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Melhoria da memória episódica em adultos analfabetos que frequentam educação tardia, independentemente do baixo nível socioeconômico: considerações do estudo PROAME

RESUMO

A maioria das pessoas com demência vive em países de baixa/média renda, onde recursos essenciais para a saúde cerebral, como educação de qualidade, ainda não são amplamente acessíveis. No Brasil, o analfabetismo ainda é frequente, especialmente em comunidades de baixo nível socioeconômico. O estudo PROAME teve como objetivo explorar a educação básica tardia em pessoas analfabetas como ferramenta para o aumento da reserva cognitiva.

Objetivo:

Investigar a relação entre nível socioeconômico com aprendizado e com desempenho em testes cognitivos, em adultos analfabetos.

Métodos:

Este estudo clínico de seis meses (NCT04473235) contou com 108 participantes inscritos no projeto Educação para Jovens e Adultos (EJA), dos quais 77 completaram os testes. O nível socioeconômico de cada participante foi medido usando-se: o Índice de Qualidade de Vida Urbana, o Índice de Desenvolvimento Humano Municipal e o nível socioeconômico doméstico. Avaliações cognitivas incluíram: o Teste de Recordação Seletiva Livre e Guiada (TRSLG), uma lista de palavras para avaliar leitura e a matriz Beta III.

Resultados:

A amostra era predominantemente feminina, com idade média de 58,5. Os participantes melhoraram a leitura (p=0,01) e o TRSLG (p=0,003). Com relação à memoria episódica, as mulheres tiveram resultados superiores aos dos homens (p=0,007) e participantes mais jovens melhoraram mais que seus colegas mais velhos (p=0,001). Não foi observada nenhuma relação entre o nível socioeconômico e o desempenho cognitivo.

Conclusão:

Independentemente do nível socioeconômico, participantes obtiveram resultados positivos após frequentar a educação básica. Isso sugere que a educação tardia pode ser uma medida preventiva não farmacológica importante, especialmente em países de baixa/média renda.

Palavras-chave:
Fatores Socioeconômicos; Reserva Cognitiva; Memória Episódica; Demência; Alfabetização; Envelhecimento Cognitivo

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