Estudou-se o estado nutricional de crianças menores de 11 anos moradoras na área rural de Mandaguaçu, Paraná, segundo as relações de trabalho da família, no período de 1972 a 1983. As relações de trabalho foram classificadas em bóia-fria durante todo o período; passagem de trabalhador rural não-assalariado, meeiros ou arrendatários, para bóia-fria; nunca bóia-fria, e passagem de trabalhador assalariado urbano para bóia-fria. Outras variáveis independentes incluídas na análise foram idade, sexo, instrução e idade da mãe, internações da criança, local de ocorrência do parto, número de filhos vivos, peso ao nascer e condição de freqüência à escola, para crianças maiores de 5 anos. A análise multivariada através de regressão logística mostrou que a desnutrição aguda foi mais freqüente entre as crianças de famílias que passaram de assalariados urbanos para bóias-frias. Comparadas com os filhos de bóias-frias durante todo o período, apresentaram odds ratio de desnutrição aguda de 2,7, com intervalo de confiança de 95% igual a 1,3-5,7. A desnutrição aguda associou-se também, e de forma independente, com o número de filhos vivos (p <0,05). A desnutrição crônica associou-se com a relação de trabalho (sendo menos freqüente entre as crianças de famílias que passaram de assalariados urbanos para bóias-frias) e com o número de filhos vivos (p <0,05). A prevalência de desnutrição aguda foi significativamente maior entre famílias com menor número de filhos vivos, enquanto para a desnutrição crônica esta associação foi em direção oposta. Concluiu-se pela existência de diferentes determinantes para a desnutrição aguda e para a desnutrição crônica.
Estado Nutricional; Nutrição da Criança; Trabalhadores Rurais; Fatores Sócio-Econômicos