Resumo
Estudos longitudinais tem mostrado associação entre fatores de risco cardiovascular e demência. Entretanto, estes estudos não são capazes de detectar alterações cardiovasculares assintomáticas e podem, assim, fornecer estimativas de associação errôneas. Estudos de autópsia podem ser mais úteis em elucidar estas questões. O presente estudo clinicopatológico busca examinar a relação entre demência, fatores e doença cardiovascular.
Métodos:
603 sujeitos submetidos à autópsia foram classificados quanto à presença de demência, usando uma classificação cognitiva post-mortem. Dados demográficos, fatores de risco cardiovascular e doença cardiovascular comprovada anatomicamente (hipertrofia miocárdica, aterosclerose cerebral e carotídea) foram comparados entre indivíduos cognitivamente normais e com demência.
Resultados:
Déficit cognitivo esteve associado à idade avançada, acidente vascular cerebral, sedentarismo e baixo índice de massa corpórea (p<0,05). Aterosclerose do polígono de Willis foi maior em pacientes com demência do que em controles na análise univariada (p=0,01). Insuficiência cardíaca e parâmetros anatomopatológicos cardíacos foram mais graves entre o grupo controle que entre os indivíduos dementados (p<0,05). Aterosclerose de artérias carótidas e espessura íntima-média foram similares entre os grupos.
Conclusão:
Idade avançada, acidente vascular cerebral, sedentarismo e baixo índice de massa corpórea estiveram relacionados à demência. Aterosclerose de polígono de Willis esteve associada à demência, somente quando a idade não foi considerada. Nossos resultados sugerem que a aterosclerose de artérias cerebrais não está diretamente relacionada com a expressão clínica de demência.
Palavras-chave:
aterosclerose; polígono de Willis; doença arterial carotídea; cardiomiopatia; demência.