Os avanços recentes obtidos com os métodos moleculares e com a análise filogenética permitem atualmente interpretar a "história escrita nos genes", na ausência de um registro fóssil. A presente revisão se concentra em avanços recentes na reconstrução da filogenia dos tripanossomas, com base em dados moleculares obtidos do ARN ribossômico, do miniexon e dos genes codificadores de proteínas. Os dados já coletados demonstram inequivocamente que os tripanossomas são monofiléticos; as árvores filogenéticas derivadas podem servir como arcabouço para reinterpretar a biologia, taxonomia e distribuição atual das espécies de tripanossomas, elucidando sua co-evolução com os hospedeiros vertebrados e vetores. Diferentes métodos para datar a divergência das linhagens de tripanossomas dão hoje lugar a cenários evolucionários radicalmente distintos, que são revisados pelos autores. O uso de uma dessas abordagens biogeográficas fornece novas pistas sobre a co-evolução dos patógenos Trypanosoma brucei e Trypanosoma cruzi, com seus hospedeiros humanos e a história das doenças com as quais são associados.
Trypanosoma brucei; Trypanosoma cruzi; Filogenia; Evolução