Resumo
Dificuldades de acesso lexical são freqüentes no envelhecimento normal e fases iniciais de demência. Testes de fluência verbal são úteis para detectar declínio cognitivo, evidenciando disfunções léxicosemânticas e executivas.
Objetivos:
Estabelecer quais testes de linguagem podem contribuir para detectar demência e verificar a influência da escolaridade no desempenho dos sujeitos.
Métodos:
74 indivíduos: 33 controles, 17 CDR 0,5 e 24 CDR 1, foram comparados quanto a fluência verbal semântica (animais e frutas), nomeação de figuras (BCB e TNB) e provas de linguagem do MEEM.
Resultados:
Houve diferenças significantes em todas as provas entre controles e os grupos CDR 0,5 e CDR 1. As notas de corte foram: 11 e 10 para animais, 8 (para ambos) para frutas, 8 e 9 para nomeação da BCB. O grupo CDR 0,5 teve desempenho superior ao CDR 1 apenas na fluência de animais. Fluência de frutas, de animais e nomeação da BCB foram as variáveis que melhor discriminaram pacientes e controles (especificidade: 93,8%; sensibilidade: 91,3%). Em controles, a comparação entre analfabetos e alfabetizados evidenciou influência da escolaridade em todas as provas, com exceção da fluência de frutas e nomeação da BCB. Em pacientes com demência só a fluência de frutas não sofreu influência da escolaridade.
Conclusão:
A combinação de testes de fluência verbal em duas categorias semânticas e nomeação de figuras simples é altamente sensível para detectar declínio cognitivo. A comparação entre alfabetizados e analfabetos mostrou menor influência da escolaridade nos testes selecionados, facilitando a discriminação entre baixo desempenho e declínio cognitivo incipiente.
Palavras-chave:
testes de linguagem; transtorno cognitivo; demência; doença de Alzheimer; escolaridade.