Esta investigação visa a identificar alguns fatores associados à não-aderência ao tratamento poliquimioterápico da hanseníase. O trabalho utiliza o referencial teórico das representações sociais como base de sustentação metodológica da investigação. Foram entrevistados dois grupos de pacientes ambulatoriais em tratamento poliquimioterápico: "aderentes" e "não-aderentes" ao tratamento, provenientes de dois serviços de saúde distintos. Nas entrevistas, foi observada a presença de uma representação comum entre os discursos empregada como metáfora para explicar o tratamento: a figura de uma batalha em que o bacilo é retratado como uma ameaça, o doente como vítima, o medicamento como a principal arma de combate e os profissionais da saúde como os heróis ou santos. Foi observado também que o medicamento é representado por ambos os sujeitos como sendo algo ora benéfico ora maléfico ao bem-estar do paciente. Além disso, a relação médico-paciente parece representar um ponto importante, pois nota-se que a confiança depositada na capacidade do médico para solucionar o problema divide sujeitos "aderentes" dos "não-aderentes" entrevistados.
Lepra; Relações Médico-Paciente; Tratamento; Representações Sociais