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O TEATRO DE JEAN-PAUL SARTRE APÓS O COMUNISMO: PERPETUAR O PASSADO PELA NÃO-RETRADUÇÃO?

Resumo

O presente artigo lida com o fenômeno da não-retradução na Rússia pós-URSS, e com a prática relacionada de se reimprimir hoje em dia traduções soviéticas manipuladas. Ilustraremos este fenômeno com a tradução do teatro de Jean-Paul Sartre na Rússia. Os interesses e os mecanismos por trás da reimpressão de traduções soviéticas de Sartre na era pós-URSS serão explorados através do quadro da teoria da retradução. Também refletiremos sobre o possível impacto da reimpressão nos dias de hoje das traduções soviéticas do teatro de Sartre. Tomando a reimpressão como uma forma de não-retradução, o presente artigo prestará mais atenção à prática da reimpressão e em como se relaciona à retradução. As razões para a não-retradução serão, em parte, atribuídas à presença de uma dupla normatividade na Rússia, caracterizada, por um lado, por uma norma econômica dominante conduzindo o campo da literatura após 1991, e, por outro, por uma norma ideológica continuada (o comunismo). Isso nos mostra como, um quarto de século após sua abolição, a censura comunista continua a informar a leitura dos leitores russos contemporâneos, e assim coloca em questão o pressuposto de que a censura comunista desapareceu juntamente com a URSS.

Palavras-chave
(Não-)retradução; Reimpressão; Sartre; USSR; Rússia

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