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“Por que isso está ocorrendo? Porque estamos vivendo em uma sociedade que constantemente te diz que você não é mulher”: gênero e risco de HIV em mulheres trans do nordeste mexicano

As mulheres trans enfrentam um risco desproporcional de adquirir HIV. Este estudo analisa qualitativamente o risco do HIV em mulheres trans mexicanas a partir do gênero como estrutura social. Trata-se de um estudo qualitativo realizado no nordeste de México. Foram realizadas 15 entrevistas com mulheres trans, com idade entre 22 e 69 anos, além de uma análise temática. A análise das entrevistas revelou três categorias temáticas: construções sociais do HIV e estigma, gênero e HIV nas relações interpessoais, e gênero e HIV nas instituições e a política. Os resultados mostram que as construções sociais do HIV se consolidam no coletivo, a partir da interação com outras mulheres trans. O HIV é um fenómeno atravessado pela temporalidade socio histórica e, neste sentido é que são geradas as percepções de risco frente a ele. O gênero como estrutura de opressão está relacionado às experiências de estigma e discriminação, e a busca da legitimação do gênero através das relações com parceiras sexuais. As instituições e a política pública são relacionadas com o acesso aos serviços de saúde e se identificam e analisam as barreiras institucionais, pessoais e coletivas, a partir da identidade de gênero. A política apoia e reforça a marginalização das mulheres trans, impactando o risco do HIV. Os resultados mostram que o risco do HIV é um fenómeno multicausal baseado gênero como estrutura de opressão com desdobramentos sistémicos.

Palavras-chave:
Identidade de Gênero; Pessoas Trangênero; HIV


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