Como parte do projeto da Organização Mundial da Saúde (OMS) de avaliação de desempenho dos sistemas de saúde das nações, a Pesquisa Mundial de Saúde (PMS) foi realizada em vários países membros. Para possibilitar a comparação de estimativas de auto-avaliação do estado de saúde coletadas entre culturas distintas, a OMS utilizou a estratégia de incluir vinhetas de casos-padrão, estórias hipotéticas que descrevem problemas de saúde de terceiros. Utilizando os dados da PMS brasileira, objetivou-se, neste trabalho, avaliar a utilização de vinhetas de casos-padrão para calibração da percepção de saúde por nível sócio-econômico. Na análise estatística foram comparadas as médias de avaliação de cada domínio por estratégia de mensuração (auto-avaliação e vinhetas) segundo sexo, faixa etária, e nível sócio-econômico (grau de escolaridade e número de bens no domicílio). Os efeitos do nível sócio-econômico sobre as avaliações dos domínios de saúde foram estimados por regressão múltipla, controlando-se por idade e sexo. No caso da auto-avaliação, os efeitos do nível sócio-econômico foram significativos para a maioria dos domínios, mas estatisticamente nulos, no caso de vinhetas. Conclui-se que a utilização das vinhetas propostas pela OMS para calibração das medidas de auto-reporte não se mostrou apropriada no caso do Brasil.
Nível de Saúde; Posição Sócio-econômica; Vinhetas