RESUMO.
O estresse ao longo do envelhecimento não é incomum, e as relações familiares disfuncionais constituem fontes importantes de estresse nos idosos. Considerando-se o potencial estressor que a disfunção familiar representa, questiona-se se a exposição prolongada a arranjos familiares disfuncionais pode contribuir para o declínio cognitivo no envelhecimento.
Objetivo:
Verificar se a disfunção familiar é um fator preditivo de declínio cognitivo no envelhecimento.
Métodos:
Estudo secundário com análise de dados provenientes do estudo longitudinal de base populacional “Saúde, Bem-estar e Envelhecimento” (SABE). Foram analisados dados de 791 idosos de duas coortes do estudo SABE no período entre 2006 e 2015. A disfunção familiar foi avaliada pelo instrumento Apgar familiar, enquanto o desempenho cognitivo foi avaliado pelo Miniexame do Estado Mental (MEEM), fluência verbal (animais) e extensão de dígitos na ordem inversa. O declínio cognitivo foi medido pela diferença dos escores entre 2006 e 2015.
Resultados:
Aproximadamente 10% da amostra apresentou disfunção familiar. O escore Apgar familiar não foi associado ao declínio cognitivo pelo MEEM (p=0,732), fluência verbal (p=0,852) e extensão de dígitos ao longo do tempo (p=0,718). Escores relacionados à cognição e funcionalidade familiar, como idade, escolaridade, morar sozinho, depressão e Apgar de família, não explicam o declínio cognitivo.
Conclusão:
Os achados mostram que a funcionalidade familiar não está associada ao declínio cognitivo de idosos da comunidade. Novos estudos serão necessários para analisar as características qualitativas das relações familiares no desempenho cognitivo de idosos.
Palavras-chave:
Família; Envelhecimento; Disfunção Cognitiva, Enfermagem