No artigo procura-se documentar e discutir a relação existente entre atraso tecnológico e uso predatório do trabalho, traçando um paralelo entre o Brasil e os países de industrialização avançada. Na atual fase de aceleração tecnológica, a ampliação do conteúdo inovativo do trabalho é o eixo comum da mudança dos processos de trabalho e constitui importante colaboração à capacidade das firmas de acumularem conhecimento e inovarem. No entanto, no Brasil, uma industrialização marcada pelo baixo grau de capacitação tecnológica contínua associada à predominância de processos de trabalho ainda inspirados em princípios tayloristas, baseados primordialmente no uso de força de trabalho pouco qualificada, mal remunerada e com vínculo de emprego instável. Argumenta-se que esses dois aspectos do atraso brasileiro reforçam-se mutuamente.