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Cavalcante, M. M. et al. (2022). Linguística Textual: conceitos e aplicações. 1ª ed. Pontes Editores.

Cavalcante, M. M.. . (2022). Linguística Textual: conceitos e aplicações . 1ª ed. Pontes Editores.

RESUMO

Apresento neste texto a resenha do livro Linguística Textual: conceitos e aplicações, de Cavalcante et al (2022Cavalcante, M. M., Brito, M., Ciula, A., da Silva, A., Duarte, A., Catelão, E., Silva, F., Lima, I., Matos, J., Fernandes, J., Sá, K., Soares, M., Faria, M., Martins, M., Macedo, P., Oliveira, R., Santos, S., Cortez, S., & Filho, V. (2022). Linguística Textual: conceitos e aplicações. 1ª ed. Pontes Editores.). A obra em questão é apresentada por meio de uma apreciação inicial que contempla seu contexto de produção e a forma como foi estruturada, para atender à exploração conceitual e aplicada de ancoragens contemporâneas da Linguística Textual. Sequencialmente, cada capítulo recebe uma revisão crítica que destaca avanços e atualizações aos estudos do texto presentes em seu conteúdo. Dedico-me nesta resenha a também evidenciar o impacto que a obra tem ao pesquisador de Letras/Linguística e ao professor de língua, que poderão tomar temas e abordagens nela presentes como norteamento ao exercício de seus ofícios.

Palavras-chave:
Linguística Textual; Texto; Protexto

Linguística Textual: conceitos e aplicações, publicada no ano de 2022 pela editora Pontes, é uma obra científica no campo da Linguística do Texto idealizada e produzida pelo Grupo Protexto, o qual conta com as professoras Dr.ªs Mônica Magalhães Cavalcante2 2 Decidi manter essas informações como estão, apesar de termos perdido recentemente e de modo tão inesperado a querida professora Mônica Cavalcante. Essa é uma forma de também homenageá-la, reafirmando o espaço de importância que permanece ocupando como referência aos estudos do texto. (Universidade Federal do Ceará (UFC)) e Mariza Angélica Paiva Brito (Universidade da Integração Internacional da Lusofonia Afro-Brasileira (Unilab)) como suas líder e vice-líder, respectivamente.

Antes de nos atermos à obra, importa destacar que a publicação coincide com a comemoração dos 20 anos do Grupo Protexto, cadastrado no Diretório de Grupos de Pesquisa do Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq) desde 2002. Considerando tal contexto, torna-se necessário e válido recepcionar e debruçar-se sobre essa produção não apenas como uma fonte atualizada dos estudos do texto no âmbito das ciências da linguagem, mas também como um marco temporal de duas décadas de trabalhos que reflete as elaborações e construções de um grupo de pesquisadores acerca do texto e de suas possibilidades de análise e interface.

De plano, é sugestão desta resenha que se faça um percurso inverso, para um entendimento amplo da proposta, a começar pelas referências que embasam essa produção. Nota-se que os membros do Protexto, aos quais é creditada a autoria do livro, não se furtam de beber em diversas fontes para tratar de temas pertinentes ao campo dos estudos textuais. A partir de uma visão interdisciplinar que não ignora a centralidade de seu objeto, o texto, percebemos que se trata de uma produção que não o enclausura em um departamento imiscível dos campos do discurso, da filosofia e do ensino, por exemplo. Fica evidente exatamente um caminho oposto a isso: para lidarem com os desafios contemporâneos do texto e de seus usos, recorrem: a fontes de dentro e fora do cenário da Linguística Textual nacional, aos estudos discursivos, à filosofia da linguagem e ao ensino.

Esse comentário é, também, um alerta e convite a leitores não inscritos nessas áreas, para que apreciem a presente obra como fonte que expande perspectivas acerca do texto e da produtividade de determinados campos do conhecimento quando focalizam esse objeto multifacetado. Tal postura coaduna com o caminho mais atual adotado por linguistas do texto, sobretudo no âmbito brasileiro, conforme afirmado por Elias (2021Elias, V. M., & Capistrano Júnior, R. (2021). O texto na Linguística Textual: entrevista à Vanda Maria Elias. PERcursos Linguísticos, 11(29), 24-31. https://doi.org/10.47456/pl.v11i29.37213.
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, p. 28):

No interior da LT [Linguística Textual], vimos o quanto a concepção de texto foi sendo remodelada e as relações da LT com outras disciplinas foram se intensificando e se diversificando. Numa perspectiva sociocognitiva, como a que nos orienta na atualidade, texto é a concretização de um projeto de dizer, ou seja, uma realização que envolve sujeitos, intencionalidade, conhecimentos e estratégias em um movimento interacional centrado na busca pela coerência e sentidos.

O subtítulo - Conceitos e Aplicações - não é meramente alegórico. Refutando certas rotulações equivocadas de que uma perspectiva aplicada da Linguística do Texto estaria fadada ao aplicacionismo vertical de uma teoria linguística, encontraremos em todos os 8 capítulos um diálogo intenso entre a fortuna teórica e atividades concretas com a linguagem, materializadas em excertos extraídos da mídia em geral e de produções contextualizadas no seio educacional, que não caminham em uma só direção (da teoria à prática), mas que se referenciam, se justificam e se corroboram mutuamente. Apesar de ser inevitável considerar que, em determinado momento, os suportes tecnológicos dos textos trazidos como exemplos venham a ficar datados ou entrem em desuso, dadas a velocidade e a liquidez dos formatos de interação humana na contemporaneidade, é pertinente sua utilização como também forma de documentar os interesses e os objetos típicos da fase de estudos vivenciada pelos autores.

Ainda sobre esse aspecto, cabe destacar que, na proposta em que os exemplos são trazidos em cada capítulo, a obra mostra-se como um norte interessante ao trabalho do professor de língua (sobretudo a materna) na escola básica. Além da exploração teórica de conceitos-chave constantes em documentos curriculares nacionais (como a teoria dos gêneros, a coerência, a argumentação e a intertextualidade, presentes nos Parâmetros Curriculares Nacionais e na Base Nacional Comum Curricular), os exemplos fornecidos e debatidos visam tornar esses objetos palpáveis ao desafio da transposição didática inerente ao trabalho docente.

Além disso, outro ganho perceptível no livro, e que se relaciona ao seu engajamento com um trabalho aplicado da Linguística do Texto, encontra-se em uma seção de atividades constante na etapa conclusiva de cada capítulo. Com o título “Proposta de atividades”, o leitor é presenteado com uma sequência de propostas didáticas, as quais recebem uma descrição, objetivos, questões referentes a um recorte selecionado e relacionado ao tema do capítulo e um comentário que reitera a ligação entre a atividade apresentada, o conteúdo teórico e sua produtividade ao ensino. O leitor, à medida que avança, cria, de certa maneira, a expectativa e a curiosidade acerca de como o conceito apresentado poderá se fazer presente e exequível enquanto objeto de ensino, sobretudo no contexto da educação básica. Com essas considerações em vista, conheçamos os capítulos de Linguística Textual: conceitos e aplicações.

O capítulo 01, intitulado “Texto, Coerência, Contexto e Discurso”, ousa destrinchar conceitos demasiadamente densos no campo dos estudos textual-discursivos. Dentro do projeto do capítulo, percebe-se uma intenção evidente em pensar tais campos já em uma perspectiva de interface. Além disso, cabe destaque a alguns achados pertinentes: 1) agregam diálogos com fontes teóricas diversas em busca da compreensão/definição do objeto texto: o entendimento de texto como unidade de comunicação e sentido, de Adam (2019Adam, J-M. (2019). Textos, tipos e protótipos. Contexto.), a perspectiva técnico-discursiva, de Paveau (2021Paveau, M-A. (2021). Análise do Discurso Digital: dicionário das formas e das práticas. Pontes.), a concepção de interatividade, em Muniz-Lima (2022Muniz-Lima, I. (2022). Modos de integração em contexto digital [Tese de Doutorado]. Universidade Federal do Ceará. https://repositorio.ufc.br/handle/riufc/64516.
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), e o princípio dialógico-responsivo, de Bakhtin (2011Bakhtin, M. (2011). Estética da criação verbal. 2ª ed. Martins Fontes.) são articulados como estratégias para lidar com o aspecto tentacular e reticulado (Koch, 2002Koch, I. (2002). Desvendando os segredos do texto. Cortez.) desse objeto que se encontra em constante reconfiguração; 2) avançam e atualizam a discussão em torno dos sete fatores de textualidade: após listarem novas percepções e formas de concepção de alguns desses fatores na Linguística Textual contemporânea, como a intencionalidade, a aceitabilidade, a situacionalidade etc., indicam uma rota de entendimento acerca do que vem a ser textualidade: “um processo de textualização pelo qual um enunciado [...] se torna texto” (Cavalcante et al., 2022Cavalcante, M. M., Brito, M., Ciula, A., da Silva, A., Duarte, A., Catelão, E., Silva, F., Lima, I., Matos, J., Fernandes, J., Sá, K., Soares, M., Faria, M., Martins, M., Macedo, P., Oliveira, R., Santos, S., Cortez, S., & Filho, V. (2022). Linguística Textual: conceitos e aplicações. 1ª ed. Pontes Editores., p. 24); 3) admitem, a partir de uma interface com os estudos do discurso, que a análise do texto seja recepcionada não só no âmbito da interdiscursividade, mas num circuito comunicativo no qual se presume um contrato social. Essa proposta faz interlocuções produtivas com o trabalho de Charaudeau (2019Charaudeau, P. (2019). Linguagem e discurso: modos de organização. 2ª ed. São Paulo: Contexto.), construindo-se como um convite instigante aos leitores frequentes desse pensador.

O Capítulo 02, “Enunciação e Interação”, por seu turno, firma diálogo com os estudos enunciativos de Benveniste (2006Benveniste, E. (2006). Problemas de Linguística Geral II. Pontes.), de plano, para diferenciar um termo de outro. Na perspectiva do Grupo Protexto, apesar da aproximação, seria inviável tratar de enunciação e interação como similares, uma vez que a interação estaria para a comunicação na linguagem, enquanto a enunciação para as relações entre o ato de enunciar e o modo como o sujeito utiliza as formas da língua para construir seus enunciados (Benveniste, 2006Benveniste, E. (2006). Problemas de Linguística Geral II. Pontes. apud Cavalcante et al., 2022Cavalcante, M. M., Brito, M., Ciula, A., da Silva, A., Duarte, A., Catelão, E., Silva, F., Lima, I., Matos, J., Fernandes, J., Sá, K., Soares, M., Faria, M., Martins, M., Macedo, P., Oliveira, R., Santos, S., Cortez, S., & Filho, V. (2022). Linguística Textual: conceitos e aplicações. 1ª ed. Pontes Editores.). Um destaque merecido neste capítulo encontra-se na proposta, claramente desafiadora, em mostrar ao leitor os espaços ocupados pelas análises textual e enunciativa. Defendem que a análise do texto não deve se furtar do aspecto enunciativo desse objeto, o qual se apresenta na relação entre o ato de dizer (a enunciação) e o dito (o enunciado). Usando de exemplos da vida cotidiana, como é o caso de uma notícia, apresentam um resultado bem-sucedido do quanto os ferramentais da descrição e análise do texto (como a análise do processo referencial, por exemplo) formam-se como ancoragens eficazes para um estudo enunciativo.

Em “Argumentação”, o Capítulo 03, os autores já confrontam o leitor com uma afirmação enfática: todos os textos são argumentativos. Para tanto, fundamentam sua defesa em aspectos inerentes a esse objeto, como a existência de um ponto de vista sobre aquilo que se enuncia, de intencionalidades e tentativas de influenciar alguém via textos, de estratégias, bem como da sequência textual argumentativa, entendida na obra como forma de textualização. Além dos diálogos estabelecidos com a Teoria da Argumentação no Discurso, de Amossy (2018Amossy, R. (2018). A argumentação no discurso. Contexto.), de onde recorrem principalmente para a sustentação de que a argumentação se inscreve nos textos e no interdiscurso, fica evidente a diversidade de temas e contextos trabalhados nas exemplificações de cada elemento conceitual trazido para reflexão. Desde a produção textual escolar a textos dos campos jornalístico, midiático e digital, o leitor é confrontado com diversas inscrições argumentativas que se presentificam sempre que um texto é construído, tornando-se uma fonte produtiva ao trabalho na educação básica, sobretudo no ensino médio, em que se sabe que a demanda por produções dissertativo-argumentativas se intensifica, devido à prova de redação do Exame Nacional do Ensino Médio (Enem).

O capítulo 04, “Gêneros”, é, na perspectiva desta resenha, o mais ousado. Tal avaliação se dá pelo desafio em torno dos usos teóricos dos termos “gêneros textuais” e “gêneros discursivos”, que historicamente são ora imbricados, ora postos em disputa territorial acadêmica, ora epistemologicamente confundidos. É fato que a Linguística do Texto se muniu da fortuna teórica do Círculo de Bakhtin para o desenvolvimento do sua interlocução teórico-analítica com o objeto “gênero”, o que não invalida qualquer frente de estudo, mas, ao contrário, provoca contribuições à pesquisa sobre a linguagem e a seus fenômenos nas interações humanas. Aos autores do capítulo, essa aparente disputa de espaços teóricos não intimida as reflexões empreendidas, uma vez que sustentam uma visão de gêneros apoiada em pressupostos do Círculo de Bakhtin, nos estudos retóricos e em trabalhos inscritos explicitamente na Linguística Textual acerca do tema.

Cabe, também, destacar, o aceno explícito à realidade digital dos gêneros que emergem no mundo contemporâneo. Agregando os estudos de Paveau (2021Paveau, M-A. (2021). Análise do Discurso Digital: dicionário das formas e das práticas. Pontes.) para tal objetivo, o capítulo preocupa-se em catalogar e reconhecer os limites e as interfaces dos gêneros de natureza tecnodiscursiva, transformando-se em fonte atualizada para pesquisadores e interessados no tópico.

O Capítulo 05, “Sequência de textos de incitação à ação”, organiza-se como um guia que visa indicar como um texto se estrutura para realizar atos comunicativos. Percebe-se que a construção desse capítulo está explicitamente inclinada ao trabalho na escola básica, espaço este que ainda repercute uma dinâmica sequencial (por vezes, bastante estrita) quanto ao ensino de textos. Partindo de uma posição franca quanto a essa realidade, os pesquisadores do Protexto produzem explicações das sequências textuais (narrativa, argumentativa, descritiva, explicativa e dialogal), sempre permeadas de exemplos típicos da vida cotidiana e comumente encontrados em compêndios didáticos (notícias, poemas, excertos de redação, postagens da internet etc.). Cabe destacar a defesa contundente por não se admitir a “sequência” injuntiva como pertencente a esse rol. Justificam, pois, com base em Adam (2019Adam, J-M. (2019). Textos, tipos e protótipos. Contexto.), que apenas o fato de incitar o interlocutor a agir não seria característica suficiente para emergir uma sequência injuntiva, já que, grosso modo, todos os textos incitam seus interlocutores a agirem em relação ao tópico de que tratam, visto que estão fomentados por um princípio sociointeracional.

O Capítulo 06, “Referenciação”, marca na obra uma tomada diferente de posição: após dedicarem cinco capítulos a temas basilares da Linguística do Texto, os autores avançam ao plano micro da pesquisa e da análise nessa seara. Para leitores iniciantes na Linguística Textual, essa etapa da obra serve como introdução a uma visão atual de conceitos-chave de que analistas de texto precisam dispor para o desenvolvimento de seus trabalhos. Naturalmente, por questões de espaço e escopo, evidencia-se que o objetivo do capítulo não é realizar um percurso histórico minucioso acerca do que os estudos da referenciação já se ocuparam, mas sim apresentar como se desenvolvem em um quadro contemporâneo, sobretudo por organizarem a explanação conceitual a partir de exemplos do contexto midiático e virtual atuais. Importa destacar, também, que o capítulo não pulveriza o tema, mas apresenta e define, de modo esquemático, processos referenciais caros à Linguística do Texto, como a introdução referencial, a anáfora (direta e indireta), encapsulamentos e a dêixis e seus tipos.

O Capítulo 07, “Organização tópica”, está coerentemente organizado após o capítulo de referenciação, devido à defesa dos autores acerca de que o termo “tópico” equivale ao “tema”, o qual sempre fala de algum referente. Sublinha-se, aqui, a ênfase na não adoção do termo “tópico discursivo”, uma vez que entendem que se trata, na verdade, de um “tópico textual”, pois “concerne a temáticas e subtemáticas construídas em torno das redes referenciais de um texto” (Cavalcante et al., 2022Cavalcante, M. M., Brito, M., Ciula, A., da Silva, A., Duarte, A., Catelão, E., Silva, F., Lima, I., Matos, J., Fernandes, J., Sá, K., Soares, M., Faria, M., Martins, M., Macedo, P., Oliveira, R., Santos, S., Cortez, S., & Filho, V. (2023). Text Linguistics: concepts and applications. 1ª ed. Pontes Editores., p. 331).

É perceptível que o capítulo propõe um diálogo aberto e explícito com o profissional de Letras, uma vez que organiza a exploração conceitual a partir do contexto do ensino de produção do texto, tornando-se uma ferramenta útil ao desenvolvimento da progressão textual, principalmente se considerarmos o peso que essa habilidade possui no âmbito avaliativo de exames diversos, na produção literária e acadêmica, no processo de revisão e na editoração de materiais diversos (parte importante das atribuições do graduado/licenciado em Letras).

Por fim, o Capítulo 08, “Intertextualidades”, arremata a série de temas e conceitos da obra, utilizando, propositalmente, o termo no plural para enfatizar a diversidade de formas com as quais o diálogo entre textos, gêneros e estilos pode ser estabelecido. Além das ideias bakhtinianas evocadas para se tratar da intertextualidade como ponto de partida, é possível encontrar a demarcação do trabalho da Linguística do Texto sobre esse conceito e sua contribuição a uma definição que viabilize uma análise comprovável por evidências. Cabe destacar, também, o esforço esquemático e bem-sucedido para a diferenciação entre intertextualidades estritas e amplas, as quais se desdobram em copresenças (materializadas na citação, na alusão e na paráfrase) e derivações (materializadas na paródia, na transposição e na metatexutalidade), imitações (materializadas no estilo de gênero e do autor) e alusões amplas. Novamente, vislumbra-se com isso um potencial material à formação do professor de língua, o qual encara frequentemente a intertextualidade enquanto objeto de ensino na educação básica. As atividades propostas ao final do capítulo instigam uma perspectiva produtiva e não apassivada frente às formas de intertextualidade, evidenciando que se trata de uma estratégia humana que visa à construção de projetos de dizer dotados de sentido instados pela interação humana.

Em face do breve passeio realizado por Linguística Textual: conceitos e aplicações, fica o entendimento de que se trata de uma obra que atinge, minimamente, dois públicos: estudiosos do texto e professores da educação básica. Aos estudiosos do texto, os quais estão incluídos pesquisadores (iniciantes e experientes) e/ou professores universitários, o livro proporciona um panorama atualizado sobre os desafios da Linguística Textual de hoje, ao mesmo tempo em que ratifica sua relevância ao desafio com a análise e as investigações que tomam o texto como seu objeto primeiro. Por sua vez, aos professores da escola básica, em especial os de língua materna, este livro apresenta, por meio de exemplos diversos, abundantes e acessíveis, como conceitos teóricos se materializam no trabalho com a linguagem, o que se torna um facilitador a uma prática docente cada vez mais concreta e significativa à formação linguística e humana na sociedade contemporânea.

Oportunamente e para concluir, importa registrar que esta obra recebeu uma recentíssima tradução para o inglês, intitulada Text Linguistics: concepts and applications (2023), também pela Editora Pontes, fortalecendo o caminho da internacionalização de resultados obtidos daquilo que podemos chamar de uma ciência brasileira do texto.

Referências

  • Adam, J-M. (2019). Textos, tipos e protótipos. Contexto.
  • Amossy, R. (2018). A argumentação no discurso. Contexto.
  • Bakhtin, M. (2011). Estética da criação verbal. 2ª ed. Martins Fontes.
  • Benveniste, E. (2006). Problemas de Linguística Geral II. Pontes.
  • Cavalcante, M. M., Brito, M., Ciula, A., da Silva, A., Duarte, A., Catelão, E., Silva, F., Lima, I., Matos, J., Fernandes, J., Sá, K., Soares, M., Faria, M., Martins, M., Macedo, P., Oliveira, R., Santos, S., Cortez, S., & Filho, V. (2022). Linguística Textual: conceitos e aplicações. 1ª ed. Pontes Editores.
  • Cavalcante, M. M., Brito, M., Ciula, A., da Silva, A., Duarte, A., Catelão, E., Silva, F., Lima, I., Matos, J., Fernandes, J., Sá, K., Soares, M., Faria, M., Martins, M., Macedo, P., Oliveira, R., Santos, S., Cortez, S., & Filho, V. (2023). Text Linguistics: concepts and applications. 1ª ed. Pontes Editores.
  • Charaudeau, P. (2019). Linguagem e discurso: modos de organização. 2ª ed. São Paulo: Contexto.
  • Elias, V. M., & Capistrano Júnior, R. (2021). O texto na Linguística Textual: entrevista à Vanda Maria Elias. PERcursos Linguísticos, 11(29), 24-31. https://doi.org/10.47456/pl.v11i29.37213
    » https://doi.org/10.47456/pl.v11i29.37213
  • Koch, I. (2002). Desvendando os segredos do texto. Cortez.
  • Muniz-Lima, I. (2022). Modos de integração em contexto digital [Tese de Doutorado]. Universidade Federal do Ceará. https://repositorio.ufc.br/handle/riufc/64516
    » https://repositorio.ufc.br/handle/riufc/64516
  • Paveau, M-A. (2021). Análise do Discurso Digital: dicionário das formas e das práticas. Pontes.
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    Decidi manter essas informações como estão, apesar de termos perdido recentemente e de modo tão inesperado a querida professora Mônica Cavalcante. Essa é uma forma de também homenageá-la, reafirmando o espaço de importância que permanece ocupando como referência aos estudos do texto.

Disponibilidade de dados

  • Todo o conjunto de dados que dá suporte aos resultados deste estudo foi publicado no próprio artigo.

Disponibilidade de dados

Todo o conjunto de dados que dá suporte aos resultados deste estudo foi publicado no próprio artigo.

Datas de Publicação

  • Publicação nesta coleção
    26 Jul 2024
  • Data do Fascículo
    2024

Histórico

  • Recebido
    22 Fev 2024
  • Aceito
    02 Abr 2024
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