RESUMO.
A epilepsia, condição neurológica crônica associada a alterações neurobiológicas e psicossociais, afeta de 0,5 a 1% da população mundial. Na maior parte dos casos, há redução de raciocínio, memória e atenção.
Objetivos:
Contribuir para a implementação de estratégias de rastreio de declínio cognitivo e distúrbios na memória nos pacientes com epilepsia.
Métodos:
Estudo transversal observacional de 54 pacientes diagnosticados com epilepsia de diversos tipos (55% refratários) e com idade superior a 18 anos, de ambos os sexos, com autonomia para responder o questionário e em acompanhamento exclusivamente pelo Sistema Único de Saúde (SUS) em um ambulatório especializado em epilepsia, do serviço de neurologia, que faz parte do nível terciário de atenção à saúde. Foram aplicados dois questionários: o MEEM e o MoCA.
Resultados:
Amostra final de 54 pacientes. Encontrou-se uma correlação significativa (p<0,001) entre os escores dos dois testes, o que significa que valores baixos do escore MEEM correspondem a valores baixos do escore MoCA. Sensibilidade de 90% (curva ROC ajustada). Verificou-se que dentre os pacientes considerados normais no MEEM, 87,5% deles obtiveram escore com alterações por meio do teste de rastreio MoCA. Não se obteve nenhum caso de escore no MEEM baixo com pontuação no MoCA normal. O coeficiente de correlação Spearman foi 0,80. Há relação significativa da memória imediata e evocação tardia com o tipo de crise (p<0,03) e escolaridade (p<0,001), respectivamente.
Conclusão:
Torna-se pertinente a adição do teste MoCA para rastreio cognitivo em pacientes com epilepsia por ser um instrumento mais extenso e preciso, minimizando as chances de “falsos-negativos” quando comparado ao MEEM.
Palavras-chave:
epilepsia; cognição; transtornos da memória