Resumo
Sintomas psiquiátricos gerais podem interferir com a capacidade do indivíduo cuidar de sua saúde, de envolver-se com outras atividades e desenvolver habilidades sociais, aumentando o risco de morte.
Objetivo:
Avaliar se os sintomas psiquiátricos são preditores de mortalidade em uma coorte de idosos de uma comunidade do sul do Brasil.
Métodos:
345 idosos saudáveis, com idade igual ou superior a 60 anos, da área de abrangência de um hospital universitário de uma cidade do sul do Brasil foram acompanhados desde 1996. Os dados desse estudo representam o período de avaliação de 1996 a 2004. Os sintomas psiquiátricos na avaliação inicial foram medidos através do Self-Reporting Questionnaire (SRQ) e da Escala Montgomery-Asberg para sintomas depressivos (MADRS) e as variáveis independentes foram desempenho cognitivo no Mini Exame do Estado Mental (MEEM). Dados sócio-demográficos, questionário sobre condições sociais e de saúde, e capacidade funcional também foram analizados. O desfecho principal foi mortalidade durante o seguimento, obtida através de familiares e registros de óbito.
Resultados:
Dos 345 idosos "baseline", dados foram obtidos de 246 no seguimento. Taxa de mortalidade global no seguimento foi de 36.9% (N=90). Aqueles que faleceram durante o período de avaliação eram mais idosos (73,5±7,5), mais globalmente dependentes e comprometidos do ponto de vista cognitivo do que os idosos que permaneceram vivos (análises univariadas). Na regressão logística, apenas idade (RC=0,93; p=0,003) e capacidade funcional (RC=0,22; p=0,007) mantiveram significância na equação final.
Conclusões:
Sintomas psiquiátricos não mostraram efeito preditor para mortalidade na presente amostra. Maior idade e incapacitação foram fatores de risco para mortalidade.
Palavras-chave:
sintomas psiquiátricos; sintomas depressivos; mortalidade; coorte de idosos; Brasil.