O reconhecimento dos serviços prestados pela atenção básica |
“Tem dentista, clínico, enfermeira, prevenção, vacinas, como sarampo, rubéola, gripe. Dentista é só extração, não é sempre que a gente tem acesso” |
O desejo por especialistas e recursos diagnósticos na atenção básica |
“Devia ter ginecologista, raio x, ultrassom, dermatologista, pediatra, nutricionista, neuro, psiquiatra, tem muita gente aqui que tem sintoma da depressão” |
A USF como lugar de cuidado, prevenção e insumos |
“Os benefícios que o posto tem me dado, eu não tenho o que falar. O posto é muito importante para minha saúde, para me cuidar. Com acesso ao posto, se tem uma doença que eu não sei, fazendo a rotina, descobrindo cedo (...) câncer de mama, colo do útero. A importância dele é me cuidar, ter um atendimento melhor e cuidar do meu corpo. Ai de mim se não tivesse esse posto! Lá tem médico, remédios de pressão, remédio de colesterol, diabetes” |
Há a necessidade de maior vínculo e segurança na assistência |
“Eu acho que se o que você faz, faz com excelência, você vai agradar a maior parte das pessoas que você está atendendo. Porque a pessoa que está sendo atendida precisa ter uma certa segurança, é sobre a saúde, não é uma coisa banal. Então precisaria de uma atenção maior do profissional à pessoa que está sendo atendida, de dar segurança a ela do que está sendo feito naquele momento. (...) A minha mãe é acamada, nunca foi visitada pelo médico de lá. (...) Da última vez só veio um médico e só vieram dez fichas” |
Estrutura física precária impondo riscos aos usuários |
“Péssima, acabada. Não tem copo descartável para tomar água, o banheiro, não tem o ferrolho, tem que uma pessoa segurar. Acho que precisaria sair dali e ir para um lugar mais amplo, é muito pequeno, as salas e o consultório. Se quiser, tem cadeira de plástico, mas fica do lado de fora, de frente ao posto, no sol. Por conta da pandemia tem o afastamento, o acesso é pequeno, aí não tem nem como. Muita gente perto um do outro, mesmo com máscara” |
USF pouco resolutiva baseada no cuidado biomédico |
“O básico, não todos. De 100%, ele resolve 10%. Porque o que ele resolve, é o quê? É o clínico que vai passar um remédio. Eu preciso do posto de saúde, mas preciso de educação, de transporte. Quer dizer, não é 100% posto de saúde” |
Gestão |
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Planejamento de atividades amparadas em campanhas e ações é seguido |
“Mensalmente eu lanço um cronograma de atendimentos. Como em outubro, um cronograma do câncer de colo do útero para a mulher, faço um mapa mensalmente, mando para as unidades, cada unidade se organiza com sua equipe, com seus agentes de saúde, avisa a população que naquele determinado dia, naquela hora, com uma quantidade de atendimentos aquela equipe de saúde vai estar lá para prestar esse atendimento. (...) Que está funcionando também para as unidades rurais” |
Intersetorialidade na gestão pública municipal como apoio para garantir o acesso das populações do campo |
“Eu tenho apoio! Tem o hospital municipal, o laboratório, a secretaria de saúde da mulher, a secretaria de assistência social, eu peço o apoio de todas as secretarias para poder levar o melhor atendimento aos usuários daquela determinada área que estamos atendendo” |
A participação da população do campo em instâncias colegiadas do SUS |
“Alguns conselheiros são de áreas rurais, porque tem que ter uma quantidade de usuários que são de algumas áreas, como de assentamentos, de áreas rurais, então o conselho municipal de saúde é formado por essa equipe” |
O ensino-serviço como estratégia para alcance das áreas campesinas |
“Eu tenho parceria com várias faculdades no estado; estou colocando principalmente estudantes e profissionais nas áreas rurais para fazer esse trabalho” |
Profissionais |
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Demanda elevada da unidade pelo crescimento do número de habitantes resulta em limitação das atividades preventivas da atenção básica |
“A demanda é grande, duas equipes é muito pouco, a comunidade cresceu muito. Tem cerca de 17.000 habitantes na área. Praticamente só tenho tempo de atender paciente, não tenho tempo de desenvolver outras atividades a nível de PSF. O atendimento básico da atenção primária não se restringe a atender o paciente. Se você estiver hipertensa, diabética, você tem que saber o que é e como se prevenir. Atenção básica não é curativa, ela é preventiva, primeiro faz a prevenção e depois trata o paciente quando já tiver instalado a doença. A atenção básica tem sido meramente curativa. Não é o ideal” |
Entre tantas demandas a maior é a de hipertensos |
“Eles ligam primeiro, perguntam como está o atendimento, diz que está com um quantitativo x que precisa ser visto pelo médico, e sai reunindo, hipertenso, diabético, ou outros com outras queixas, eu não vejo muitas crianças não, eu vejo mais adultos e mulheres. A demanda maior é de hipertensos. Existe uma redução dos atendimentos daqui para dar assistência a eles lá, para eles virem e não ficarem sem atendimento” |
A população do assentamento procura pouco a unidade, aumentando a frequência nos últimos dois anos |
“O engenho quase não procura a unidade, pelo número de atendimentos fica difícil estabelecer a demanda de lá, o número ainda é pequeno aqui, o contato maior é nas ações. Mesmo a demanda pequena, eu percebo que eles têm procurado mais de dois anos para cá” |
Apesar da alta demanda de atendimentos, a carga horária profissional é reduzida |
“Com esse horário reduzido, às 14 horas já estamos encerrando as atividades, embora as coisas sejam preenchidas como se eu trabalhasse de manhã e à tarde. Por exemplo, hoje, quarta-feira, eu atendi pela manhã 16 pacientes, mas eu fui orientado a dividir esses 16 pacientes para quarta e quinta-feira. Eu preencho a planilha de pacientes dividindo o total de pacientes para os cinco dias da semana, pelo estabelecido em lei é de segunda a sexta feira, 40 horas semanais. Mas, nenhum médico, principalmente se não for aposentado, está disponível para vir a essa unidade, para prestar as 40 horas semanais” |
Acolhimento realizado desde a recepção, com priorização da população do campo na demanda espontânea |
“Quando o paciente chega na recepção ele já é acolhido, a recepcionista já sabe para onde mandar o paciente. Se for da zona rural tem um cuidado maior, se for emergência não vai perder tempo procurando o posto, se for um atendimento de rotina consegue encaixar no mesmo dia. Eu fui orientadx pela atenção básica a não fazer o paciente voltar, principalmente se ele for de engenho, se ele veio para o médico e não conseguiu ser atendido naquele dia, eu vou tentar resolver o problema dele. Caso eu não consiga, eu já deixo amarrado o dia dele retornar. Antigamente o paciente chegava aí de madrugada para pegar ficha para atendimento médico, hoje em dia não tem mais necessidade disso, eu já oriento para não chegar cedo aqui. E já deixo os hipertensos e os diabéticos agendados” |
A estrutura física é deficiente e impacta no trabalho, os equipamentos precisam ser melhorados e os insumos estão em regularidade |
“A estrutura física eu acho que é deficiente, a planta física tem que ter mudanças. Aqui devia derrubar e fazer outro prédio, é um espaço físico pequeno e a deficiência de estrutura física termina acarretando a estrutura funcional. Não tem nem uma sala de reunião, não tem como se reunir, a estrutura física do posto não comporta. Eu que “banquei” muita coisa aqui, geladeira, ar-condicionado, um bocado de coisa eu coloquei. Equipamentos eu acho que tem que ter melhorias, desde 2016 a gente vem solicitando tablet para os ACS, o sistema operacional é muito defasado, o cadastro acontece fora do horário de trabalho, uso o meu tablet para isso. O computador do posto não tem. Insumos não falo tanto não, a medicação melhorou bastante” |
Dificuldade no fluxo de assistência do paciente na RAS tanto pela morosidade na marcação quanto pela falta de contrarreferência |
“A referência já tenho uma certa dificuldade de fazer, demora para marcar. Um especialista atende o paciente, eu não sei o que foi que ele fez, não tem contrarreferência nenhuma, não manda dizer de volta qual foi o diagnóstico do paciente. Eu já entreguei encaminhamento quando vem da regulação do Estado a uma família e não sabia que a pessoa tinha falecido e o encaminhamento chegou depois que a pessoa faleceu, é um constrangimento terrível. Muitos pacientes estão sendo encaminhados para unidade de pronto atendimento Especialidades em outro município, tem a dificuldade também de locomoção desses pacientes porque estão sem condições de estar pagando passagem para ir” |
A dificuldade do referenciamento aumenta de acordo com o território e a equipe age como facilitadora dos processos para a população do campo |
“O pessoal daqui tem dificuldade. Com o pessoal do assentamento a dificuldade deve ser maior. Já está havendo uma facilitação que o próprio serviço aqui se encarrega de fazer a marcação para eles. Os pacientes daqui, geralmente, eles mesmo têm que ir lá. Está tendo atendimento de cardiologista aqui no posto, as meninas na recepção marcam o dia que ele está aqui e vem fazer essa consulta. Aqui não tem NASF” |