A sociedade israelense constitui um exemplo interessante de religião da política, ou seja, um exemplo de como a dimensão política de uma sociedade pode adquirir um aspecto religioso próprio, assumindo um caráter de sacralidade. No início da experiência sionista acentua-se em Israel a religião do trabalho, a construção de um calendário cívico, a formação de uma nova identidade nacional. A partir da metade dos anos 1970, outros fatores prevalecem: a memória da Shoah, a construção de lugares do martírio nacional, o mito da resistência até o último homem. Chama-se a atenção, neste ensaio, para os percursos de uma sociedade civil que sente a necessidade de reescrever os contornos de sua identidade e remodelar a memória pública, pensando em si mesma como comunidade nacional.
Sionismo; Religião civil; Memória coletiva; Shoah; Massada