Em que sentido o clichê, a frase feita e repisada, o jargão - que já há algum tempo invadiram o vocabulário pedagógico - podem representar uma estratégia de refamiliarização com um mundo tornado estranho, em que nossos conceitos deixaram de ser adequados, e passaram a indicar um perigo para o pensamento? Partindo de uma imagem de Camus (Sísifo) e passando pelo exame de Arendt sobre o caso Eichmann, em que o clichê é associado a uma derrota do pensamento, o artigo propõe uma tarefa insólita: um retorno a uma consciência ingênua, não como relação beata e desarmada diante do mundo, e sim como produção de um novo dicionário capaz de vivificar, linguisticamente, a atitude admiração diante das coisas.
Linguagem; Derrota do Pensamento; Estranhamento do Mundo; Consciência Ingênua