Acessibilidade / Reportar erro

How we write. Writing as creative design

RESENHA/REVIEW

SHARPLESS, M. ( 1999) How we write. Writing as creative design. London and New York : Routledge. Páginas xv + 224.

Resenhado por/by Francisco Gomes de MATOS

(Universidade Federal de Pernambuco)

Na vasta bibliografia em língua inglesa, este livro constitui um marco na história da aprendizagem-ensino-pesquisa da comunicação escrita ou da redação, se preferirmos o termo tradicional, mais frequente no Brasil. Ao contrário do que é típico desta área – os autores são professores de língua materna ou de segunda língua — o criador deste inspirador volume é professor de "Education Technology Research Group, School of Electronic and Eletrical Engineering" na Universidade de Birmingham, Inglaterra. Ainda pouco conhecido entre os especialistas brasileiros que se dedicam à fascinante problemática da produção textual, Sharples tem a seu crédito outros livros importantes: Cognition,Computers and Creative Writing (1985) e, com Thea van der Geest (Eds), The New Writing Environment. Writers at work in a world of technology ( 1996).

HWW tem 3 Partes: Writing in the head ( 3 capítulos), Writing with the page ( 6 capítulos) e Writing in the world ( 3 capítulos ). A diversidade temática pode ser constatada pelos títulos de alguns capítulos : The nature of writing, Constraint and creativity, Writing as design, Writing images, Writing together; Media slip,dynatext,hypermedia and the docuverse. Há ,também, 73 Figuras e 7 Quadros. Dentre aquelas,destacaríamos : The cycle of engagement and reflection in writing, Model of writing as design, My original outline for this book. Um dos Quadros focaliza Motivation and writing; outro, diz respeito a Properties of writing technologies.

Significativamente, o conceito-chave "writer " é objeto de atenção em dois capítulos:

Becoming a writer (mais extenso: 24 pp) e 8. Being a writer( 17 pp.) . A aprendizagem redacional compartilhada ( ing. Collaborative writing) constitui o foco do capítulo 11. No fim do livro,antes do Índice,em lugar das habituais Referências bibliográficas, o pesquisador britânico oferece 11 páginas de Notas sobre os capítulos.Tais subsídios evidenciam,por um lado, um cuidadoso senso documental interdisciplinar e, por outro, um apurado senso crítico. Embora bibliograficamente rica, a obra omite duas fontes indispensáveis para quem pesquisa o escrever: The Literacy Dictionary. The Vocabulary of Reading and Writing ( Newark,Delaware: International Reading Association, 1995) e, de Robert de Beaugrande, New Foundations for a Science of Text and Discourse (1997),este resenhado por nós em D.E.L.T.A., vol. 14, N. 2, 1998, 483-488.

Limitações de espaço impossibilitaram Sharples de fazer justiça a uma área que muito pode contribuir para o desenvolvimento da comunicação escrita: o design documental ( ing. document design). Este resenhador também sentiu falta de comentários sobre um aspecto ainda pouco explorado na literatura redacional: o uso construtivo de uma língua.(cf. nossa Pedagogia da Positividade.Comunicação construtiva em Português. Recife, Editora da UFPE, 1996). A referida lacuna é, entretanto,reconhecida por Sharples, ao afirmar (comunicação pessoal,17/07/99): "Communicative peace is a valuable concept and activity—and one that children should learn as an integral part of becoming a writer" (Paz comunicativa é um conceito-processo útil , que as crianças deveriam aprender, como parte integrante de sua formação como escritores. Tradução nossa).

Para concluir esta breve informação crítica , transcrevemos , no original, algumas das assertivas de Sharples, para dar uma idéia das influências por ele recebidas e de suas percepções e crenças sobre o complexo escrever-redigir:

Escrever

My own view is that writing is a process of design,a skill that is grounded in the way we use our intelligence to create and share things of meaning in the world (Preface,p. xii)

Áreas inspiradoras

The book draws on a variety of sources,including experiments with writers, text linguistics,the psychology of cognitive development,and observations of writing in context (p. 11).

Ser escritor(a)

Being a writer is, above all, having control over how you write and trust in your ability to make progress.(p.128)

Escritor: designer visual

Increasingly, a writer is becoming a visual designer and it no longer makes sense to look at illustration or text design as the preserve of a publisher ( p.150)

Escritores e computadores: duas tendências

The computer may cause the death of writing and of publishing,as people compose by talking,create composite works of voice and image,and publish them piecemeal on the World Wide Web.Or it may enfranchise a new generation of writers, lessening the pain of creativity and encouraging experiment with new forms of composition.More likely it will be a combination of these two trends,towards an orchestra of fragmented and multi-modal ways of writing with the computer conductor ( 203).

Em suma, um livro provocante e ideativamente bem desenhado. Que na próxima edição, acrescente-se o uso da cor, para que os efeitos visuais da obra nos leitores sejam ainda mais atraentes.

Datas de Publicação

  • Publicação nesta coleção
    19 Out 2000
  • Data do Fascículo
    1999
Pontifícia Universidade Católica de São Paulo - PUC-SP PUC-SP - LAEL, Rua Monte Alegre 984, 4B-02, São Paulo, SP 05014-001, Brasil, Tel.: +55 11 3670-8374 - São Paulo - SP - Brazil
E-mail: delta@pucsp.br