RESUMO
Este artigo apresenta e analisa duas modalidades contrastantes de acesso à elite dirigente e de exercício do poder, a partir da comparação das origens sociais e das atuações na academia e na política de Mario Henrique Simonsen e Antonio Delfim Netto. Tal abordagem permite observar uma transição entre um modelo de acesso ao poder calcado na combinação entre origem social privilegiada, trunfos culturais, cosmopolitismo e laços de família; e um modelo no qual a especialização técnica e os laços tecidos no universo profissional ganham destaque. Simonsen e Delfim desempenharam funções análogas na consolidação da ciência econômica no Brasil, sendo centrais na moldagem da pós-graduação em economia e na incorporação de perspectivas matematizadas no ensino e na pesquisa. Em seguida, transitam para o Governo Federal, carregando consigo seus alunos e a capacidade de legitimar tecnicamente suas decisões políticas. O artigo sustenta que, malgrado a homologia profissional, os dois agem em suas escolas e exercem o poder de formas díspares, correlacionáveis às suas origens sociais e vias de acesso à elite dirigente.
elites; economistas; matematização; Antonio Delfim Netto; Mario Henrique Simonsen