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A decolonialidade no campo da biblioteconomia: A intersecção com a biblioteca universitária

Decoloniality in the field of library: the intersection with the university library

RESUMO

Objetivo:

objetivo contribuir com aspectos, reflexões e teorias ligadas à decolonialidade no campo da Biblioteconomia, mais precisamente no campo das bibliotecas universitárias, verificando ações decoloniais existentes no que se refere à cultura e às práticas por meio da integração da biblioteca e de seus usuários.

Método:

Utiliza o método qualitativo teórico com ênfase na epistemologia e pesquisa em fontes bibliográficas.

Resultado:

É verificado o contexto das relações decoloniais no cenário acadêmico com abrangência nas áreas de educação, sociais, culturais e de informação. Também é verificado como o profissional bibliotecário, por meio da sua formação, pode trabalhar com aspectos ligados à decolonialidade. Por fim, a questão da diversidade em bibliotecas acadêmicas é vista tanto no aspecto teórico quanto no prático, relacionada às melhores ações de promoção e equidade social.

Conclusões:

Apresenta algumas questões ligadas à decolonialidade em bibliotecas universitárias e a função do profissional bibliotecário como agente social.

PALAVRAS-CHAVE:
Decolonialidade; Biblioteconomia; Biblioteca universitária; Bibliotecário; Diversidade

ABSTRACT

Objective:

aims to contribute with aspects, reflections and theories related to decoloniality in the field of Librarianship, more precisely in the field of university libraries, verifying existing decolonial actions with regard to culture and practices through the integration of the library and its users.

Methods:

It uses the theoretical qualitative method with emphasis on epistemology and research in bibliographic sources.

Results:

The context of decolonial relations in the academic scenario is verified, covering the areas of education, social, cultural and information. It is also verified how the librarian, through their training, can work with aspects related to decoloniality. Finally, the issue of diversity in academic libraries is seen both in the theoretical and practical aspects, related to the best actions of promotion and social equity.

Conclusions:

It presents some issues related to decoloniality in university libraries and the role of the librarian as a social agent.

KEYWORDS:
Decoloniality; Librarianship; University library; Librarian; Diversity

1 INTRODUÇÃO

A decolonialidade sempre foi um assunto importante e de reflexão. Ela faz parte da história de cada pessoa, região e cultura, sendo que para refletir sobre a ‘decolonialidade’ é preciso também refletir sobre a ‘colonialidade’ como uma prática universal e eurocêntrica, uma face bem obscura da modernidade que opera com poder através dos séculos. Segundo Souza e Mignolo (2015SOUZA, Júlio Roberto de Pinto; MIGNOLO, Walter. A modernidade é de fato universal? Reemergência, desocidentalização e opção decolonial. Civitas, Porto Alegre, v. 15, n. 3, p. 381-402, jul.-set. 2015. Disponível em: https://www.scielo.br/j/civitas/a/qqRR8D8df5RKQN9bLmQjFmn/?lang=pt. Acesso em: 23 jun. de 2022.
https://www.scielo.br/j/civitas/a/qqRR8D...
),

Decolonialidade, por sua vez, abrange não apenas os movimentos de transformação das ex-colônias europeias em estados-nações independentes - decolonização -, como também os esforços de desligamento ou desengajamento subjetivo, epistêmico, econômico e político em face do projeto de dominação ocidental, esforços que antecederam tais movimentos de decolonização, ainda que só tenham vindo a ganhar musculatura a partir da Conferência de Bandung em meados da década de 1950 (SOUZA; MIGNOLO, 2015SOUZA, Júlio Roberto de Pinto; MIGNOLO, Walter. A modernidade é de fato universal? Reemergência, desocidentalização e opção decolonial. Civitas, Porto Alegre, v. 15, n. 3, p. 381-402, jul.-set. 2015. Disponível em: https://www.scielo.br/j/civitas/a/qqRR8D8df5RKQN9bLmQjFmn/?lang=pt. Acesso em: 23 jun. de 2022.
https://www.scielo.br/j/civitas/a/qqRR8D...
, p. 384).

Durante anos, as coleções bibliográficas das bibliotecas universitárias foram influenciadas e utilizadas somente por pessoas que tinham o privilégio de frequentar uma universidade e quem sabe, uma biblioteca. Até mesmo, dentro das áreas de literatura e história, a figura do homem branco era abordada como o principal sujeito destacado. Diante disso, as bibliotecas universitárias, nas últimas décadas, se tornaram mais atentas ao preconceito que dificulta o acesso a grupos de pessoas marginalizadas, conforme a afirmação de Nunes e Carvalho (2016NUNES, Martha Suzana Cabral; CARVALHO, Kátia de. As bibliotecas universitárias em perspectiva histórica: a caminho do desenvolvimento durável. Perspectivas em Ciência da Informação, v. 21, n. 1, p.173-193, jan./mar 2016. Disponível em: https://www.scielo.br/j/pci/a/LCcVhWXmMt6ydMmG6Gmmmzw/?lang=pt&format=pdfAcesso em: 07 jul. de 2022.
https://www.scielo.br/j/pci/a/LCcVhWXmMt...
), que ao longo da história das bibliotecas ocorreram evolução e adaptação às mudanças, principalmente relacionadas ao seu papel social.

Dessa forma, ainda para permanecer como agente social e combater tal problema relacionado com a colonialidade, as bibliotecas precisam implementar práticas que vão desde a contratação de pessoas para trabalhar, no desenvolvimento de programas sociais e educacionais sobre o racismo, na valorização da diversidade no ensino superior, na criação ou participação de comitês que traduzam e respondam às necessidades de vários grupos e no oferecimento de uma variedade de serviços através da igualdade e diversidade.

Verificar questões de decolonialidade no contexto das bibliotecas universitárias é uma maneira de compreender como as heranças coloniais ainda estão enraizadas e constituem uma realidade no cotidiano, já que as bibliotecas no Brasil foram criadas no período colonial, de acordo com Nunes e Carvalho (2016NUNES, Martha Suzana Cabral; CARVALHO, Kátia de. As bibliotecas universitárias em perspectiva histórica: a caminho do desenvolvimento durável. Perspectivas em Ciência da Informação, v. 21, n. 1, p.173-193, jan./mar 2016. Disponível em: https://www.scielo.br/j/pci/a/LCcVhWXmMt6ydMmG6Gmmmzw/?lang=pt&format=pdfAcesso em: 07 jul. de 2022.
https://www.scielo.br/j/pci/a/LCcVhWXmMt...
, p. 184), “[...] é com a chegada das ordens religiosas dos jesuítas, franciscanos, carmelitas e beneditinos que se inicia no Brasil o que se pode chamar de processo de instrução”. Verificado também, não apenas, em termos de intervenções econômicas ou políticas, mas em termos de processos de educação, preservação e disseminação do conhecimento.

Muitos movimentos que apoiam questões de feminismo, imigrantes, raça ou LGBTQIA+ fazem com que as bibliotecas universitárias se tornem centros desses movimentos, pois são espaços públicos gratuitos que permitem que cada indivíduo se sinta seguro e inclusivo. Como sinônimo de educação e centros apoiadores do desenvolvimento humano, as bibliotecas disponibilizam inúmeros recursos que vão desde acervo bibliográfico, acesso à internet, impressão de cópias, até programas educativos e de formação profissional, potencializando o desenvolvimento social e cultural.

Como as bibliotecas universitárias são consideradas instituições imparciais e que possuem o papel de local acolhedor aos usuários, independente de raça, religião ou etnia, compete a elas, também, o esforço de proporcionar uma coleção de materiais bibliográficos sem restrição e com espaços amplos para o acolhimento de todos, como aborda Freire (2006FREIRE, Paulo. Pedagogia da autonomia: saberes necessários à prática educativa. 25. ed. São Paulo: Paz e Terra, 2006., p. 14) “[...] é o sonho por um mundo menos feio, em que as desigualdades diminuam, em que as discriminações de raça, de sexo, de classe sejam sinais de vergonha e não de afirmação orgulhosa ou de lamentação puramente cavilosa”.

A sociedade foi criada na multiplicidade, constituindo-se uma sociedade heterogênea, com misturas culturais e étnicas. Contudo hoje em dia, com a entrada de imigrantes e refugiados, não temos somente a presença do colonizador e sim, de pessoas que buscam alguma forma melhor de viver, tornando o país multicultural e multiétnico, com uma riqueza cultural e de saberes indescritíveis.

Fazendo então parte da história e da cultura, a decolonialidade tem seu poder epistemológico no ambiente de educação, envolvendo setores informacionais, como no caso das bibliotecas universitárias. Dessa forma, surge uma questão: e por que não pensar a educação e sua história tendo as bibliotecas atreladas como fontes de conhecimento e informação, já que faz parte também da trajetória histórica?

As bibliotecas são instituições abertas ao público em geral, não estão restritas, e com isso, não podem escolher seus públicos que as frequentam, assim como o acervo bibliográfico que fará parte da biblioteca, principalmente as universitárias, que têm seus acervos multidisciplinares. Também, não é somente as pessoas escolarizadas que podem frequentar as bibliotecas, mas sim pessoas dispostas a buscar informação e suporte. Aspectos relacionados com gênero e raça não podem ser mais vistos como impedimento ou discriminação em ambientes educacionais, é o que afirmam Freitas e Farias Filho,

Não é por acaso que a educação escolar (ou, ao contrário, a sua ausência) fosse critério decisivo para creditar a presença maior ou menor civilidade ou progresso da pessoa e da sociedade como um todo. Se predominantemente as pessoas eram consideradas tomando por base o que não tinham, o que não eram, o que não conseguiam, a ausência de escolaridade despontava como ‘ausência essencial’ indicadora de ‘impossibilidades atávicas’ (FREITAS; FARIAS FILHO, 2017FREITAS, Marcos Cezar de; FARIA FILHO, Luciano Mendes de. Em busca de um tema esquecido: o lugar da educação nas recentes interpretações do Brasil. Araucária. Revista Iberoamericana de Filosofía, Política y Humanidades, v. 19, n. 38. Segundo semestre de 2017. Pp. 345-364. ISSN 1575-6823 e-ISSN 2340-2199. Doi: 10.12795/araucaria.2017.i38.15. Disponível em: https://www.redalyc.org/pdf/282/28253016014.pdf. Acesso em: 22 jun. de 2022.
https://www.redalyc.org/pdf/282/28253016...
, p. 348).

As bibliotecas, como instituições de informação, não podem distinguir as pessoas pelo seu grau de instrução, de gênero ou de raça. Elas são consideradas organismos em movimento que têm como missão disseminar e difundir o acesso à informação a todos. Para Freire (p. 25), “qualquer discriminação é imoral e lutar contra ela é um dever por mais que se reconheça a força dos condicionamentos a enfrentar”, assim sendo, as bibliotecas proporcionam o desenvolvimento da cidadania e a participação social de todos, com respeito à diversidade, às diferenças e auxiliando na transformação social. Por muitos anos, as universidades e bibliotecas foram instituições voltadas somente para a cultura europeia, marginalizando e inferiorizando os índios e negros. Paiva (2010PAIVA, Ana Paula Mathias de. A aventura do livro experimental. São Paulo: EDUSP, 2010.) ainda diz que, antigamente os livros, assim como as bibliotecas, eram considerados suportes de luxo para poucas pessoas, devido ao número reduzido de universidades, valor do livro, analfabetismo, interesse difuso com relação à função formadora do livro fora da religião.

As bibliotecas universitárias, assim como as instituições de ensino, constituem um amplo espaço de promoção cultural e de diversificação, sendo considerada parte dos direitos humanos por meio da promoção da equidade, alteridade, diálogo e reciprocidade se tornando um órgão fundamental da universidade e dos direitos perante as transformações sociais e políticas ocorridas. Sendo assim, o presente ensaio aqui proposto tende a discutir algumas questões ligadas à decolonialidade em bibliotecas universitárias e a função do profissional bibliotecário como agente social.

2 A DECOLONIALIDADE NO ÂMBITO DA BIBLIOTECA UNIVERSITÁRIA E DA PROFISSÃO DE BIBLIOTECÁRIO

A formação de bibliotecário em alguns cursos pode apresentar formação crítica, ética e humanista, mas essas três funções, em alguns casos, não são bem trabalhadas nas aulas e nos currículos do curso de Biblioteconomia.

Muitas vezes, o profissional bibliotecário se forma e vai para o mercado de trabalho sem saber o que seria trabalhar de forma crítica ou ética e, muito menos, humanista. Seria escolher bem o acervo? Seria trabalhar somente com os serviços técnicos da sua profissão? Duarte (2018DUARTE, Yaciara Mendes. A sociedade da desinformação e os desafios do bibliotecário em busca da biblioteconomia social. In: RIBEIRO, Anna Carolina Mendonça Lemos; FERREIRA, Pedro Cavalcanti Gonçalves (orgs.). Bibliotecário do século XXI: pensando o seu papel na contemporaneidade. Brasília: Ipea, 2018. p. 67-81. Disponível em: http://repositorio.ipea.gov.br/bitstream/11058/8298/1/Bibliotec%C3%A1rio%20do%20s%C3%A9culo%20XXI_pensando%20o%20seu%20papel%20na%20contemporaneidade.pdf. Acesso em: 01 jul. de 2022.
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, p. 70), diz que a rápida mudança “da sociedade, no que se refere ao acesso e uso da informação e a outros diversos aspectos, principalmente à esfera social, tem gerado indagações e questionamentos sobre o real propósito desse ofício”.

Com isso, elaborar um plano sobre diversidade contendo as principais metas/medidas e itens de ação com avaliações propostas, pode ajudar muito as bibliotecas universitárias na definição de sua missão e visão sobre diversidade, traçando etapas fundamentais para alcançá-las, mas para que esse plano consiga dar certo, é necessário conhecer a região em que a instituição está inserida. Conforme Duarte (2018DUARTE, Yaciara Mendes. A sociedade da desinformação e os desafios do bibliotecário em busca da biblioteconomia social. In: RIBEIRO, Anna Carolina Mendonça Lemos; FERREIRA, Pedro Cavalcanti Gonçalves (orgs.). Bibliotecário do século XXI: pensando o seu papel na contemporaneidade. Brasília: Ipea, 2018. p. 67-81. Disponível em: http://repositorio.ipea.gov.br/bitstream/11058/8298/1/Bibliotec%C3%A1rio%20do%20s%C3%A9culo%20XXI_pensando%20o%20seu%20papel%20na%20contemporaneidade.pdf. Acesso em: 01 jul. de 2022.
http://repositorio.ipea.gov.br/bitstream...
, p. 69), “além de atender às demandas de um grupo seleto que usa a informação em diferentes contextos, é necessário refletir e agir a respeito daqueles que a informação ainda não atinge”.

Citamos como exemplo a criação de uma coleção de materiais bibliográficos diversificados. O bibliotecário precisa criar um comitê de avaliação da coleção quanto à diversidade e, por meio dessa avaliação, fornecer materiais relevantes, obter informações dos usuários através de pesquisa, implementar critérios de seleção e aquisição de diversidade de livros. Além disso, elaborar uma política de desenvolvimento de coleções contendo diferentes estilos e gêneros.

Por muito tempo a questão racial implicou diretamente na divisão social por meio de trabalhos escravos e forçados, essa divisão do trabalho é verificada como uma questão de colonialidade do “ser, do saber e do poder”, conforme demonstra a Figura 1. Questões essas que podem estar ligadas às bibliotecas universitárias e à formação do bibliotecário.

Figura 1
Algumas dimensões básicas da colonialidade

Podemos perceber, através da representação da figura, que o ‘ser’, por meio do espaço e tempo, pode apresentar o sentido dos conceitos e a qualidade da experiência vivida, constituindo assim o ‘saber’ ou o conhecimento, e que o ‘poder’ por meio da estrutura e da cultura, representa a ordem econômica e política e que essas três concepções podem conceber uma visão de mundo (BERNARDINO-COSTA; MALDONADO-TORRES; GROSFOGUEL, 2018BERNARDINO-COSTA, Joaze; MALDONADO-TORRES, Nelson; GROSFOGUEL, Ramón (comp.). Decolonialidade e pensamento afrodiaspórico. Autêntica Editora, 2018.). Todavia, as ideias sobre os sentidos desses conceitos

[...] e a qualidade da experiência vivida (ser), sobre o que constitui o conhecimento ou pontos de vista válidos (conhecimento) e sobre o que representa a ordem econômica e política (poder) são áreas básicas que ajudam a definir como as coisas são concebidas e aceitas em uma dada visão de mundo. [...] Cada uma dessas principais dimensões do que constitui uma visão de mundo tem ao menos três componentes básicos, e cada um deles inclui referência ao sujeito corporificado: Saber: sujeito, objeto, método. Ser: tempo, espaço, subjetividade. Poder: estrutura, cultura, sujeito (BERNARDINO-COSTA; MALDONADO-TORRES; GROSFOGUEL, 2018BERNARDINO-COSTA, Joaze; MALDONADO-TORRES, Nelson; GROSFOGUEL, Ramón (comp.). Decolonialidade e pensamento afrodiaspórico. Autêntica Editora, 2018., p. 42).

Outrossim, Quijano (2005QUIJANO, Aníbal. Colonialidade do poder, eurocentrismo e América Latina. In: LANDER, E. (Org.). A colonialidade do saber: eurocentrismo e ciências sociais: perspectivas latino-americanas. Buenos Aires: Consejo Latinoamericano de Ciencias Sociales, 2005. Disponível em:http://biblioteca.clacso.edu.ar/clacso/sur-sur/20100624103322/12_Quijano.pdf. Acesso em: 21 jun. de 2022.
http://biblioteca.clacso.edu.ar/clacso/s...
) diz que a colonialidade do ‘saber’ faz parte da perspectiva do conhecimento, da epistemologia que se sobrepõe a todas as outras, com isso, todas as formas de domínio do conhecimento.

Trazendo como exemplo as bibliotecas universitárias, através do saber e do conhecimento, precisam tratar a questão da decolonização realizando ações educativas e de igualdade social, cultural e humana a todos, formando leitores e desenvolvendo projetos e ações igualitárias. Precisamos pensar numa biblioteca universitária mais moderna, onde os marginalizados e os estereotipados não sejam discriminados, nem mesmo em histórias dos livros. Isso tudo envolve analisar como a biblioteca promove ações multidiversificadas e garantir que ela possa ser um espaço para diferentes vozes e visões de mundo em todos os níveis, desde o ensino à pesquisa, das práticas da biblioteca aos processos de tomada de decisão, é o que coloca também Porto-Gonçalves (2005).

A Colonialidade do Saber nos revela, ainda, que, para além do legado de desigualdade e injustiça sociais profundos do colonialismo e do imperialismo, já assinalados pela teoria da dependência e outras, há um legado epistemológico do eurocentrismo que nos impede de compreender o mundo a partir do próprio mundo em que vivemos e das epistemes que lhes são próprias (PORTO-GONÇALVES, 2005PORTO-GONÇALVES, Carlos Walter. Apresentação da edição em português. In: LANDER, Edgardo (org). A colonialidade do saber: eurocentrismo e ciências sociais. Perspectivas latinoamericanas. Buenos Aires, Argentina, 2005. Disponível em: https://edisciplinas.usp.br/pluginfile.php/2591382/mod_resource/content/1/colonialidade_do_saber_eurocentrismo_ciencias_sociais.pdf. Acesso em: 21 jun. de 2022.
https://edisciplinas.usp.br/pluginfile.p...
, p. 3).

Já a colonialidade do ‘poder’, para Quijano (2002QUIJANO, Aníbal. Colonialidade, poder, globalização e democracia. Novos Rumos. v. 17, n. 37, 2002, p. 1-25. Disponível em: http://www.educadores.diaadia.pr.gov.br/arquivos/File/2010/veiculos_de_comunicacao/NOR/NOR0237/NOR0237_02.PDF. Acesso em: 23 jun. de 2022.
http://www.educadores.diaadia.pr.gov.br/...
, p. 1), “é um conceito que dá conta de um dos elementos fundantes do atual padrão de poder, a classificação social básica e universal da população do planeta em torno da ideia de ‘raça’. Misoczky e Böhm (2013MISOCZKY, Maria Ceci; BÖHM, Steffen. Resistindo ao desenvolvimento neocolonial: a luta do povo de Andalgalá contra projetos megamineiros. Cadernos EBAPE. BR, v. 11, n. 2, p. 311-339, 2013.) também avisam que a colonialidade do poder se refere ao controle e ao poder que surgiram na época colonial e são encontrados até hoje. Por meio do poder econômico e político, apresenta a dimensão das heranças coloniais. Ou seja, a colonialidade do poder identifica as ordens hierárquicas raciais, políticas e sociais impostas pelo colonialismo europeu na América Latina que prescreveram valor a certos povos e sociedades enquanto desprivilegiam outro.

Essa questão do poder pode ser interpretada no âmbito da Biblioteconomia, como uma questão relevante aos mecanismos de transformação e dos espaços das bibliotecas que precisam ser democráticos, possibilitando a formação de valores e o respeito às diferenças. Oferecendo uma abordagem estrutural capaz de pensar questões estruturais mais amplas do poder e como elas interagem com o discurso e a prática reforçando a opressão de alguns.

De acordo com Quijano (2007QUIJANO, Aníbal. Coloniality and modernity/rationality. Cultural studies, v. 21, n. 2-3, p. 168-178, 2007.), é preciso nos afastarmos daquilo que causa a modernidade e a colonialidade, e formas de poder que não são derivadas de pessoas livres, pois para o autor essas formas de poder se manifestam como desigualdade, discriminação, exploração e dominação. Para Duarte (2018DUARTE, Yaciara Mendes. A sociedade da desinformação e os desafios do bibliotecário em busca da biblioteconomia social. In: RIBEIRO, Anna Carolina Mendonça Lemos; FERREIRA, Pedro Cavalcanti Gonçalves (orgs.). Bibliotecário do século XXI: pensando o seu papel na contemporaneidade. Brasília: Ipea, 2018. p. 67-81. Disponível em: http://repositorio.ipea.gov.br/bitstream/11058/8298/1/Bibliotec%C3%A1rio%20do%20s%C3%A9culo%20XXI_pensando%20o%20seu%20papel%20na%20contemporaneidade.pdf. Acesso em: 01 jul. de 2022.
http://repositorio.ipea.gov.br/bitstream...
), a emancipação dos indivíduos faz parte do papel da biblioteca, assim ela poderá atuar, com diferentes grupos, de forma política, econômica e social numa sociedade mais justa com amplo acesso à informação. Portanto, adotar abordagens nas bibliotecas universitárias que focalizem ativamente esses aspectos é crucial para o engajamento com a colonialidade do poder, mais especificamente, ter um compromisso com o antirracismo. Envolve considerar que a biblioteca precisa tomar decisões e incluir comunidades racializadas e minoritárias. Quijano (2002, p. 1) ainda coloca que

[...] o fenômeno do poder é caracterizado como um tipo de relação social constituído pela co-presença permanente de três elementos - dominação, exploração e conflito - que afeta as quatro áreas básicas da existência social e que é resultado e expressão da disputa pelo controle delas: 1) o trabalho, seus recursos e seus produtos; 2) o sexo, seus recursos e seus produtos; 3) a autoridade coletiva (ou pública), seus recursos e seus produtos; 4) a subjetividade/ intersubjetividade, seus recursos e seus produtos. (QUIJANO, 2002QUIJANO, Aníbal. Colonialidade, poder, globalização e democracia. Novos Rumos. v. 17, n. 37, 2002, p. 1-25. Disponível em: http://www.educadores.diaadia.pr.gov.br/arquivos/File/2010/veiculos_de_comunicacao/NOR/NOR0237/NOR0237_02.PDF. Acesso em: 23 jun. de 2022.
http://www.educadores.diaadia.pr.gov.br/...
, p. 1)

Por último, a colonialidade do ‘ser’ se destaca pela questão de gênero e a inferiorização das pessoas com efeitos diretos da colonização e da linguagem. Sendo assim, a participação ativa de relações étnico-raciais em bibliotecas universitárias trabalha com a questão do ‘ser’ alinhada com o processo informacional e de formação do cidadão. Precisa realizar também, tendo o bibliotecário como mediador, ações educativas com as pessoas, organizando, disseminado e reproduzido informações de reflexão sobre o processo de discriminação racial, pois, assim como afirma Silva (2020SILVA, Franciéle Carneiro Garcês da. Bibliotecária de editoração de livros científicos com enfoque social. In. SILVA, Fabiano Couto Corrêa da (org.). O perfil das novas competências na atuação bibliotecária. Florianópolis, SC: Rocha Gráfica e Editora, 2020. p. 455-463. Disponível em: http://biblio.eci.ufmg.br/ebooks/2021010003.pdf. Acesso em: 29 jun. de 2022.
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),

A pessoa bibliotecária que entende esses contextos e dimensões de opressão pode se tornar mediadora da informação para a transformação social de povos marginalizados, assim como agente político fundamental na construção de um projeto de sociedade enfocado na equidade e nas perspectivas antirracista, decolonial, antissexista e antiLGBTQIAfóbica de mundo. (SILVA, 2020SILVA, Franciéle Carneiro Garcês da. Bibliotecária de editoração de livros científicos com enfoque social. In. SILVA, Fabiano Couto Corrêa da (org.). O perfil das novas competências na atuação bibliotecária. Florianópolis, SC: Rocha Gráfica e Editora, 2020. p. 455-463. Disponível em: http://biblio.eci.ufmg.br/ebooks/2021010003.pdf. Acesso em: 29 jun. de 2022.
http://biblio.eci.ufmg.br/ebooks/2021010...
, p. 455)

O conceito do ‘ser’ relaciona-se a questões da ontologia humana, como nos vemos e percebemos a nós mesmos. A colonialidade do ser nos permite focar profundamente na dimensão individual e como os sujeitos individuais são retratados.

Muitos profissionais se formam, mas a parte técnica ainda persegue a profissão, e o lado humanista muitas vezes fica esquecido e, por vezes, vem à tona a narrativa histórica para a organização do conhecimento no princípio das teorias da decolonização. Os bibliotecários precisam trabalhar com políticas relacionadas à decolonialidade dos espaços físicos das bibliotecas e de seus acervos, assim como coloca Casal (2020CASAL, Celvio Derbi. Bibliotecas, cultura e ação cultural. In. SILVA, Fabiano Couto Corrêa da (org.). O perfil das novas competências na atuação bibliotecária. Florianópolis, SC: Rocha Gráfica e Editora, 2020. p. 199-224. Disponível em: http://biblio.eci.ufmg.br/ebooks/2021010003.pdf. Acesso em: 29 jun. de 2022.
http://biblio.eci.ufmg.br/ebooks/2021010...
), é preciso um maior envolvimento por parte dos bibliotecários, verificar o que sua comunidade carrega em relação a conflitos e contradições e juntos, produzirem sentidos para que as ações e atividades da biblioteca se integrem na forma de pensar e agir da comunidade.

3 BIBLIOTECAS UNIVERSITÁRIAS: AMBIENTES ABERTOS E AÇÕES E SERVIÇOS CULTURAIS

As bibliotecas universitárias, como ambientes abertos ao público, podem trazer diversos movimentos e ações culturais a fim de romper com os paradigmas coloniais. Elas podem buscar atividades que envolvam a periferia, que muitas vezes não têm acesso à informação ou não sabem nem segurar um livro. Elas são detentoras de recursos culturais para uso de um público diversificado e são consideradas instituições culturais, sendo categorizadas como uma construção social semelhante às escolas e instituições educacionais.

O estímulo para compartilhamento e disseminação de informações e conhecimentos é uma das funções mais importantes das bibliotecas universitárias, consideradas também como grandes repositórios de coleções históricas e culturais importantes, abrigando séculos de educação e informação. Também são defensoras do combate à desinformação e fakenews.

Podemos destacar que as bibliotecas universitárias não servem apenas para fornecer e armazenar informações, suas funções vão muito mais além. Se destacam como centros sociais e comunitários que abrigam qualquer pessoa. Muitas pessoas se reúnem nas bibliotecas para estudar ou fazer trabalhos em grupo, as famílias participam de ações culturais como clube de leitura, os idosos podem participar de eventos.

Abrir a biblioteca para as pessoas que não conseguem acesso é fugir dessa bagagem decolonial que a muito tempo está enraizada na nossa cultura de que somente os mais abastados e os alfabetizados podem frequentar a biblioteca. Os livros são para qualquer pessoa ler, como já diz Paiva (2010PAIVA, Ana Paula Mathias de. A aventura do livro experimental. São Paulo: EDUSP, 2010., p. 83),

O livro tem uma experiência fundamental na cultura. Suporte de discurso universal, que função teria? Em soma, diminuição ou acréscimo dependendo do público: informar, entreter, documentar, registrar, reunir, mediar, autenticar, interpretar, possibilitar, demostrar, ilustrar, repertoriar, oferecer, divertir, intrigar, sugerir, resgatar, viajar, (des)localizar, fazer, refletir. (PAIVA, 2010PAIVA, Ana Paula Mathias de. A aventura do livro experimental. São Paulo: EDUSP, 2010., p. 83)

O profissional bibliotecário precisa saber que trabalhar com a decolonialidade não é apenas abrir as portas das bibliotecas, mas devem ter a consciência da promoção de condições físicas e epistemológicas aos usuários. Profissionais estes com formação mais humanizada, por meio da prática da cidadania com a sociedade e com o ambiente.

As bibliotecas universitárias precisam conhecer os grupos de pessoas que fazem parte da comunidade para promover serviços, produtos e informações ao alcance de todos, também devem promover espaços diversificados, fomentando o respeito e a igualdade.

A versão enraizada colonial que permanece a anos na história da biblioteca, dos livros e da leitura, como ocorreu no século XVIII, precisa de uma grande transformação, já que antigamente somente os mais cultos poderiam e conseguiam ter acesso à leitura, conforme Dessauer (1979DESSAUER, John P. Tudo sobre a publicação de livros: a experiência editorial nos Estados Unidos. São Paulo: Mosaico, 1979. v. 1.), o homem comum no século XVIII tinha a convicção que poderia adquirir erudição através da leitura, já as mulheres começaram a frequentar as escolas e diversas bibliotecas circulantes foram criadas, bem como os fazendeiros e artesão letrados deixaram de ser raridades. Ainda no século XVIII, de acordo com Quijano (2005QUIJANO, Aníbal. Colonialidade do poder, eurocentrismo e América Latina. In: LANDER, E. (Org.). A colonialidade do saber: eurocentrismo e ciências sociais: perspectivas latino-americanas. Buenos Aires: Consejo Latinoamericano de Ciencias Sociales, 2005. Disponível em:http://biblioteca.clacso.edu.ar/clacso/sur-sur/20100624103322/12_Quijano.pdf. Acesso em: 21 jun. de 2022.
http://biblioteca.clacso.edu.ar/clacso/s...
), os mestiços, espanhóis e mulheres índias, na América hispânica, começaram a realizar atividades que eram voltadas somente aos ibéricos não nobres.

Diante de tal perspectiva, é fundamental que sejam permitidas medidas de decolonização tanto na educação quanto nos programas políticos educacionais para a população considerada marginalizada e menos favorecida, alterando a visão colonialista. Em um espaço definido por separações e individualista, a decolonialidade nas bibliotecas universitárias requer não somente um “fazer” ou um “pensar”, mas um “compreender” sobre as características da sociedade, pois somente assim conseguirá trabalhar com ações mais objetivas e voltadas para o social, educacional, político e cultural do coletivo, tais como:

  • a) Serviços diferenciados e que atinjam vários grupos sociais (minorias raciais e étnicas, idade, identidade sexual, habilidade e status socioeconômico): estabelecer conexões com diversos grupos de usuários da biblioteca; buscar parcerias com organizações estudantis; realizar atividades e programas sociais.

  • b) Atender diversas pessoas sem distinção: alunos mais velhos que não sabem usar a tecnologia, com isso as bibliotecas poderão oferecer capacitação a esse público; oferecer horários diferenciados para os usuários que trabalham e não conseguem acessar as bibliotecas por falta de tempo; oferecer atividades para as crianças como a hora do conto, com livros sobre assuntos relacionados à diversidade; criar um espaço familiar dedicado para alunos e professores que usam as instalações da biblioteca com seus filhos menores; para os grupos LGBT as bibliotecas poderão trabalhar com compartilhamento de informações e publicações de fontes de pesquisa relacionadas sobre os tópicos LGBT, garantir também a segurança desse público e ser um espaço acolhedor para todas as identidades de gêneros, possuir no seu acervo livros relacionados à temática LGBT. Os usuários com deficiências também poderão frequentar as bibliotecas universitárias, com isso é preciso fornecer balcões de atendimento, estações de trabalho e móveis de altura variável; certificar-se de que todos os recursos da biblioteca online atendem aos padrões de acessibilidade para pessoas com deficiência visual e ofertar de materiais como audiolivros e vídeos com legendas para pessoas com deficiência auditiva. A biblioteca precisa trabalhar com setores do campus que atendem alunos com deficiência e capacitar funcionários da biblioteca para ajudar usuários com deficiências, fornecer políticas, ambientes físicos, preparação da equipe e tecnologias assistivas para atender todos os usuários.

  • c) Usuários intercambistas: os usuários intercambistas da universidade também fazem parte de um grupo que a biblioteca universitária atende. A biblioteca poderá ajudar com informação para estudantes que possam enfrentar barreiras linguísticas ou dificuldades culturais. A parceria com o setor do campus para estudantes internacionais e/ou um programa de línguas estrangeiras pode ajudar as bibliotecas a se envolverem com esses usuários.

  • d) Clubes de leitura: realizar atividades com clubes de leitura através de uma programação sobre diversidade com temáticas apropriadas para cada mês, por exemplo, mês da consciência negra, mês do orgulho LGBT, mês da diversidade cultural. Também, pode-se trabalhar com obras que destacam a cultura e a diversidade.

As bibliotecas universitárias também poderão contribuir para a descolonialidade por meio de:

  • a) mais informações e acessibilidade de assuntos e recursos em suas coleções bibliográficas;

  • b) mais transparência e inclusão nos processos técnicos;

  • c) capacitação de usuários por meio de uma reflexão sobre uma lente decolonial crítica;

  • d) fornecer informações de pesquisa, listas bibliográficas e apoio nas atividades de decolonização da universidade;

  • e) ampliar o desenvolvimento de coleções quanto ao assunto.

4 CONSIDERAÇÕES FINAIS

Para se pensar em questões decoloniais nas bibliotecas universitárias é preciso entender e produzir um diagnóstico de diversas nuances relacionadas à colonialidade. A partir desse cenário, os profissionais bibliotecários conseguirão também trabalhar com o combate dessas questões, repensando suas atividades e práticas que muitas vezes não são desenvolvidas em sala de aula, mas apresentadas constantemente no ambiente de trabalho.

É necessário reorganizar o pensamento para quais tipos de ações e práticas informacionais que as bibliotecas universitárias estarão voltadas, visando combater o preconceito e a discriminação racial. Essa reorganização não vai depender somente da biblioteca ou do bibliotecário, mas das instituições educacionais ligadas, com novas estratégias e visão decolonial.

À medida que se continua a aprender mais sobre essa abordagem da decolonialidade, continuamos a refletir sobre cada etapa necessária para fazer mudanças continuamente, com isso, a inclusão de políticas e estratégias requer um olhar mais profundo sobre as demandas pela decolonização em bibliotecas universitárias, começando pela análise crítica de seus legados e práticas históricas para apoiar mudanças institucionais e sociais.

Assim, como as bibliotecas evoluíram junto com a comunidade, desenvolvendo novos serviços, produtos, bibliografias, infraestruturas para estabelecer uma variedade de métodos para os usuários acessarem informações, também precisam alinhar a diversidade cultural em cada ação desenvolvida, reavaliando suas práticas e serviços em termos de inclusão e equidade social.

As bibliotecas universitárias precisam ter um planejamento estratégico como base para melhorar os resultados da diversidade. Conforme relatado, as bibliotecas poderão trabalhar com temas sobre a diversidade, por meio das categorias de pessoal, cultura, serviços, eventos, projetos, com isso, elas poderão começar a refletir sobre seus próprios pontos fortes e fracos em relação à diversidade e decolonialidade e, assim, começar a estabelecer um plano de melhoria.

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    Universidade Federal de Santa Catarina. Programa de Pós-graduação em Ciência da Informação. Publicação no Portal de Periódicos UFSC. As ideias expressadas neste artigo são de responsabilidade de seus autores, não representando, necessariamente, a opinião dos editores ou da universidade.

EDITORES

Franciéle Garcês, Natalia Duque Cardona, Edgar Bisset Alvarez, Ana Clara Cândido, Genilson Geraldo.

Datas de Publicação

  • Publicação nesta coleção
    24 Jul 2023
  • Data do Fascículo
    2023

Histórico

  • Recebido
    14 Out 2022
  • Aceito
    15 Fev 2023
  • Publicado
    05 Maio 2023
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