [em outra situação]. Aí como é para circulação... Teve uma senhora que teve trombose, e tá tomando esse remédio. E como é para circulação, eu continuo tomando, de oito em oito horas. E o AAS, que dizem que é para afinar o sangue, dia sim, dia não, eu tomo unzinho também” (E27) “Quando chegou no final [alta pós-internação] o médico [disse]: ‘já vai embora, o pulmão dele já tá quase normal, vai acabar de fazer o tratamento em casa’. Aí eu já levei ele no Cartão de Todos. Já fui, não deixei em casa, não. Marquei e já fui para ele já ir fazendo o tratamento com pneumologista. Quando aqui ligou [serviço de reabilitação], ele já tinha feito um bocado de tratamento...” (esposa do E12) “A chapa paga R$ 50. O eletro acho que é R$ 65. Exame de sangue total, eles fazem pacote: HIV, COVID... se precisar faz o pacote, dá R$ 112. Aí faz todos os exames de uma vez só. Igual, assim, para mulher, [que] tem outubro rosa, aí faz aquele check-up da mulher. Aí tem ginecologista, tem negócio de mama. Mas isso é mais de ano em ano” (E9) |
Avaliação dos serviços de saúde para o seguimento pós-alta |
“Aí eu pensei até que ele [médico da ESF] ia me encaminhar para ortopedista, fisioterapeuta, só que eu não consegui vaga. Muita gente. Aí eu nem fiz. Fiz uns exercícios, mais ou menos, em casa...” (E27) “E foi aqui através do tratamento de fisioterapia, fonoaudiólogo, atendimento médico, clínico geral, fono, que eu comecei de novo a andar, que eu comecei de novo a me estabelecer. Mas digo para você que se não tivesse aberto aqui, até hoje eu estaria sem esses tratamentos, porque os postos de saúde falam que não estão preparados para cuidar de pós-COVID” (E1) |
Fluxos de acesso aos serviços de reabilitação |
“É difícil de você buscar um atendimento para você ser encaminhado para cá [reabilitação]. É difícil. Quando eu soube que ia abrir, falei: ‘poxa, vamos lá!’, ‘ah, a gente vai bater aqui e quem que vai te [aceitar]... você não foi internado lá, como é que vão te aceitar lá? Você não tem como’” (E11) |
Avaliação do serviço de reabilitação |
“É, não saio mais. Agora vai se transformar em clínica também. Vou ficar direto aqui. Até perguntaram se eu ia botar uma cama aqui para ficar aqui. Todo dia eu tô aqui [risos]” (E13). “Aqui tem o clínico, aqui tem tudo. Ele tá aqui, o paciente tá passando pelo clínico, pela fisioterapia, pela nutricionista, a fono; curativo [por]que ele tá com um machucado que deu um calo no pé dele, mas isso ele já tinha” (esposa do E12) |