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Cardiomiopatia chagásica crônica: caracterização de casos e possibilidades para ação na atenção primária à saúde

Apesar da diminuição importante na incidência da doença de Chagas no Brasil, as infecções ocorridas no passado ainda têm um impacto grande sobre os serviços de saúde no país. Portanto, o estudo buscou caracterizar os casos de doença de Chagas quanto ao estadiamento cardíaco e prognóstico de morte, e com base nisso, propor o seguimento dos casos na atenção primária à saúde (APS). O estudo transversal usou dados secundários dos prontuários de pacientes com cardiomiopatia chagásica crônica (CCC). Foi aplicada a regressão logística para estimar os odds ratios (OR) brutos e ajustados. Foram avaliados 433 prontuários médicos. Casos mais graves de CCC estavam associados com número maior de hospitalizações (OR = 3,41; IC95%: 1,59-7,30) e tempo de internação (OR = 3,15; IC95%: 1,79-5,53). Os casos com risco maior de morte estavam associados com número maior de hospitalizações (OR = 1,92; IC95%: 1,09-3,37), tempo de internação (OR = 2,04; IC95%: 1,30-3,18) e visitas aos ambulatórios (OR = 2,18; IC95%: 1,39-3,41) e serviços de emergência (OR = 3,12; IC95%: 1,27-7,66). Ao analisar os prontuários em dois momentos, 72,9% dos casos permaneceram nos estágios inicialmente avaliados. No total, 44,4% dos casos foram classificados como formas leves a moderadas e 68,3% como risco baixo de morte. Os casos classificados nos estágios mais graves de CCC e com risco de morte alto ou intermediário estavam associados com maior dependência hospitalar. Entretanto, a maioria dos casos foram classificados como formas mais leves da doença, clinicamente estáveis e com baixo risco de morte. Os achados apoiam a promoção do papel da APS como protagonista no seguimento longitudinal dos casos de CCC no Brasil.

Palavras-chave:
Cardiomiopatia Chagásica; Doença de Chagas; Insuficiência Cardíaca; Atenção Primária à Saúde


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