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O dilema de diagnosticar dificuldades de aprendizagem da matemática em uma população com desempenho geral aquém do esperado

RESUMO.

O desempenho em matemática dos estudantes brasileiros mostra-se consistentemente abaixo da média mundial em estudos internacionais como o PISA.

Objetivo:

No presente artigo, argumenta-se que um baixo desempenho geral na matemática, a exemplo dos estudantes brasileiros, pode interferir no diagnóstico de discalculia do desenvolvimento quando um critério puramente psicométrico é usado para estabelecer um ponto de corte arbitrário (por exemplo, desempenho<percentil 10), o que pode resultar em falsos diagnósticos.

Métodos:

Para tanto, investigou-se o desempenho de 706 estudantes brasileiros do 3º ao 5º ano escolar em operações aritméticas básicas de adição, subtração e multiplicação.

Resultados:

De forma consistente com os resultados do PISA, as crianças apresentaram dificuldades em todas as operações aritméticas investigadas. Mesmo após cinco anos de escolarização formal, menos da metade dos estudantes do 5º ano foi capaz de completar a tarefa envolvendo cálculos simples de adição, subtração ou multiplicação.

Conclusões:

Dessa forma, os resultados reforçam o argumento de que o uso exclusivo de um critério psicométrico pode não ser apropriado para o diagnóstico de discalculia no contexto de uma população com desempenho geral baixo, como no caso crianças brasileiras da presente amostra. Quando a maioria das crianças tem um desempenho aquém do esperado, torna-se difícil distinguir o desenvolvimento numérico atípico do típico. Portanto, outras abordagens diagnósticas, como Resposta à Intervenção, podem ser mais adequadas em tal contexto.

Palavras-chave:
diagnóstico; dificuldades de aprendizagem; discalculia; matemática

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