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Em busca das bases moral-psicológicas e neuroevolutivas do partidarismo político

RESUMO

Em diversos países, uma divisão política radical leva à estagnação de várias decisões socialmente relevantes. Poderia a neurociência cognitiva, afetiva e social (CAS) contribuir para a compreensão dessas questões? O presente artigo revisa as bases morais psicológicas e neuroevolutivas do partidarismo político. Uma revisão não-sistemática da literatura e uma análise conceitual foram realizadas. Três pontos principais são identificados e discutidos: 1) o comportamento político partidário tem como base emoções morais profundas. Ele é automaticamente processado e insensível à contradição. Os motivos morais que caracterizam o partidarismo político são definidos epigeneticamente através de diferentes culturas; 2) partidarismo político está ligado a traços de personalidade, cujas fundações neurais estão associadas a sentimentos e julgamentos morais; 3) O auto-engano é uma das principais características de partidarismo político, que provavelmente evoluiu como estratégia evolutiva adaptativa para lidar com a dinâmica intragrupo-extragrupo da evolução humana. As evidências da neurociência CAS podem não resolver a divisão política, mas podem contribuir para uma melhor compreensão de seus fundamentos biológicos.

Palavras-chave:
personalidade; partidarismo; política; autoengano

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