RESUMO.
O envelhecimento normal geralmente traz declínio cognitivo relacionado à idade. No entanto, existe um grupo de idosos com desempenho excepcional de memória: os superidosos.
Objetivo:
Nosso objetivo foi identificar os fatores ambientais que podem influenciar o desempenho excepcional da memória em uma coorte de indivíduos argentinos.
Métodos:
Quarenta voluntários saudáveis com idade >80 anos foram classificados em dois grupos: superidosos (SI, n=20) e idosos normais (IN, n=20), de acordo com os critérios do Programa de Superidosos da Universidade Northwestern. Os participantes foram testados neuropsicologicamente e avaliados nos aspectos ambientais: situação de trabalho, escolaridade, bilinguismo, reserva cognitiva, atividade física e rede social, comorbidades clínicas e longevidade de pais e irmãos.
Resultados:
Ambos os grupos tinham alto nível de escolaridade (IN=16,3±3 anos; SI=15,85±2,6; p=0,6), 11,8% da amostra ainda trabalhava sem diferença entre os grupos. Não houve diferenças no inventário de reserva cognitiva (p=0,7), prática de atividade física (p=0,423) ou índice de rede social (p=0,73). Quanto à longevidade, 44% dos irmãos viviam mais de 80 anos (p=0,432) e a longevidade materna estava associada a SI (IN=46,7%; SI=80%; p=0,045).
Conclusões:
Este estudo é uma aproximação piloto ao super envelhecimento da população na Argentina. Nossos resultados sugerem que os fatores ambientais relacionados ao envelhecimento bem-sucedido não diferenciam os superidosos. Ser superidoso pode depender de variáveis ainda não identificadas, provavelmente de ordem genética/metabólica.
Palavras-chave:
envelhecimento cognitivo; envelhecimento saudável; envelhecimento; neuropsicologia