Resumo
A aquisição ao longo da vida de competências cognitivas moldam a biologia do cérebro. No entanto, existem períodos críticos para o cérebro processar melhor as informações adquiridas.
Objetivos: Discutir o período crítico de aquisição cognitiva, o conceito de reserva cognitiva e o modelo HAROLD (Redução da Assimetria Hemisférica em Idosos).
Métodos: Sete mulheres que aprenderam a ler e escrever após a idade de 50 anos (ex-analfabetos) e cinco mulheres com 10 anos de escolaridade regular (controles) foram submetidas a um teste de reconhecimento de palavras enquanto a atividade cerebral estava sendo registrada mediante magnetoencefalografia. As palavras foram ouvidas com o emprego de dois tubos plásticos conectados a cada orelha e as gravações foram feitas com um magnetômetro de cabeça inteira com 148 bobinas de registro.
Resultados: Ambos os grupos tiveram desempenho semelhante na identificação das palavras-alvo. Análise do número de fontes de atividade no hemisfério esquerdo e no hemisfério direito revelou diferenças significativas entre os dois grupos, mostrando que os ex-analfabetos tiveram menor assimetria cerebral funcional no desempenho da tarefa.
Conclusões: Estes resultados devem ser interpretados com cautela, pois os grupos são pequenos. No entanto, reforçam o conceito que os indivíduos com baixa escolaridade tendem a usar o cérebro para processar informações de uma forma diferente do que indivíduos com nível educacional elevado ou que tenham o adquirido na época regular. Finalmente, o recrutamento de ambos os hemisférios para reconhecer as palavras ocorreu mais intensamente no grupo de ex-analfabetos e pode ser interpretado como um sinal de maior dificuldade na tarefa.
Palavras-chave: analfabetismo; magnetoencefalografia; reserva cognitiva; assimetria cerebral; linguagem; modelo HAROLD.