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ENTREVISTA COM ZOIA PRESTES

Zoia Prestes define-se como professora e pesquisadora da área da Educação. Viveu parte de sua infância e juventude na União Soviética, período em que o Brasil vivia sob o regime militar, instaurado com o golpe de Estado em 1964. Aos 7 anos de idade teve de se exilar na União Soviética com seus pais, Luiz Carlos Prestes e Maria Prestes. Durante os quinze anos em que esteve lá, vivenciou sua imersão na cultura e na língua russa. Foi alfabetizada em russo, graduou-se e se tornou mestre em Ciências da Educação pela Faculdade de Pedagogia e Psicologia Pré-Escolar da Universidade Estatal Lenin de Pedagogia de Moscou. Retornou ao Brasil em 1985 e, por não ter o diploma reconhecido por mais de 15 anos, dedicou-se à tradução de textos técnicos, de palestras em eventos e de obras literárias russas. É doutora em Educação pela Universidade de Brasília, em que investigou, sob a orientação da Professora Dra. Elizabeth Tunes, a atividade da tradução em relação às traduções de obras de Lev Semionovitch Vigotski no Brasil. Seu Pós-Doutorado foi realizado na Universidade Estadual de Pedagogia da Belarus M. Tank (Minsk) e na Universidade de Moscou (Moscou) na área de Educação. Atualmente integra o corpo docente da Faculdade de Educação da Universidade Federal Fluminense. Estudiosa do autor soviético L. S. Vigotski, um dos idealizadores da teoria histórico-cultural e reconhecido por seus estudos e pesquisas na área da Psicologia e da Educação. É líder do Grupo de Pesquisa Núcleo de Tradução, Estudos e Interpretação das obras dos representantes da Teoria histórico-cultural. Zoia Prestes publicou diversos artigos acadêmicos, proferiu inúmeras conferências e traduziu e organizou do russo para o português livros com obras de L. S. Vigotski. Destacamos três obras de Vigotski traduzidas e publicadas recentemente: Psicologia, Educação e Desenvolvimento (Editora Expressão Popular, 2021Prestes, Z.; Tunes, E. Psicologia, educação e desenvolvimento: escritos de L. S. Vigotski. Tradução de Zoia Prestes e Elizabeth Tunes. São Paulo: Expressão Popular, 2021.), 7 Aulas de L. S. Vigotski sobre Fundamentos da Pedologia (Editora E-papers, 2018Prestes, Z.; Tunes, E. (Org.). 7 aulas de L. S. Vigotski sobre fundamentos da Pedologia. Tradução de Zoia Prestes e Elizabeth Tunes. Rio de Janeiro: E-papers, 2018.), que é a primeira tradução do texto para outro idioma e Imaginação e Criação na Infância (Editora Expressão Popular, 2018)Vigotski, L. S. Imaginação e criação na infância. Tradução de Zoia Prestes e Elizabeth Tunes. São Paulo: Expressão Popular, 2018..

Cadernos de Tradução [CT]: Professora Zoia, como foi seu contato com Vigotski durante sua formação acadêmica na União Soviética?

Zoia Prestes [ZP]: Eu comecei a minha graduação em 1980. O que tínhamos de acesso à obra dele eram trechos de textos em coletâneas, que continham também trechos de obras de vários outros autores. Havia textos do Luria, do Leontiev, do Zaporojets, do Elkonin e vários outros. Eram antologias com trechos de textos. Esse foi o primeiro contato. É muito comum lá organizarem esse tipo de livro. É como se fosse um livro realmente feito para alunos da graduação. Os seis volumes de Obras Reunidas (Vigotski 1982-1984Vigotski, L. S. Sobranie sotchineni. Moskva: Pedagogika, 1982-1984. Tomos I, II, III, IV, V e VI.) começaram a ser publicados na União Soviética em 1982, quando eu estava cursando a graduação. Não saiu em tiragem muito grande para os padrões daquela época na URSS. Eu, por exemplo, não tive acesso a essa tiragem mesmo residindo e estudando lá, então a única forma pela qual tive acesso foram esses trechos de textos compilados.

Um fator que me chamou a atenção já depois que me formei, na minha trajetória lá, é que não se dava esse destaque ao nome dele como o teórico. Ele fazia parte de uma escola da psicologia e da pedagogia soviéticas e figurava juntamente com muitos outros. Nos livros, aos quais tínhamos acesso, havia uma pequena biografia do autor e alguns trechos de seus trabalhos. Vigotski estava no livro, mas não se dava destaque para o nome dele e não nos era apresentado como um autor mais importante. Tanto que, quando cheguei ao Brasil em 1985, me deparei com colegas brasileiros lendo Vigotski como um importante autor. Esse fato me deixou bastante impressionada e intrigada, inclusive, encontrei escolas que tinham no seu letreiro escrito: “Usamos o moderno método de Vigotski”. Foi neste momento que eu indaguei minhas colegas do CIEP1 1 Centro Integral de Educação Pública – escolas básicas criadas no Governo de Leonel Brizola na década de 1980 e idealizadas por Darcy Ribeiro. em que estava estagiando e descobri que, na opinião delas, Vigotski estava chegando para substituir um outro autor que já estava há muito tempo presente na educação brasileira, que era o Jean Piaget. Era como se Vigotski fosse o novo salvador da educação brasileira, uma vez que Piaget não havia dado conta. Mas, não podemos esquecer que o Brasil, em 1985, estava saindo de uma Ditadura Militar e novos ares sopravam... E Vigotski desembarca aqui com maior presença nessa época. Mas o fato de se dar um destaque enorme a Vigotski me deixou bastante ressabiada. E já naquele momento tentei fazer a tradução de alguns daqueles textos resumidos que eu havia estudado na graduação, das antologias que mencionei, pois minhas colegas tinham muita curiosidade. Entretanto, não andou muito e, sinceramente, achei que ninguém iria publicar. Além disso, havia muita insegurança de minha parte em relação ao português, pois, como fui alfabetizada em russo, o português sempre ficou em segundo plano. Pude aprimorar a escrita em português com muita leitura de autores brasileiros, dica, aliás, que recebi do meu pai.

Mais tarde, já nos anos 1990, começaram a ser publicadas obras de Vigotski sem cortes e aí não fazia mais sentido traduzir os trechos das antologias. Em suma, meu contato com L. S. Vigotski na União Soviética durante a minha graduação foi superficial, sem esse destaque que é dado aqui no Brasil. Mas é compreensível, pois ele estava começando a voltar a ser publicado lá, depois de sofrer muita censura.

[CT]: Professora, a senhora mantém ligação com pesquisadores russos, bem como realiza investigação nas universidades russas, qual valor você percebe que a Rússia dá à obra de Vigotski?

[ZP]: Eu costumo comparar muito o tratamento dado a Vigotski na Rússia com o que damos aqui no Brasil a Paulo Freire. Claro que Vigotski não é atacado por pessoas reacionárias como o fazem aqui com Paulo Freire. Não estou falando disso. Estou me referindo ao fato de que, no exterior, Paulo Freire é muito estudado e respeitado. O mesmo ocorre com Vigotski. Os russos ficam muito impressionados com essa presença significativa de estudos fundamentados na teoria histórico-cultural no Brasil, ficam curiosos.

Eu acho que tem um papel muito significativo da família hoje em preservar o nome e a obra de Vigotski disponível e acessível para que se desenvolva pesquisa. Eu trabalho com a teoria, desenvolvo pesquisas, faço tradução da obra, mas oriento também trabalhos acadêmicos que não se baseiam nessa teoria. A teoria pode nos abrir portas para pesquisas em outras áreas, em outros campos e eu acredito que, com a edição e publicação da obra completa que conta com o apoio da Fundação Russa de Psicologia, isso se expanda ainda mais. Nesse Projeto, a participação da família é muito importante, porque foi ela que preservou a obra em arquivos aos quais os organizadores dos volumes têm acesso. Já temos o primeiro volume da Obra Completa (Vigotski 2015Vigotski, L. S. Polnoie Sobranie Sotchineni. Moskva: Lev, 2015. Tomo I.) que foi lançado em 2015 e, brevemente, deve sair o segundo volume. No meu Projeto de Pós-Doutorado examino o estado da arte das publicações da obra de L. S. Vigotski na Rússia. Vale lembrar que a obra completa que está sendo publicada contará com 15 ou 16 volumes, então, vamos envelhecer, morrer e a obra toda ainda não vai ter sido publicada na íntegra, quiçá traduzida. Ao mesmo tempo, observa-se na Rússia hoje a reedição dos tomos da Obra Reunida publicada na década de 1980 (Vigotski 1982-1984Vigotski, L. S. Sobranie sotchineni. Moskva: Pedagogika, 1982-1984. Tomos I, II, III, IV, V e VI.). Há também editoras que conhecem a demanda pelo livro Pensamento e Fala [Michlenie i retch] (Vigotski 1934Vigotski, L. S. Michlenie i retch. Moskva e Leningrad: Gosudarstvennoie Sotsialno-ekonomitcheskoie izdatelstvo, 1934.), de L. S. Vigotski, e o republicam. Por exemplo, eu tinha uma edição de 2001 deste livro, da editora Labirint (Vigotski 2001Vigotski, L. S. Michlenie i retch. Moskva: Labirint, 2001.), que apresenta o texto na íntegra, tal como saiu lá em 1934, sem cortes ou alterações. E, recentemente, saiu outra edição pela editora Natsionalnoie Obrazovanie (Vigotski 2016Vigotski, L. S. Michlenie i retch. Moskva: Izdatelstvo Natsionalnoie Obrazovanie, 2016.). Antes de comprar, eu analiso se é mesmo o texto integral e sem cortes, pois sei exatamente onde foram feitas alterações que estão no tomo II das Obras Reunidas da década de 1980. Aliás, como o meu livro já estava todo rabiscado e marcado, decidi comprar uma outra edição, mas existem muitas variadas publicações deste livro hoje na Rússia.

Então, paralelamente à obra completa, editoras continuam publicando o que já está disponível. Lembrando que muitas ainda são obras com cortes, com alterações, com muitos erros que estavam na publicação da obra da década de 1980, mas continuam a ser publicadas. Hoje, quando se chega numa livraria comercial no centro de Moscou, é possível encontrar livros com obras de Vigotski. Inclusive, tive uma sorte de comprar as primeiras edições de dois livros importantes Pensamento e fala (Vigotski 1934Vigotski, L. S. Michlenie i retch. Moskva e Leningrad: Gosudarstvennoie Sotsialno-ekonomitcheskoie izdatelstvo, 1934.), publicada em 1934, e Psicologia Pedagógica (Vigotski 1926Vigotski, L. S. Pedagoguitcheskaia psirhologuia. Moskva: Izdatelstvo Rabotnik Prosveschenia, 1926.), publicada em 1926. Também comprei no sebo a coletânea Izbrannie psirhologuitcheskie issledovania [Investigações psicológicas escolhidas] (Vigotski 1956Vigotski, L. S. Izbrannie psirhologuitcheskie issledovania. Moskva: Izdatelstvo Akademii Pedagoguitcheskirh Nauk PSFSR, 1956.) que foi um marco na republicação da obra de L. S. Vigotski, em 1956, depois da morte do Stalin, com o início do famoso “degelo”. Esta coletânea contém, na primeira parte, o livro Pensamento e Fala com cortes, e, na segunda parte, denominada Problemi psirhitcheskogo razvitia rebionka [Problemas do desenvolvimento psíquico da criança], estão alguns textos que figuram nos tomos da Obra Reunida da década de 1980.

Quando eu consegui comprar a primeira edição do livro Pensamento e fala, de 1934, fiquei emocionada. Costumo muito ficar de olho nas publicações de editoras, gosto de acompanhar o que está sendo publicado, pois isso mostra que o interesse pelas obras de Vigotski está vivo.

Resumindo, está em curso a publicação da Obras Completas e, paralelamente, diferentes editoras continuam a publicar livros impressos com a obra de Vigotski. Inclusive, há também edição de audiolivros com a obra do pensador especialmente para pessoas cegas. Vale dizer que a obra de Vigotski está presente tanto em livrarias mais comerciais como em livrarias especializadas. Vejo que há hoje um trabalho sério de resgate da obra original, mas, ao mesmo tempo, parece que para mantê-lo presente continuam republicando os textos que, como é sabido, têm problema de cortes, alterações e deturpações. Aliás, isso ocorre aqui no Brasil também.

Ainda, acrescento que é difícil avaliar se Vigotski ainda permanece como mais um entre tantos autores russos, pois estou muito dentro de um grupo que estuda a teoria dele. E as pessoas que estudam a teoria histórico-cultural na Rússia, quando chegam ao Brasil, ficam admiradas com o interesse dos brasileiros pela teoria. Na Rússia, já foram feitas muitas homenagens a Vigotski. Há uma rua em Moscou com o nome dele. Em Gomel, tem uma placa comemorativa tanto numa escola de formação de professores em que ele deu aula, como na casa em que ele residiu. Há algumas iniciativas tímidas de homenagens, e não é fácil avaliar a repercussão de Vigotski na Rússia hoje, mas ele está presente na academia, nas pesquisas, nos estudos, nas livrarias, nos eventos.

[CT]: Professora, atualmente você tem se dedicado à tradução e publicação de textos de Vigotski. Quais critérios você utiliza para priorizar uma obra em detrimento de outra?

[ZP]: Um dos critérios mais importantes para mim hoje no Brasil é o ineditismo. Há muitos textos que ainda não foram traduzidos para o português. Um exemplo é o livro Sete aulas de L. S. Vigotski sobre fundamentos da pedologia (Vigotski 2018Vigotski, L. S. Imaginação e criação na infância. Tradução de Zoia Prestes e Elizabeth Tunes. São Paulo: Expressão Popular, 2018.) que nunca tinha sido traduzido para qualquer outro idioma. Mesmo para o inglês esse livro só foi traduzido e publicado em 2019, um ano depois da edição brasileira. Quando eu li as Sete Aulas fiquei maravilhada e achei que tinha que ser traduzido. Então, iniciei a tradução em 2010. Pela data de sua publicação vê-se que foi um trabalho longo. Então, adoto o critério de ineditismo do texto em língua portuguesa. Mas, também, tenho a preocupação de traduzir textos que foram publicados com adulterações tanto na União Soviética, como no Brasil por diversos motivos que já elenquei em diferentes textos.

Esse é outro critério que adoto: traduzir textos que foram deformados, censurados ou editados tanto pelas mãos dos editores na União Soviética, como pelas de alguns “tradutores”. Como se sabe, alguns textos que foram publicados, tanto na URSS como no Ocidente, contêm muitos cortes ou foram deturpados. Um exemplo é o livro atribuído a L. S. Vigotski intitulado Formação Social da Mente (Vigotski 1999Vigotski, L. S. Formação social da mente. São Paulo: Martins Fontes, 1999.). Neste livro, há um texto intitulado Interação entre aprendizado e desenvolvimento, que é, na realidade, “uma junção” (nas palavras dos organizadores do referido livro) de uma palestra com um artigo de Vigotski. Ou seja, o artigo Problema obutchenia i umsvennogo razvitia v chkolnom vozraste [O problema da instrução e do desenvolvimento mental na idade escolar], escrito entre 1933 e 1934, fundido com o relatório Dinamika umstvennogo razvitia chkolnika v sviazi s obutcheniem [A dinâmica do desenvolvimento mental do escolar no processo de instrução], apresentado por ele na reunião da Cátedra de Defectologia do Instituto de Pedagogia Bubnov, em 23 de dezembro de 1933, deu origem a um texto “Frankenstein” que atribuíram a Vigotski.. Consegui identificar e realizar uma análise em um texto que publiquei como capítulo do livro organizado por dois professores da Universidade Federal de Santa Catarina (Vaz e Momm 2012Vaz, A. F.; Momm, C. M. (Orgs.). Educação infantil e sociedade: questões contemporâneas. Nova Petrópolis: Nova Harmonia, 2012.). Mas, para atender a esse critério sempre tento consultar os familiares de Vigotski, pergunto se o texto é confiável, se posso traduzir daquele texto em russo, para depois iniciar a tradução.

Atualmente, terminamos de traduzir e organizar um livro com textos que foram publicadas na URSS em 1935 e intitulado Umstvennoie razvitie detei v protsesse obutchenia [O desenvolvimento mental de crianças no processo de instrução] (Vigotski 1935Vigotski, L. S. Umstvennoie razvitie detei v protsesse obutchenia. Moskva e Leningrad: Gossudarstvennoie utchebno-pedagoguitcheskoie izdatelstvo, 1935.) e alguns que consideramos importantes, mas forma publicados em revistas acadêmicas. Há escritos sobre a relação instrução e desenvolvimento mental, sobre a relação desenvolvimento e instrução na pré-escola, sobre o multilinguismo na infância, sobre a análise pedológica do processo pedagógico, sobre o desenvolvimento dos conceitos cotidianos e científicos, entre outros. Nesta coletânea que organizamos, incluímos o texto sobre a brincadeira, que já foi traduzido e publicado numa revista da UFRJ (Vigotski 2008Vigotski, L. S. “A brincadeira e o seu papel no desenvolvimento psíquico da criança.”. Tradução de Zoia Prestes. Revista Virtual de Gestão de Iniciativas Sociais, (2008): 23-36.), e alguns outros que foram publicados, com deturpações, em Formação Social da Mente. Nosso objetivo é apresentar ao leitor brasileiro o texto original sem cortes, sem edição, sem adição. Procuramos escolher textos que nos auxiliem em estudos da teoria dele. Daqui em diante, assumimos o compromisso de traduzir os textos que estão na coletânea Problemi defectologuii [Problemas da Defectologia] (Vigotski 1995Vigotski, L. S. Problemi defektologuii. Moskva: Prosveschenie, 1995.) que também são inéditos em português. Já temos alguns textos traduzidos e estamos tomando a decisão de publicar em pequenos volumes, porque o volume reúne 35 textos organizados em ordem cronológica por T. M. Linfanova. Ela reuniu em um só volume textos ou trechos de textos em que Vigotski desenvolve suas ideias sobre a defectologia.

[CT]: Professora Zoia, como você examina as traduções de Vigotski publicadas no Brasil?

[ZP]: Desde 1985, quando voltei ao Brasil, eu acalentei a ideia e o interesse de analisar traduções de obras de Vigotski no Brasil. Já havia percebido que as pessoas se referiam a termos elaborados pelo teórico de uma maneira que considerava equivocada. Por exemplo, via as pessoas falarem Zona de Desenvolvimento Proximal (ZDP) e me perguntava: “Será que é assim que esse termo deve ser traduzido para o português?” Mas, o desejo de realizar essa empreitada ficou adormecido durante muito tempo. E aí, quando eu encontrei a Professora Elizabeth Tunes na Universidade de Brasília, em 2004, resgatei o assunto, começamos a conversar e, em nossa primeira conversa, ela me perguntou se eu achava que traduzir Zona Blijaischego Razvitia como Zona de Desenvolvimento Proximal estava correto... Ou seja, ela me fez a pergunta que já havia me feito... Daí em diante, fomos conversando e discutindo muito sobre isso. Para mim foi um dos encontros mais importantes da minha vida, principalmente, depois de saber que a Beth foi uma das primeiras pessoas a estudar Vigotski no Brasil. Entre os primeiros artigos científicos no Brasil em que Vigotski é citado estão dois publicados no final dos anos 1970 e entre os autores está a Professora Elizabeth Tunes.

Não tem como não repetir que, houve um grande estrago provocado pelo livro Formação Social da Mente (Vigotski 1999Vigotski, L. S. Formação social da mente. São Paulo: Martins Fontes, 1999.), todavia, ele teve um papel histórico, mas o estrago feito por ele tem sido muito difícil de enfrentar. Não sou a primeira a fazer essa crítica. A Professora Elizabeth Tunes e o Professor Newton Duarte já diziam isso anos 1990. Acho que temos muito a fazer no campo da tradução da obra de Vigotski no Brasil, principalmente, na correção e dizer o que é que ele diz verdadeiramente.

De algum tempo para cá, é muito comum o nome de Vigotski figurar em provas de concursos públicos para professores. Sem fazer comentários sobre a grafia de seu sobrenome, o conceito que é mais elencado nessas provas aparece ainda como Zona de Desenvolvimento Proximal, apontando, com isso, para uma compreensão errada do que Vigotski verdadeiramente discute ao abordar o desenvolvimento da criança, mantendo, ainda, um suposto nível “potencial” que não é sequer mencionado pelo autor em nenhuma de suas obras. E isso ocorre mesmo depois de toda uma discussão que desenvolvo em minha tese, ou seja, ignora-se até mesmo a mudança que proponho na tradução desse conceito para Zona de Desenvolvimento Iminente. Essa questão de propor uma ruptura entre a compreensão genuína do conceito e o que foi difundido e banalizado não se dá da noite para o dia, ainda vai perdurar por muito tempo. Já são 10 anos que eu defendi a tese de doutorado (Prestes 2010Prestes, Z. R. Quando não é quase a mesma coisa: análise de traduções de Lev Semionovitch Vigotski no Brasil: repercussões no campo educacional. 2010. Tese (Doutorado em Educação) – Programa de Pós-Graduação em Educação, Faculdade de Educação, Universidade de Brasília, Brasília, 2010.) e, por mais que ela tenha tido certa repercussão, ainda é muito difícil as pessoas aceitarem que Vigotski não fala de aprendizagem. Esse fato deixa ainda muitas pessoas desconcertadas, assim como o fato de não existir o nível “potencial” de desenvolvimento e a zona que não é “proximal”. Muitas vezes, percebo como é difícil as pessoas compreenderem que Vigotski não está falando de aprendizagem, mas de instrução, porque ele está se referindo a uma atividade e não a um processo individual. A preocupação de Vigotski é o desenvolvimento cultural da pessoa que acontece na relação social por meio de domínio dos instrumentos culturais. E um fato interessante é quando Vigotski denomina as funções psíquicas superiores também de culturais. Isso complica mais ainda para as pessoas, porque elas muitas vezes não conseguem entender que cultura, na teoria histórico-cultural, é algo que emerge, que surge, que não está dado previamente, que, na verdade, se desenvolve no processo de formação humana. E isso tem implicações profundas na forma de pensar educação, na forma de pensar comportamento.

Eu considero que algumas traduções fizeram um estrago muito grande para a compreensão da teoria histórico-cultural no Brasil. Têm as traduções com compromissos ideológicos de interferir mesmo, mas têm traduções descompromissadas, realizadas de uma forma descuidada sem nenhuma preocupação de investigar o conceito usado por Vigotski, e acho que temos que continuar difundindo e esclarecendo os erros e as deturpações cometidas. Fico muito impressionada que, mesmo com tudo que temos feito para corrigir equívocos, ainda hoje, alguns tradutores optam, na tradução da palavra “blijaischego”, pela palavra “proximal” e argumentam, afirmando, que é em razão de que foi assim que mais se difundiu no Brasil ao traduzir o conceito Zona Blijaichego Razvitia, ou, dizem também, que “proximal” soa mais familiar para a maioria dos leitores. Para mim esse é um falso argumento, um argumento do comodismo que não leva à reflexão alguma e não corrige o que se propagou durante décadas.

Em se tratando de tradução, temos um problema muito sério, que é a questão do plágio. É muito difícil comprovar que houve plágio, porque basta mudar a estrutura de uma frase ou substituir uma palavra por outra... não tem como comprovar que é plágio, mas que ele existe, é verdade e eu já fui vítima dele. Então, para traduzir é preciso de muito compromisso e se cercar de cuidados, até porque a obra do Vigotski está toda em domínio público, quem quiser pode traduzir e publicar, mas não pode utilizara tradução já realizada, pois ela tem direito autoral.

E quero dizer que vejo com muito bons olhos pessoas hoje se esforçando para traduzir também obras de Vigotski. Há jovens tradutores fazendo traduções diretas do russo e isso só pode receber elogios.

[CT]: Professora, o que você destaca como elementos fundantes do processo de tradução? E como você descreve o processo de tradução?

[ZP]: Primeiramente, considero o processo de tradução bastante solitário, é você ali com o autor e o texto. Mas, o que considero muito importante e acho imprescindível para todo tradutor, ao se disponibilizar a traduzir um autor, é conhecer o contexto, a trajetória do autor, porque conhecendo a trajetória do autor e do contexto de vida dele, é possível escapar de equívocos na tradução, porque estudando sobre ele, vai entender certas expressões, construções textuais, certos conceitos que ele vai citar ou desenvolver. Por exemplo, quando falamos de Defectologia hoje, as pessoas estranham, mas era assim que se falava naquela época. Ou, então, falamos que Vigotski não estava se referindo à aprendizagem e sim à instrução em suas obras e que o termo “aprendizagem” sequer existe no russo. Pode parecer estranho, mas há uma discussão sobre qual palavra, no russo, equivale à aprendizagem...

Então, antes de sentar-se para iniciar qualquer tradução, me cerco de estudos sobre o autor. No momento, por exemplo, estou muito curiosa com a vida de um poeta russo que gosto muito e quero traduzir alguns de seus poemas. Por isso, quando estava em Moscou, procurei por uma biografia dele, encontrei e estou lendo, conhecendo sua trajetória, pois não vou ser irresponsável de simplesmente pegar um poema dele e traduzir sem conhecer um pouco que seja da sua vida. Eu conheço muito bem a trajetória de Vigotski porque para fazer a tradução eu tive que fazer isso, li várias biografias, mas a escrita por Guita, filha de Vigotski, em pareceria com Lifanova (Vigodskaia e Lifanova 1996Vigodskaia, G. L.; Lifanova, T. M. Lev Semionovitch Vigotski: jizn, deiatelnost, chtrirhi k portretu. Moskva: Akademia e Smisl, 1996.) foi a mais importante para mim.

Então, para mim, o bom tradutor tem que mergulhar no contexto do autor, inclusive, tentar pesquisar o desenvolvimento do pensamento, pois sabe-se o quanto o pensamento muda de acordo com o contexto vivenciado... muitas vezes, isso ocorre até mesmo para o autor se proteger, se defender de certos ataques que sofre em função de sua visão de mundo. É preciso estudar para perceber essas questões. Por exemplo, é possível se surpreender com algumas ideias de Vigotski, entretanto, não se pode analisá-las fora do contexto social e político em que vivia, ou sem conhecer e o que estava acontecendo ao seu redor naquele momento. Estudando e conhecendo seu contexto de vida possível compreender motivos que levaram ele afazer certas defesas.

Uma outra questão relevante é o processo da pesquisa em uma tradução, pois é preciso pesquisar muito até chegar numa palavra que mais se aproxima da que está no idioma do qual se traduz. Às vezes, é preciso até mesmo criar palavras para tentar dizer aproximadamente o que o autor quis dizer. Não pode ser um trabalho preguiçoso de simplesmente olhar no dicionário e escrever aquela palavra que o dicionário apresenta, porque, na tradução, o tempo todo estamos lidando com o significado e o sentido. A atividade de pesquisar é intrínseca à tradução, pois pesquisa-se em dicionários de sinônimos, de antônimos, de diferentes idiomas, assim como, coteja-se com outras traduções para idiomas distintos. Mas quero fazer também um destaque importante, em especial, na tradução da obra de L. S. Vigotski: ter uma outra pessoa com quem você possa dialogar, no processo de tradução com quem possa discutir, é privilégio e, no meu caso, ter a Professora Elizabeth Tunes como parceira e companheira nessa empreitada é, sem dúvida, um privilégio sem tamanho. Discutir e fazer escolhas, durante a tradução de obras de Vigotski, tendo ela ao meu lado, é extraordinário.

Quando eu falo que a Zona de Desenvolvimento não é Proximal e sim Iminente, estou fazendo uma escolha e ela não é por acaso e, também, não é apenas uma mudança de palavras, como muitos ainda acham. Conhecer a cultura russa é um privilégio para o meu processo de tradução, pois, às vezes, Vigotski cita um ditado, e a pessoa que não conhece a cultura vai traduzir literalmente e corre o risco de deturpar a reflexão. Todavia, mesmo assim, não estou isenta de possíveis equívocos.

[CT]: Professora Zoia, qual o compromisso ético o tradutor deve assumir? Você percebe esse compromisso no mundo acadêmico?

[ZP]: Considero importante ter tido a oportunidade de conhecer ideias de Vilém Flusser (2005)Flusser, V. Língua e realidade. São Paulo: Anna Blume, 2005. sobre tradução, sobre o cuidado que temos que ter ao estar traduzindo. Ele também me ajudou a chegar à conclusão de que o tradutor tem que ser o suporte da alteridade do autor que traduz. Esse é o compromisso ético do tradutor.

Então, a tarefa do tradutor está no compromisso com o pensamento do autor que está traduzindo, e isso guarda uma íntima relação com o que falei antes: conhecer o contexto cultural, a biografia do autor. Mas, além disso, diria que conhecer as bases filosóficas, metodológicas e políticas de seu pensamento também é imprescindível. E mesmo assim, isso não te protege completamente de possíveis equívocos. Como diz o próprio Vigotski, qualquer tradução é uma deformação, não adianta, é isso. Demorei um tempo para compreender e concordar com isso, mas é impossível não ser. Na tradução, um certo material é transformado em outro material (outra língua) e numa outra estrutura. A estrutura da língua russa é totalmente diferente da língua portuguesa, então o compromisso, ao assumir uma posição ética em relação ao pensamento do autor deve guiar todo o processo de tradução, ser muito responsável por esse pensamento e se aproximar ao máximo possível do que está no original.

Tem um fator, inclusive, que, ao entrevistar alguns tradutores, surgiu: é o aprimoramento cada vez maior do conhecimento que se tem das línguas. Era uma deficiência minha, e com os estudos, realizando traduções, percebo que melhorei muito meu português, sem deixar de aperfeiçoar também o russo. Esse fato impõe o compromisso de você ter que estar lendo o tempo todo para aprimorar tanto a língua de partida quanto a língua de chegada, aprofundar conhecimentos da cultura, da estrutura linguística. Uma frase em russo não vai ser traduzida na mesma estrutura para o português, por isso, fazer revisão da tradução é um exercício de aprendizado diário. Às vezes, paramos durante um longo tempo numa única frase até identificarmos que ela está em português, mas com a estrutura da língua russa, o que a torna incompreensível para quem vai ler no português. Por isso, esse aprimoramento das e nas línguas é fundamental.

Eu me esforço permanentemente para estar lendo literatura em russo e em português, pois é a forma de conhecer cada vez mais a língua. Aprendi isso com meu pai. Ganhei muito fazendo tradução e acompanhando a pessoa que está fazendo a revisão do texto. Não renuncio ao estudo, pois ele me possibilita entender que aquela estrutura no russo se transformará naquela estrutura no português.

[CT]: Professora, quais os conceitos de Vigotski você entende como os mais prejudicados quando foram traduzidos para o português?

[ZP]: Além daquele que já citei (Zona de Desenvolvimento Iminente), acredito que a tradução do conceito retch, que significa fala, mas foi traduzido como linguagem, prejudicou muito a compreensão de ideias de Vigotski a respeito da relação entre pensamento e fala. Em seu livro com esse título Pensamento e fala (Michlenie i retch) (Vigotski 1934Vigotski, L. S. Michlenie i retch. Moskva e Leningrad: Gosudarstvennoie Sotsialno-ekonomitcheskoie izdatelstvo, 1934.), Vigotski está preocupado com o fenômeno estritamente humano que é a fala que carrega a unidade significado/sentido. Considero um erro grave traduzir retch como linguagem, pois linguagem os animais também têm.

Mas tem um conceito que, em russo, é perejivanie e que foi traduzido como experiência em muitas edições. Trata-se de conceito novo? Não. Mas estava completamente ausente do foco de estudos da obra de Vigotski e só recentemente começou a ser estudado, inclusive, na própria Rússia. Esse conceito, que quer dizer vivência, dá conta da análise do desenvolvimento da personalidade da pessoa e é possível entender por que a teoria de Vigotski não pode ser denominada de interacionista. Para ele não existe a pessoa e o ambiente separados e absolutos e um influenciando o outro, ou seja, interagindo um com o outro. Vivência quer dizer unidade, pessoa e meio. E esse conceito, aliás, aparece nas obras de Vigotski que são publicadas a partir de 1984, com a publicação dos volumes das Obras reunidas (Vigotski 1982-1984). E mesmo assim, no Ocidente, não se via uma preocupação com esse conceito (vivência) como um conceito central da teoria histórico-cultural, o foco ficou muito em zona de desenvolvimento, desenvolvimento, aprendizagem, mas vivência, que foi traduzido durante muito tempo como experiência, é aprofundado nas aulas de fundamentos da pedologia, mais especificamente, na quarta aula. Na minha tese de doutorado, eu abordo o conceito vivência muito superficialmente, porque escolhi outros conceitos que, na época, julguei serem mais importantes. Ao longo do trabalho de tradução, faço muitas anotações, pois enquanto traduzimos, anoto questões que surgem e as escolhas fazemos, comparando com outras traduções.

Um outro conceito muito importante que foi traduzido equivocadamente é obschenie que foi (e ainda é) traduzido como comunicação. Escrevi um artigo (Prestes 2018Prestes, Z. “Obschenie e a teoria histórico-cultural.”. Educ. Foco. 23.3, (2018): 851-874.) sobre esse conceito, e, por ora, chegamos à conclusão de que ele deva ser traduzido como relação de convivência. É mais um conceito muito importante no escopo da teoria, que inclusive tem sido foco de muitos estudos na Rússia. O filho de A. N. Leontiev, A. A. Leontiev, escreveu um livro inteiro em que trata apenas desse conceito. Elena Kravtsova, neta de Vigotski e estudiosa da teoria do avô, em um de seus últimos livros Pedagoguika e Psirhologia [Psicologia e Pedagogia] (Kravtsova 2009Kravtsova, E. E. Pedagoguika e Psirhologuia [Pedagogia e Psicologia]. Moskva: Forum, 2009.), dedica um capítulo inteiro à discussão deste conceito, que tem repercussão para a vivência e é muito importante para a educação, sobretudo para a educação de crianças, pois, é na relação de convivência do adulto com a criança, que tem início a apropriação dos instrumentos culturais. Eu destacaria hoje esses conceitos, mas eles não foram muito desenvolvidos por Vigotski, mas ele dá algumas pistas.

[CT]: Por fim, gostaríamos de saber se atualmente você está se dedicando a algum projeto de tradução de Vigotski?

[ZP]: Estou me dedicando em estudar o primeiro volume da Obra Completa (Vigotski 2015Vigotski, L. S. Polnoie Sobranie Sotchineni. Moskva: Lev, 2015. Tomo I.). Às vezes, eu tenho que parar, porque, o professor Vladimir Sobkin, que organizou o primeiro volume e já está organizando o segundo, elabora muitos artigos com o material ao qual teve acesso e me envia. Obviamente, eu tenho que parar para fazer a tradução dos artigos para publicar, porque considero importante. Pena que, às vezes, publicamos e as pessoas não dão muita importância. Por exemplo, publicamos um artigo dele na Revista Fractalda UFF (Sobkin 2017Sobkin, V. S. “Lev Vigotski entre duas revoluções: sobre a questão da autodeterminação política do cientista.”. Tradução de Zoia Prestes, Elizabeth Tunes e Carolina Santos. Fractal: Revista de Psicologia. 29.3, (2017): 291-298.), em que analisa três pequenos artigos de Vigotski escritos em 1917, e não vi muita repercussão, e as análises dele dos artigos de Vigotski são fantásticas, pois se referem à participação do movimento judaico no processo revolucionário da Rússia. Então, eu também tenho esse compromisso com estudiosos russos hoje que me enviam seus artigos para traduzir e publicar aqui.

Eu diria que quero dar prioridade ao Volume 1 das Obras Completas, mas surgem sempre algumas urgências que me desviam desse objetivo. Agora estamos nos dedicando aos textos relacionados à Defectologia que não estão em língua portuguesa. Mas, adoraria traduzir Pensamento e fala ou Psicologia da arte, porque as traduções desses livros no Brasil são de baixíssima qualidade.

Não tinha pretensão e nem noção de que meu trabalho repercutisse tanto. Mas, quando vejo hoje outras pessoas estudiosas da teoria também se esforçando para fazer traduções de obras do Vigotski e de seus alunos e colaboradores, compreendo que foi importante chamar a atenção para a postura ética de um tradutor e sua responsabilidade diante de uma obra, seja ela qual for. Entretanto, também há aqueles que não aceitam e não querem nem saber, viram as costas para o que eu aponto, consideram que minhas críticas não fazem sentido, simplesmente acham que mudar a palavra é preciosismo ou uma questão de preferência, preferem ignorar. São pessoas que, muitas vezes, destacam as traduções feitas e publicadas nos Estados Unidos, mas não acompanham o trabalho que está sendo desenvolvido aqui. Mas há grupos de estudiosos da obra de Vigotski que aceitam minhas opiniões, reconhecem equívocos nas traduções, consideram importante rever certos conceitos e colaboram muito com o meu trabalho. Já ouvi muita coisa a respeito da repercussão do meu trabalho e alguns, inclusive, afirmam que as pessoas usam apenas a tradução que eu faço porque sou filha de Luiz Carlos Prestes, pela história da minha família..., mas não será isso que vai me fazer desistir do trabalho que venho fazendo.

Quero finalizar dizendo que a minha preocupação é com os professores, com os educadores, pois eles estão trabalhando com as crianças, com os jovens e adultos, quero colaborar com o trabalho deles na tarefa de educar crianças, e para educá-las é preciso compreender como se desenvolvem, quero mostrar para eles que a teoria ajuda a pensar a nossa relação com as crianças e o nosso compromisso, na educação, tem que ser com a mudança do comportamento dos professores também.

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    Centro Integral de Educação Pública – escolas básicas criadas no Governo de Leonel Brizola na década de 1980 e idealizadas por Darcy Ribeiro.

Referências

  • Flusser, V. Língua e realidade São Paulo: Anna Blume, 2005.
  • Kravtsova, E. E. Pedagoguika e Psirhologuia [Pedagogia e Psicologia]. Moskva: Forum, 2009.
  • Prestes, Z. “Obschenie e a teoria histórico-cultural.”. Educ. Foco 23.3, (2018): 851-874.
  • Prestes, Z.; Tunes, E. (Org.). 7 aulas de L. S. Vigotski sobre fundamentos da Pedologia Tradução de Zoia Prestes e Elizabeth Tunes. Rio de Janeiro: E-papers, 2018.
  • Prestes, Z.; Tunes, E. Psicologia, educação e desenvolvimento: escritos de L. S. Vigotski. Tradução de Zoia Prestes e Elizabeth Tunes. São Paulo: Expressão Popular, 2021.
  • Prestes, Z. R. Quando não é quase a mesma coisa: análise de traduções de Lev Semionovitch Vigotski no Brasil: repercussões no campo educacional 2010. Tese (Doutorado em Educação) – Programa de Pós-Graduação em Educação, Faculdade de Educação, Universidade de Brasília, Brasília, 2010.
  • Sobkin, V. S. “Lev Vigotski entre duas revoluções: sobre a questão da autodeterminação política do cientista.”. Tradução de Zoia Prestes, Elizabeth Tunes e Carolina Santos. Fractal: Revista de Psicologia 29.3, (2017): 291-298.
  • Vaz, A. F.; Momm, C. M. (Orgs.). Educação infantil e sociedade: questões contemporâneas Nova Petrópolis: Nova Harmonia, 2012.
  • Vigodskaia, G. L.; Lifanova, T. M. Lev Semionovitch Vigotski: jizn, deiatelnost, chtrirhi k portretu Moskva: Akademia e Smisl, 1996.
  • Vigotski, L. S. “A brincadeira e o seu papel no desenvolvimento psíquico da criança.”. Tradução de Zoia Prestes. Revista Virtual de Gestão de Iniciativas Sociais, (2008): 23-36.
  • Vigotski, L. S. Formação social da mente São Paulo: Martins Fontes, 1999.
  • Vigotski, L. S. Imaginação e criação na infância Tradução de Zoia Prestes e Elizabeth Tunes. São Paulo: Expressão Popular, 2018.
  • Vigotski, L. S. Izbrannie psirhologuitcheskie issledovania Moskva: Izdatelstvo Akademii Pedagoguitcheskirh Nauk PSFSR, 1956.
  • Vigotski, L. S. Michlenie i retch Moskva: Izdatelstvo Natsionalnoie Obrazovanie, 2016.
  • Vigotski, L. S. Michlenie i retch Moskva: Labirint, 2001.
  • Vigotski, L. S. Michlenie i retch Moskva e Leningrad: Gosudarstvennoie Sotsialno-ekonomitcheskoie izdatelstvo, 1934.
  • Vigotski, L. S. Pedagoguitcheskaia psirhologuia Moskva: Izdatelstvo Rabotnik Prosveschenia, 1926.
  • Vigotski, L. S. Polnoie Sobranie Sotchineni Moskva: Lev, 2015. Tomo I.
  • Vigotski, L. S. Problemi defektologuii Moskva: Prosveschenie, 1995.
  • Vigotski, L. S. Sobranie sotchineni Moskva: Pedagogika, 1982-1984. Tomos I, II, III, IV, V e VI.
  • Vigotski, L. S. Umstvennoie razvitie detei v protsesse obutchenia Moskva e Leningrad: Gossudarstvennoie utchebno-pedagoguitcheskoie izdatelstvo, 1935.

Datas de Publicação

  • Publicação nesta coleção
    19 Dez 2022
  • Data do Fascículo
    2022

Histórico

  • Recebido
    12 Jan 2022
  • Aceito
    06 Abr 2022
  • Publicado
    Ago 2022
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