RESUMO.
A co-ocorrência de distúrbios comportamentais e comprometimento cognitivo pós-acidente vascular cerebral (AVC) é amplamente descrita na literatura. No entanto, os estudos geralmente não incluem a cognição social entre os domínios cognitivos avaliados.
Objetivo:
Investigar a potencial associação entre o reconhecimento da emoção facial, uma medida da cognição social, e os sintomas comportamentais e cognitivos na fase subaguda do AVC isquêmico.
Métodos:
Pacientes internados em uma Unidade de AVC com AVC isquêmico foram acompanhados até 60 dias, quando foram avaliados com os seguintes instrumentos: Mini-Exame do Estado Mental (MEEM); Bateria de Avaliação Frontal (FAB); Teste de Memória Visual da Bateria Cognitiva Breve (VMT); Fluência Verbal Fonêmica (Teste F-A-S); Span de dígitos; Teste de Reconhecimento de Emoção Facial (FERT) e Escala Hospitalar de Ansiedade e Depressão (HADS). Um grupo controle constituído por 21 indivíduos saudáveis também foi submetido à mesma avaliação.
Resultados:
Dezoito pacientes com AVC isquêmico foram incluídos no presente estudo, apresentando idade, sexo e anos de escolaridade semelhantes aos do grupo controle. Os sintomas de depressão e déficits de memória episódica foram significativamente mais frequentes em pacientes com AVC. O reconhecimento da expressão de tristeza correlacionou-se positivamente com os níveis de ansiedade e depressão, ao passo que o reconhecimento da expressão de medo correlacionou-se negativamente com depressão no grupo de AVC.
Conclusões:
Após um AVC isquêmico, pacientes podem apresentar alterações de cognição social, especificamente de reconhecimento da emoção facial, em associação com sintomas comportamentais.
Palavras-chave:
cognição; disfunção cognitiva; manifestações neurocomportamentais; depressão; acidente vascular cerebral