RESUMO.
As funções cognitivas têm sido alvo de estudos que avaliam o mecanismo patofisiológico do controle da fala.
Objetivo:
Comparar subgrupos de pacientes com e sem alterações de fala quanto à avaliação cognitiva, dados demográficos e clínicos (tempo de evolução da doença, funcionalidade e gravidade dos sintomas motores).
Métodos:
Estudo retrospectivo, de corte transversal. Os pacientes foram avaliados pelo Exame Cognitivo de Addenbrooke III e testes neuropsicológicos. Foram analisados os seguintes subsistemas da fala: articulação, fonação, ressonância e prosódia, por meio de avaliação perceptivo-auditiva (baseada em testes do Protocolo de Avaliação dos Distúrbios Adquiridos de Fala em Indivíduos com Doença de Parkinson — PADAF), sendo observados aspectos da programação e execução da fala. Os pacientes foram distribuídos em três subgrupos (cognição normal, comprometimento cognitivo leve e demência). Após a avaliação da fala, foram divididos em dois subgrupos (com desordens da fala e sem desordens da fala).
Resultados:
Participaram deste estudo 150 pacientes, 104 homens e 46 mulheres, com 63,58 (8,81) anos de idade, 11,03 (4,00) anos de escolaridade e 6,61 (4,69) anos de evolução da doença, e maior proporção de indivíduos no estágio I–II da Escala de Hoehn & Yarh — H&Y (86, ou 57,33%). Foram observadas diferenças estatisticamente significantes entre os subgrupos com e sem alteração da fala. Houve pior desempenho no Trail Making Test (TMT) TMT-Δ e tendência de diferença no TMT-B no subgrupo com desordens da fala, além de pior gravidade dos sintomas motores (H&Y) e queixa cognitiva.
Conclusão:
Os indivíduos com desordens da fala trouxeram queixas cognitivas com maior frequência e prejuízo abaixo do esperado nos testes que avaliam as funções executivas. Estudos futuros, com estratificação por tipo de distúrbio da fala, são necessários para a contribuição e validação destes resultados.
Palavras-chave:
Distúrbios da Fala; Transtornos Neurocognitivos; Testes Neuropsicológicos; Percepção Auditiva; Doença de Parkinson