A observação de distúrbios reprodutivos em seres humanos e na vida animal tem sido relatada em diferentes países na última década, sendo apontada como possível explicação para tal fenômeno, a exposição a diversas substâncias químicas com possível interferência no sistema endócrino, incluindo pesticidas. Este trabalho apresenta os resultados de um estudo epidemiológico, com delineamento ecológico explorando dados de exposição a pesticidas durante os anos oitenta, em estados brasileiros selecionados e distúrbios reprodutivos observados nos anos noventa. Foram obtidos coeficientes de correlação de Pearson entre o volume de vendas de pesticidas em onze estados brasileiros em 1985 e indicadores diretos ou substitutos da ocorrência de distúrbios reprodutivos nas mesmas localidades. Coeficientes de correlação moderados e elevados foram observados para a maioria dos indicadores dos desfechos analisados; infertilidade e câncer do testículo, mama, próstata e ovário. Apesar das limitações inerentes aos estudos ecológicos quanto ao estabelecimento de relações de causa-efeito, os resultados observados estão em concordância com as evidências, apoiando uma possível associação entre a exposição a pesticidas e os distúrbios reprodutivos analisados.
Análise Fatorial; Praguicidas; Infertilidade; Neoplasias; Desreguladores Endócrinos