Resumo:
Historicamente, as migrações humanas determinaram a propagação de muitas doenças infecciosas ao facilitar surtos temporais entre populações. O estudo buscou analisar os indicadores sanitários e os gastos e taxas de incapacidade relacionados à tuberculose (TB) e à carga de HIV/aids no fluxo migratório entre Colômbia e Venezuela, com destaque para os departamentos (estados) da fronteira nordeste. Foi realizado um estudo retrospectivo de dados sobre TB e HIV/aids desde 2009. Consolidamos uma base de dados a partir de relatórios do Sistema de Vigilância da Colômbia, Organização Mundial da Saúde, Indexmundi, Observatório de Saúde Global, IHME HIV Atlas e Programa Conjunto das Nações Unidas sobre HIV/AIDS (UNAIDS). As métricas de incapacidade em termos de AVAIs (anos de vida ajustados para incapacidade) e AVIs (anos vividos com incapacidade) foram comparadas entre os dois países. O mapeamento foi realizado no ArcGIS, com dados oficiais sobre migração de cidadãos venezuelanos. Nossos resultados indicam que os perfis de TB da Colômbia e da Venezuela são idênticos em termos de carga de doença, exceto por um aumento da incidência de TB nos departamentos na fronteira entre os dois países em anos recentes, concomitantemente com a imigração venezuelana maciça desde 2005. Identificamos um subfinanciamento (por um fator de quatro) no programa de tuberculose da Venezuela, o que pode explicar as baixas taxas de testagem para casos de TB multirresistente (67%) e HIV/aids (60%), além das internações hospitalares prolongadas (150 dias). Encontramos um aumento significativo de AVAIs em pacientes de HIV/aids na Venezuela, especificamente 362,35 comparado com 265,37 na Colômbia em 2017. O estudo sugere que a migração maciça venezuelana e o subfinanciamento podem exacerbar a carga dupla de TB e HIV na Colômbia, principalmente na fronteira com a Venezuela.
Palavras-chave:
Tuberculose; HIV; Resistência a Medicamentos; Migração Humana