Resumo
Embora a dislexia seja uma seqüela comum após lesões cerebrais há poucos estudos sobre a reabilitação deste distúrbio. Modelos de leitura da Neuropsicologia Cognitiva têm sido utilizados para descrever diversas síndromes de dislexia adquirida. A dislexia fonológica é um distúrbio de leitura caracterizado por disfunção do procedimento de conversão grafema-fonema que afeta a capacidade de leitura de palavras de baixa freqüência e de não-palavras. A leitura lexical está preservada e os pacientes podem ler palavras freqüentes (regulares e irregulares).
Objetivo:
Verificar a aplicação do modelo cognitivo na caracterização do distúrbio de leitura de uma paciente com dislexia adquirida e na elaboração e implementação de um programa de reabilitação.
Métodos:
Este estudo apresenta OCS, uma paciente de 57 anos, com dislexia do tipo fonológica adquirida após acidente vascular cerebral isquêmico temporo-parieto-occipital à esquerda. Um programa de reabilitação baseado nos princípios da Neuropsicologia Cognitiva foi elaborado. Não-palavras e palavras de baixa freqüência com tamanhos controlados foram usadas e a paciente era estimulada a ler os estímulos em voz alta em um tratamento realizado em 22 sessões.
Resultados:
A avaliação pós-teste mostrou melhoras quantitativas e qualitativas. Melhoras significativas foram verificadas no total de respostas corretas, incluindo autocorreções (p<0.01) e na leitura de palavras trissílabas e polissílabas de estrutura silábica simples (p=00007 e p=002 respectivamente).
Conclusões:
O uso do modelo cognitivo para propor um programa de reabilitação foi bem sucedido e pudemos observar melhora significativa das habilidades de leitura em um período curto de tratamento. As melhoras atingidas nesse período resultaram em desempenho funcional de leitura.
Palavras-chave:
dislexia adquirida; diagnóstico; reabilitação dos transtornos da fala e da linguagem; afasia.