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The Brazilian orthodontic storm

"Temos mais ontens ou mais amanhãs?

Mia Couto, biólogo e escritor moçambicano, em "Terra sonâmbula".

Não é de hoje que a Ortodontia brasileira tem sido elogiada além de suas águas, dada a excelência dos resultados clínicos apresentados por nossos conferencistas mundo afora. As intermitentes ondas que fluíam em momentos isolados, hoje quebram alhures: da Pororoca, no Oiapoque, ao Chuí, no Rio Grande; de Maresias, em São Paulo, a Pipeline, no Havaí.

No recente congresso da Associação Americana de Ortodontia (AAO), realizado em Orlando, EUA, os brasileiros saltaram. A aula de Jorge Faber lembrou-nos os áureos tempos da dupla Zachrisson & Kokich. A tempestade brasileira incluía, ainda, Lucia Cevidanes, Antonio Carlos Ruellas, Bernardo Souki, Eustáquio Araújo, Leonardo Koerich, Júlio Gurgel, Ana Claudia Conti, Ildeu Andrade, Gustavo Barreto e Nelson Mucha. Incontestáveis. Tantos outros professores brasileiros, presentes em Orlando, poderiam estar surfando na grade científica do evento sem qualquer risco de serem engolidos por uma onda.

Tudo começou nas nossas praias. A qualidade clínica e nossa invejável capacidade de comunicação alavancaram a participação dos brasileiros em nossos próprios congressos. Se antes se aquilatava a qualidade de um evento no Brasil pela quantidade de palestrantes estrangeiros, hoje as salas de conferencistas nacionais estão tão, ou mais, lotadas do que as dos nossos pares estrangeiros. O último congresso da Associação Brasileira de Ortodontia (ABOR), em Florianópolis, foi exemplo disso.

Em editorial anterior1, divulgamos que a nossa especialidade tem a segunda maior produção científica do mundo, de acordo com a base SCImago. Em consonância a esse fato, o último volume do American Journal of Orthodontics and Dentofacial Orthopedics, AJODO (maio, 2016), ratifica tal missiva, pois, entre os dez artigos originais publicados, a metade é de brasileiros. Dados recentes do periódico The Angle Orthodontist, apresentados pelo editor-associado Carlos Flores-Mir, durante a AAO de 2016, revelam que o Brasil é o país com maior número de submissões a esse importante periódico e o segundo em número de publicações. A ciência ortodôntica se abraça à qualidade da nossa clínica.

Entretanto, a excelência clínica atrelada ao efusivo crescimento científico não nos poupou de críticas: muita produção e pouca citação. Se o Brasil é a segunda maior produção, ainda assim ocupamos a sexta posição em número de citações. Embora essa seja uma questão que incomoda toda a ciência odontológica brasileira, alavancar o impacto da ciência ortodôntica nacional é o próximo cutback a ser desafiado, a manobra radical.

Se a crítica segue mordaz, o otimismo não pode ser visto como simples marola, tampouco desejar que o tempo-amanhã seja adiado. Mas faz-se necessário que as ondas se agigantem e, para isso, o mar do entusiasmo precisa se avolumar... mas já começou. Vejam só.

O fato mais perceptível aos que admiram a Ortodontia-ciência foi o número de citações de pesquisas made in Brazil nesse recente evento anglo-saxão. Nas diversas apresentações, as citações aos trabalhos realizados no Brasil se multiplicaram, conforme constataram in loco os editores do DPJO. O ápice ocorreu na seção dos editores do American Journal (AJODO), The Angle Orthodontist e European Journal of Orthodontics, em que todos os editores fizeram menção à qualidade da nossa produção científica.

Não é mais hora de se aquietar na praia com os olhos postos ao mar. Yes, nós temos bananas, uma tempestade de surfistas radicais e uma Ortodontia dando a volta completa sobre o próprio eixo, à espreita da onda perfeita.

REFERENCES

  • 1
    Normando D. Dental Press Journal of Orthodontics and QUALIS. Dental Press J Orthod. 2015 Sept-Oct;20(5):12-3.

Datas de Publicação

  • Publicação nesta coleção
    May-Jun 2016
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