Resumo
Em Finnegans Wake (1939), de James Joyce, uma galinha chamada Belinda cisca dejetos numa lixeira e, no meio do lixo, ela encontra uma carta (A letter! A litter). Trata-se de uma carta escrita por Anna Livia Plurabelle, a protagonista de romance, cujo conteúdo pode salvar a reputação de seu marido Humphrey Chimpden Earwicker (HCE). Contudo, essa carta, bicada pela galinha e imunda, está praticamente ilegível. Essa carta simbolizaria o próprio romance e desvendar o seu conteúdo é o objetivo das personagens e, diria, dos leitores. É possível, contudo, “desvendar” apenas uma parte dela, não o todo. Residiria aí também uma reflexão sobre leitura, a leitura de literatura que está sempre em construção ou que é fragmentária. Em Finnegans Wake o tradutor terá que lidar com a essa construção fragmentária e com “fragilidade” da informação estética e, por isso, é necessário que ele tenha domínio da língua de chegada para poder manter essas características na tradução, as quais se alcançaria por intermédio da recriação.
Palavras-chave
Finnegans Wake
; Recriação; James Joyce