Acessibilidade / Reportar erro

A prosodização de palavras derivadas em português brasileiro: Reunindo perspectivas

RESUMO

Neste artigo revisitamos e estendemos o debate sobre o estatuto prosódico de palavras derivadas por afixação em português brasileiro no escopo da Teoria da Otimidade, de modo especial nas propostas de Selkirk (1996Selkirk, E. (1996). The prosodic structure of function words. In J. L. Morgan & K. Demuth (Eds.), Signal to syntax: Prosodic bootstrapping from speech to grammar in early acquisition (pp.187-214). Lawrence Erlbaum. ) e Itô & Mester (2008Itô, J. & Mester, A. (2008, November 13-15). Rhythmic and interface categories in prosody [Conference presentation]. 18th Japanese/Korean Linguistics Conference, New York, United States.), em que se assume que restrições universais violáveis dão conta do mapeamento entre estruturas prosódicas e gramaticais com o custo de eventual desobediência a certos princípios da hierarquia prosódica. Partindo da literatura sobre o tema, reunimos as ideias de nossas análises anteriores (Bisol, 2000Bisol, L. (2000). O clítico e seu status prosódico. Revista de Estudos da Linguagem, 9(1), 5-30. http://dx.doi.org/10.17851/2237-2083.9.1.5-30.
https://doi.org/http://dx.doi.org/10.178...
, 2004Bisol, L. (2004). Mattoso Câmara Jr. e a palavra prosódica. DELTA, 20(spe), 59-70. https://doi.org/10.1590/S0102-44502004000300006.
https://doi.org/https://doi.org/10.1590/...
, 2007Bisol, L. (2007). Palavra fonológica pós-lexical. In E. Guimarães & M. C. Mollica (Eds.), Palavra: Forma e sentido (pp. 13-23). Pontes.; Schwindt, 2001Schwindt, L. C. (2001). O prefixo no português brasileiro: Análise prosódica e lexical. DELTA, 17(2), 175-207. https://doi.org/10.1590/S0102-44502001000200001.
https://doi.org/https://doi.org/10.1590/...
, 2008Schwindt, L. C. (2008). Revisitando o estatuto prosódico e morfológico de palavras prefixadas do PB em uma perspectiva de restrições. Alfa, 52(2), 391-404. https://periodicos.fclar.unesp.br/alfa/article/view/1524.
https://periodicos.fclar.unesp.br/alfa/a...
, 2013Schwindt, L. C. (2013). Palavra fonológica e derivação em português brasileiro: Considerações para a arquitetura da gramática. In L. Bisol; G. Collischonn. (Eds.), Fonologia: Teorias e perspectivas (1st ed., pp. 15-28). EDIPUCRS.) para sustentar que vocábulos afixados da língua estão submetidos a três tipos de prosodização - composição, adjunção e incorporação -, estando prefixos sujeitos aos três, enquanto sufixos somente à incorporação e composição, não à adjunção. Em contraste, clíticos se caracterizam como estruturas a que rotulamos como anexadas. As evidências provêm, sobretudo, do diagnóstico de atribuição do acento, mas também de outros processos do domínio da palavra. Baseados nessa descrição, problematizamos algumas consequências dessa tipologia para a organização da hierarquia prosódica e seus efeitos sobre a transparência morfológica, defendendo um contínuo que vai de estruturas compostas até incorporadas.

Palavras-chave:
palavra prosódica; derivação morfológica; morfofonologia

Pontifícia Universidade Católica de São Paulo - PUC-SP PUC-SP - LAEL, Rua Monte Alegre 984, 4B-02, São Paulo, SP 05014-001, Brasil, Tel.: +55 11 3670-8374 - São Paulo - SP - Brazil
E-mail: delta@pucsp.br