RESUMO
Embora pouco debatido na área dos estudos bakhtinianos, um marco da produção teórica do Círculo de Bakhtin foi a crítica de Volóchinov ao freudismo. Refletindo criticamente sobre o posicionamento do autor acerca da psicanálise, este artigo objetiva investigar o pequeno acontecimento social psicanalítico como um gênero do discurso em sua especificidade terapêutica, considerando o entrecruzamento de vozes constitutivo desse evento. Com uma pesquisa bibliográfica, recuperamos os pressupostos de Bakhtin e o Círculo que embasam o construto de gênero do discurso e investigamos o papel do enquadre na terapia psicanalítica freudiana. Conceitos como o de arquitetônica e de heterodiscurso para o Círculo, assim como o de resistência e de transferência para Freud ajudaram a explorar o lugar do setting na terapia. Defendemos que a relação discursiva psicanalítica especifica-se pela possibilidade de fazer da interação discursiva um espaço-tempo aberto ao diálogo inconclusível próprio do encontro terapêutico e da palavra em elaboração.
Palavras-chave:
interação discursiva; gêneros do discurso; heterodiscurso; sessão de psicanálise