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Clozapina para esquizofrenia ("kraepeliniana") grave

Resumo

A clozapina revolucionou o tratamento da esquizofrenia em virtude de sua comprovada eficácia como antipsicótico dotado de efeitos neuroléticos mínimos. A estabilidade de seu benefício terapêutico de longo-prazo, todavia, ainda é pouco conhecida, uma vez que a maioria dos estudos comprovou sua utilidade por períodos de semanas a meses. Caso os benefícios da clozapina se sustentem por prazos maiores, i.e., por mais de 5 anos, esta informação será relevante para análises de custo-benefício. Objetivo: Relatar a eficácia da clozapina por prazos maiores em estudo aberto. Métodos: Trinta e três pacientes (26 homens) com esquizofrenia grave ("kraepeliniana") foram examinados a intervalos regulares com uma bateria psiquiátrica breve por mais de 5 anos. Resultados: Melhora significativa foi observada entre a avaliação pré-clozapina e a primeira avaliação com clozapina, o que se acompanhou de uma notável conversão da esquizofrenia de "ativa" (constituída, na maioria, do subtipo paranóide) em "residual" em 70% dos pacientes. Oito pacientes se tornaram funcionalmente produtivos a ponto de levarem vidas independentes. Cerca de um terço dos nossos casos não melhoraram. Conclusões: A clozapina é segura e eficaz para pacientes com esquizofrenia grave que não responderam a outros antipsicóticos. Naqueles que responderam, seu benefício máximo se estabelece ao longo do primeiro ano de tratamento e assim permanece pelos anos subseqüentes. Pacientes resistentes a clozapina constituem grande incentivo para a descoberta de novos tratamentos para a esquizofrenia.

Palavras-chave:
clozapina; antipsicótico; neuroléptico; esquizofrenia; kraepeliniana

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