A incidência de acidentes de trabalho no Brasil apresenta tendência decrescente nas duas últimas décadas. A mortalidade também é decrescente, porém de forma menos acentuada. O subregistro tem sido o principal argumento para explanar tal fato. O estudo das séries temporais com base em dados secundários de 1970 a 1995 revela que a incidência de acidentes de trabalho é sensível às flutuações cíclicas da economia e vincula-se, em particular, ao nível de atividade industrial. Detectou-se uma correlação linear positiva (r = 0,80) entre a proporção de pessoas ocupadas na produção industrial e a incidência de acidentes em 14 estados brasileiros. A recessão econômica durante a década de 80 gerou desemprego. A queda da oferta de empregos formais no setor industrial com maiores riscos de acidentes, foi acentuada pelo processo de reestruturação produtiva e a incorporação crescente da informática e da robótica em diferentes processos industriais. Como conseqüência houve o deslocamento de um maior volume de força de trabalho para o setor terciário com menor risco de acidentes. Estes fatos foram determinantes na tendência dos acidentes de trabalho observada neste período de 25 anos.
Notificação de Acidentes do Trabalho; Acidentes do Trabalho; Saúde Ocupacional; Trabalhadores