RESUMO
Este artigo incide sobre a construção linguística do conhecimento científico, no contexto de ensino-aprendizagem. Tem como objetivos traçar a estrutura organizacional dos textos inseridos em manuais escolares e identificar os recursos lexicais envolvidos na verbalização dos sistemas de classificação. O estudo é enquadrado pela Linguística Sistémico--Funcional (Halliday, 2014Halliday, M. A. K. (2014). Halliday’s introduction to functional grammar (4th ed., Revised by Christian M. I. M. Matthiessen). Routledge. https://doi.org/10.4324/9780203431269
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) e pelos Estudos de Género da Escola de Sydney (Martin & Rose, 2008Martin, J. R., & Rose, D. (2008). Genre relations: Mapping culture. Equinox. ). Metodologicamente, constituiu-se um corpus de 100 textos apresentados em manuais de Ciências Naturais (2.º e 3.º ciclos do Ensino Básico), usados em Portugal. Procedeu-se à identificação das etapas estruturais dos textos, segundo as etapas definidoras do género Relatório Classificativo, e caracterizou-se a etapa Sistema de Classificação, focando os elementos semânticos e sua realização lexicogramatical. Como resultado, verificam-se uma ausência significativa de etapas definidoras, a par da presença da etapa opcional Orientação, e o uso irregular dos elementos semânticos do Sistema de Classificação, cujas realizações lexicogramaticais nem sempre se inscrevem no domínio classificativo. Defende-se a necessidade da tarefa de explicitação aos estudantes das coordenadas contextuais e textuais dos géneros classificativos, para otimizar a compreensão e a produção de textos científicos.
Palavras-chave:
género; manuais escolares; ciências naturais; classificação científica; relatório classificativo