RESUMO.
Déficit de atenção e hiperatividade (TDAH) é uma das mais frequentes condições psiquiátricas da infância.
Objetivo:
O objetivo deste artigo foi identificar, sintetizar os resultados e avaliar criticamente todas as revisões sistemáticas (RS) da Cochrane sobre as intervenções farmacológicas para crianças e adolescentes (até 18 anos de idade) diagnosticados com transtorno do déficit de atenção com hiperatividade.
Métodos:
A pesquisa foi realizada na base de dados Cochrane de Revisões Sistemáticas — CDSR (via Wiley) em julho de 2020.
Resultados:
A estratégia de busca resultou em quatro RS de alta qualidade metodológica, que analisavam 51 ensaios clínicos randomizados (9.013 participantes). Comparado ao placebo, o tratamento com antidepressivos tricíclicos (desipramina), anfetamina e metilfenidato apresentou melhora nos sintomas, como dificuldade de concentração, impulsividade e hiperatividade no curto prazo (até seis meses). Houve aumento na ocorr≖ncia de eventos adversos, como redução do apetite, dificuldade para dormir e dor abdominal. Foram encontradas evid≖ncias insuficientes para apoiar os efeitos da suplementação com ácidos graxos poli-insaturados.
Conclusões:
Com base nos resultados de revisões sistemáticas Cochrane, o uso de antidepressivos tricíclicos, anfetamina e metilfenidato em crianças e adolescentes com TDAH parece apresentar efeitos positivos e taxas mais elevadas de eventos adversos menores quando comparado ao placebo. Dado o alto risco de viés nos estudos primários incluídos nessas RS, ainda são necessários novos ensaios clínicos randomizados com rigor metodológico para apoiar esses achados.
Palavra-chave:
transtorno do déficit de atenção com hiperatividade; revisão sistemática; desipramina; anfetamina; metilfenidato