RESUMO
Novas evidências sugerem que o cerebelo apresenta alterações estruturais e funcionais nos transtornos psiquiátricos.
Objetivo:
Medir o volume do cerebelo e de suas sub-regiões em indivíduos portadores de transtornos psiquiátricos e relacionar tais achados aos sintomas.
Métodos:
Foi realizada a identificação de pacientes com diferentes graus de prejuízo cognitivo proveniente de um estudo populacional (Epidemiologia do Idoso - UNIFESP), pacientes com transtorno do estresse pós-traumático proveniente de outro estudo populacional e portadores de transtorno bipolar proveniente de um ambulatório especializado (Universidade Federal da Bahia). Todos os sujeitos foram submetidos à ressonância magnética estrutural de 1.5T. As medidas de volume, assim como os sintomas medidos por escalas psicométricas foram comparadas entre pacientes e controles.
Resultados:
Foi observado que o volume do cerebelo está reduzido nos portadores de prejuízo cognitivo sem demência e com demência, no transtorno do estresse pós-traumático e no transtorno bipolar quando comparados aos controles. Na demência e no transtorno do estresse pós-traumático o volume do hemisfério cerebelar esquerdo e do vérmis estão reduzidos. No transtorno bipolar os volumes de ambos os hemisférios e do vérmis estão reduzidos. Nos dois primeiros estudos estas reduções correlacionaram com os sintomas.
Conclusão:
A natureza exata do envolvimento do cerebelo nos processos mentais ainda não é compreendida. Entretanto, anormalidades na estrutura cerebelar e em suas funções têm sido relatadas em algumas dessas doenças. Pesquisas futuras, com amostras maiores, ainda são necessárias para esclarecer tais achados e investigar se são importantes para o tratamento e prognóstico.
Palavras-chave:
cerebelo; neuroimagem; transtornos mentais; fatores de risco; estudo comparativo