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Procura por atendimento médico devido a sintomas relacionados à COVID-19 e cancelamento de consultas médicas em função da epidemia entre adultos brasileiros mais velhos: iniciativa ELSI-COVID-19

O continente americano apresenta o maior número de pessoas infectadas e de mortes associadas à síndrome respiratória grave do coronavírus 2 (SARS-CoV-2) no mundo. O Brasil ocupa a 2ª posição em números de casos de infectados e de óbitos, antecedido somente pelos Estados Unidos. Adultos mais velhos e aqueles com doenças crônicas preexistentes são mais vulneráveis às consequências da infecção. A epidemia do SARS-CoV-2 tem enormes consequências para os serviços de saúde. Portanto, é urgente avaliar o efeito da pandemia na população idosa brasileira. Nosso objetivo foi examinar a prevalência de sintomas da COVID-19, a busca por atenção em saúde em função destes sintomas, e o cancelamento de cirurgias, ou outros procedimentos previamente agendados, por causa da pandemia, em uma amostra representativa de brasileiros adultos com 50 anos ou mais, participantes do Estudo Longitudinal da Saúde dos Idosos Brasileiros (ELSI-Brasil), que responderam à entrevista telefônica sobre a COVID-19 entre o final de maio e o início de junho de 2020. Entre os participantes, 10,4% informaram ter tido febre, tosse seca ou dificuldades para respirar nos 30 dias anteriores à entrevista telefônica, com maior prevalência na Região Norte (50%). Entre aqueles com qualquer um desses sintomas, somente 33,6% haviam procurado por assistência em saúde; esta proporção foi ainda menor nas regiões Sul e Sudeste. Cerca de 1 entre 6 participantes havia cancelado cirurgias ou outros procedimentos anteriormente agendados; esta proporção foi maior entre as mulheres, entre aqueles com escolaridade mais alta e entre aqueles com múltiplas doenças crônicas. Este trabalho está entre os primeiros a examinar as consequências da epidemia da COVID-19 no uso de serviços de saúde entre brasileiros mais velhos. Os resultados apontam para a necessidade de adaptação da oferta da atenção à saúde para garantir a continuidade dos cuidados necessários durante a epidemia (como telemedicina, por exemplo), bem como a necessidade urgente de ampla divulgação para orientar a população sobre a prevenção da doença e como obter atenção em saúde em caso de necessidade.

Palavras-chave:
Envelhecimento; COVID-19; Acesso aos Cuidados de Saúde


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