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POR QUE A AMÉRICA LATINA IMPORTA

WHY LATIN AMERICA MATTERS

POR QUÉ AMÉRICA LATINA ES IMPORTANTE

FERRARI, Garcia Soledad; OFFERDAL, Egil Hans; KANIA, Alicja Marta. (eds.). Why Latin America Matters.A Collection of Essays. Edinburgh-Escócia: Centre for Contemporary Latin American Studies; The University of Edinburgh, 2021. Disponível em: <https://www.coimbra-group.eu/wp-content/uploads/why_latin_america_matters_11-11-21-1.pdf>. Acesso em: 24/09/2022.

No ano de 2021, o grupo de trabalho “América Latina” da Coimbra Group Universities - associação de 41 universidades europeias consideradas as mais antigas e reconhecidas - organizou uma coletânea intitulada Why Latin America matters - A collection of essays. A obra se ocupa de projetos de pesquisa variados na América Latina ou sobre a América Latina - projetos que são de relevância para a Europa ou poderiam ser.

Em oposição à perspectiva tradicional, predominantemente eurocêntrica, que defende conscientemente ou não a superioridade da cultura ocidental e do Norte Global, essa coletânea enfoca temas e matérias onde práticas e experiências da América Latina fornecem orientações ou modelos que podem ser úteis e proveitosos para o mundo, sobretudo em vista dos grandes problemas globais atuais da humanidade: crise climática, destruição da natureza e do meio ambiente, migrações, desigualdades sociais, etc. Nesse sentido, a educação, quando relacionada ao contexto dessas questões, pode ser destacada pela conscientização que proporciona às pessoas, favorecendo a possibilidade de análises críticas e tomadas de decisões planejadas e informadas, com capacidade de entender adversidades complexas e de pensar em soluções sustentáveis.

Assim, os investigadores dessa coletânea visam a América Latina como passível de análise para o desenvolvimento de projetos práticos e conscientes que diminuam ou solucionem as complicações climática, ambiental e humana. O volume de 20 ensaios, escritos em inglês por professores e pesquisadores da América Latina e da Europa, das áreas mais diversas, foi publicado como e-book e lançado em dezembro de 2021. Os organizadores são Soledad Garcia Ferrari (University of Edinburgh/Escócia), Hans Egli Offerdal (University of Bergen/Noruega) e Marta Alicja Kania (Jagiellonian University of Kraków/Polônia).

Os grandes desafios, diante dos quais toda a humanidade está confrontada na atualidade, tornam imperativo repensar esquemas tradicionais de raciocínio e modos de agir, bem como procurar soluções inovadoras - de modo conjunto, colaborativo e participativo. Muitos desses problemas prementes ficaram ainda mais significativos pela pandemia de covid-19. Conforme a opinião dos três organizadores, cabe à América Latina e à Europa um papel importante nesse caminho: “Based on their different experiences and with their common dreams, together Europe and Latin America can make a powerful difference in the world to come” (Ferrari; Offerdal; Kania, 2021 FERRARI, Garcia Soledad; OFFERDAL, Egil Hans; KANIA, Alicja Marta (eds.). Why Latin America Matters. A Collection of Essays. Edinburgh-Escócia: Centre for Contemporary Latin American Studies; The University of Edinburgh, 2021. Disponível em: <Disponível em: https://www.coimbra-group.eu/wp-content/uploads/why_latin_america_matters_11-11-21-1.pdf >. Acesso em: 24/09/2022.
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, p.16).

Os 20 ensaios, dos quais alguns serão apresentados pormenorizadamente nesta resenha, elucidam, ao todo, seis temas centrais. A maioria, a partir da ótica da América Latina, a saber: (1) cultura e identidade; (2) meio ambiente e sustentabilidade; (3) governança e democratização; (4) saúde; (5) migração e direitos humanos e (6) resiliência urbana.

A primeira parte (pp. 30-97), dedicada a questões da “cultura e identidade” e composta por quatro capítulos, ocupa-se de práticas culturais na América Latina, focalizando a questão “[...] how these may help in shaping society, particularly when confronting violence, inequality and environmental risk” (Ferrari; Offerdal; Kania, 2021 FERRARI, Garcia Soledad; OFFERDAL, Egil Hans; KANIA, Alicja Marta (eds.). Why Latin America Matters. A Collection of Essays. Edinburgh-Escócia: Centre for Contemporary Latin American Studies; The University of Edinburgh, 2021. Disponível em: <Disponível em: https://www.coimbra-group.eu/wp-content/uploads/why_latin_america_matters_11-11-21-1.pdf >. Acesso em: 24/09/2022.
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, p.18). Os capítulos tratam sobre artes plásticas e artes marciais, ensino superior e conhecimento formativo em tempos de crises na América Latina. Os autores analisam de forma multidisciplinar, com visões das diferentes áreas do conhecimento, sobre a necessidade de amenizar as crises política e econômica persistentes. Essas crises se agravaram ainda mais na época da pandemia de covid-19, desencadeando problemas à grande parte da população latino-americana, como fome, grandes prejuízos na educação, crescimento da violência e aumento do crime ambiental. Diante desse panorama de crise generalizada, as ciências humanas e sociais, muitas vezes hostilizadas por governos de direita, poderiam contribuir - conforme defendem Prue Holmes, Durham University e John Corbett, da United International College na China - para estabelecer pontes internacionais e diálogos interculturais tão necessários em nossos tempos. Considerando as experiências frequentes na América Latina com violência, crime e desigualdade, os autores enfatizam - numa perspectiva de descolonização - que a contribuição específica de países do Sul Global, especificamente da América Latina, é imprescindível para enfrentar as crises globais atuais.

Os quatro capítulos da segunda divisão (pp. 99-165), intitulada Environment and Sustainability (Meio ambiente e Sustentabilidade), discutem o papel da América Latina nesse contexto. Desenvolvimento econômico, justificado pelo discurso político, e economia sustentável nem sempre precisam ser contrários, mas podem, sim, coexistir de mãos dadas. Essa seção apresenta modelos alternativos existentes na América Latina que recorrem a povos nativos e comunidades locais que vivem em harmonia com a natureza. Entre esses modelos, que podem servir no mundo inteiro como exemplos para um futuro melhor, cita-se: (1) as resilient intercultural economies (economias interculturais resilientes)das comunidades Maias no noroeste do estado Campeche do México que defenderam um equilíbrio entre homens, produção agrícola, consumo e meio ambiente - áreas inseparavelmente interligadas (capítulo 5) - e (2) a plantação de cacau em Mashpi, na região de Chocó no Equador, como modelo de uma produção sustentável de alimentos que poupa os recursos e respeita o meio ambiente em contraste com a produção de massa e as monoculturas embasadas em exploração e lucro absoluto (capítulo 6).

Soluções sustentáveis, sejam sociais, sejam relativas ao meio ambiente, pressupõem uma larga discussão pública envolvendo todos os respectivos atores e grupos implicados nessas questões. Dessa forma, os vários autores do capítulo 7 exemplificam como a região andina poderia ser explorada de modo sustentável se as diversidades e os interesses diferentes fossem respeitados, e se um diálogo entre política, ciência e sociedade fosse estabelecido. No caso do Amazonas, ecossistema dos superlativos, os autores do oitavo capítulo salientam a sua importância central para superar a crise climática, estabelecer um equilíbrio ecológico e garantir, a longo prazo, o abastecimento global de alimentos por meio de uma gerência sustentável dos recursos. Os ensaios dessa seção indicam, portanto, vias de análise sobre os problemas globais que podem ser enfrentados somente por meio da cooperação, colaboração, intercâmbio e união de todos os grupos envolvidos, direcionados para o mesmo objetivo: um futuro melhor em consonância entre homem e planeta.

Os três ensaios da terceira parte (pp. 167-219), intitulada “Governança e Democratização”, respaldam-se na democratização como plano para a melhora da sociedade futura. Os respectivos autores discutem novas formas de ação em relação a grupos sociais mais pobres e marginais da América Latina. Com a rica fauna, flora e biodiversidade ambiental, desde que bem amparada pelo Estado e sociedade civil - interligados com os objetivos de sustentabilidade, inclusão social e bem comum -, a América Latina pode ser um modelo de desenvolvimento para a Europa. Os povos latino-americanos - indígenas que historicamente viveram da e na natureza - podem ser projetos de estudos científicos que ensinarão a sociedade do presente a relacionar passado, presente e futuro para dar continuidade à convivência do homem com a natureza sem crime ambiental ou prejuízos sociais. A prática da “consulta prévia” que prescreve, a partir de uma convenção internacional, que povos indígenas devem ser incluídos previamente em todas as decisões que a eles se referem, poderia ser útil, conforme sugere Marta Alicja Kania, para outras áreas de política no mundo inteiro. Em geral, as sociedades civis atentas à América Latina, que participam ativamente das discussões públicas, podem servir, também, segundo Francesco Davide Ragno, da Università di Bologna/Itália, como modelos possíveis de democracias participativas e inclusivas.

Os dois capítulos da quarta parte (pp. 221-253), dedicada ao tema da saúde, ocupam-se com questões da infância. Sebastián J. Lipina, da Unidad de Neurobiología Aplicada (UNA, CEMIC-CONICET) em Buenos Aires/Argentina, apresenta o debate científico que se desenvolveu na América Latina entre os representantes de dois conceitos de infância diferentes: por um lado, o conceito moderno, embasado em alicerces econômicos e neurocientíficos, orientado pela ideia de tornar uma criança vulnerável e dependente dos seus pais em um futuro cidadão produtivo na sociedade; por outro lado, o conceito relacional de infância, embasado nas ciências sociais e humanas, que defende a ideia de infâncias variadas, dependendo dos respectivos fatores individuais, sociais, culturais e políticos. O segundo capítulo trata de um problema mais prático, que atinge as crianças no mundo inteiro: o problema da obesidade infantil. Alessandro Palmieri, da University of Siena, e Daniela Irena Łukaszewicz, pesquisadora independente, conseguem demonstrar que a introdução obrigatória de tabelas nutricionais na frente de alimentos, praticada em alguns países da América Latina, surtiu bons resultados - uma medida bem-sucedida, que na Europa ainda não foi percebida adequadamente. Os dois capítulos que versam sobre o desenvolvimento infantil saudável revelam a profunda preocupação dos autores com as respectivas políticas públicas em relação à saúde e à educação das crianças, tanto na América Latina quanto na Europa.

A quinta divisão (pp. 255-313) dedica-se às questões de migração e direitos humanos que acompanharam toda a história e tornam-se, em nossos dias de crise, um fator decisivo da política internacional. Os autores dos três capítulos criticam fortemente a política dos países, sobretudo europeus, em relação a fugitivos e refugiados políticos. A maioria dos migrantes sofre duras consequências ao buscar pela sobrevivência em outros países e, muitas vezes, encontram pobreza, fome, doença e desamparo, além da ilegalidade que lhes retira a chance de reivindicarem os direitos humanos, gerando, às vezes, até a morte. Essa política de imigração é considerada hipócrita por Hans Egil Offerdal, da University of Bergen/Noruega, porque os Estados “[...] in practice [...] are closing the door on the majority of humanity” (Ferrari; Offerdal; Kania, 2021 FERRARI, Garcia Soledad; OFFERDAL, Egil Hans; KANIA, Alicja Marta (eds.). Why Latin America Matters. A Collection of Essays. Edinburgh-Escócia: Centre for Contemporary Latin American Studies; The University of Edinburgh, 2021. Disponível em: <Disponível em: https://www.coimbra-group.eu/wp-content/uploads/why_latin_america_matters_11-11-21-1.pdf >. Acesso em: 24/09/2022.
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, p. 24). Diante dos movimentos migratórios crescentes no mundo e de uma legislação cínica nessa área, é preciso, segundo Camillo Pérez-Bustillo, da Stanford University/EUA e National Taiwan University/Taiwan, repensar os conceitos tradicionais de fronteiras nacionais, de cidadania e da sua gestão prática. Conforme as normas internacionais vigentes, um outro capítulo destaca a necessidade de uma integração inclusiva e sustentável de migrantes nas respectivas sociedades recebedoras, sem que os imigrantes abandonem as suas culturas e identidades.

A sexta e última parte (pp. 315-383), intitulada “Resiliência Urbana”, discute em quatro capítulos questões da urbanização e do planejamento urbano em nossos tempos de crises globais. Os autores retratam a realidade urbana da América Latina caracterizada pelo aumento da devastação do meio ambiente e por desastres ecológico-ambientais que estão se tornando cada vez mais frequentes nas regiões mais pobres: sem rede de esgoto, sem segurança de moradia - as casas são feitas em morros -, sem vias seguras de circulação e sem estrutura urbana que possibilite aos moradores viverem com seguridade. Essas adversidades resultam em inúmeras calamidades e mortes de cidadãos, decorrentes de enchentes e desmoronamentos, por exemplo. Diante desse panorama lamentável, os autores da seção apontam a necessidade de que todos os grupos e elementos envolvidos e interessados - governo e administração, ciências e sociedade civil, ONGs, iniciativas locais ou informais etc. - sejam incluídos no planejamento urbano e nas decisões, a fim de garantir soluções bem-sucedidas, sustentáveis e satisfatórias para todos.

As divisões da obra apresentam, por um lado, os principais problemas que os países da América Latina enfrentam há décadas e que estão ganhando proporções significativas. Por outro lado, fornecem, também, propostas de soluções, desenvolvidas no meio dos múltiplos problemas que os países do Novo Mundo enfrentam, capazes de servir como modelos para o Velho Mundo. Na maioria dos casos, não se trata de problemas específicos ou singulares de um Estado ou continente, mas, sim, de problemas com repercussões além das fronteiras nacionais e de dimensão global. Estamos falando, mais concretamente, das seguintes áreas: meio ambiente, imigração, saúde, educação, infraestrutura, direitos humanos, urbanidade precária etc. Os autores explicitam as negativas consequências sofridas mundialmente devido ao desmerecimento do meio ambiente e à negligência dos justos interesses dos mais pobres, enfraquecidos e necessitados - consequências que põem em risco a vida ambiental, animal e humana.

As relações socioeconômicas e políticas do século XXI não atendem mais a individualidade de uma formação cultural ímpar e, no mundo atual, se apresentam como interdependência, inter-relação e interligação, propiciando preocupações e resultados globais. As tarefas globalizadas do deste século excedem os instrumentos tradicionais do Estado-nação moderno, como o filósofo alemão Jürgen Habermas (2001HABERMAS, Jürgen. A constelação pós-nacional e o futuro da democracia. In: HABERMAS, Jürgen. A constelação pós-nacional. Ensaios políticos. São Paulo: Littera Mundi, 2001, p. 75-142. ) afirmou há muito tempo. Para enfrentar as grandes crises do presente, são necessárias novas abordagens que explorem o potencial da pluralidade e diversidade, incluam todos os grupos sociais e seus conhecimentos1 1 Ver a seguinte publicação recentemente lançada que visa a mesma direção: DIERKSMEIER, Laura; FECHNER, Fabian; TAKEDA, Kazuhisa (eds.). Indigenous Knowledge as a Resource. Transmission, Reception, and Interaction of Kowledge between the Americas and Europe, 1492-1800 / El conocimiento indígena como recurso. Ransmisión, recepción e interacción del conociiento entre América y Europa, 1492-18000. Ressourcnkulturen 14. Tübingen: University Press, 2021. , permitam uma participação máxima da sociedade civil na tomada de decisões e, por fim, baseiem-se na cooperação entre política e ciência.

Concluímos esta resenha parabenizando a todos os pesquisadores dos grupos de pesquisas que se uniram para pensar e analisar as questões atuais que estão gerando impactos marcantes no planeta. Essa coletânea apresenta uma relevante mudança de perspectiva ao tomar a América Latina como ponto de partida para suas reflexões, indo além dos conceitos tradicionais europeus. Para além do Oceano Atlântico, os autores dirigem seus olhares ao Velho Mundo e aos grandes desafios do presente - prementes no mundo inteiro. Dessa maneira, o livro em destaque é, como consta na introdução, “[...] um apelo constante à colaboração entre Estados, nações e comunidades pela dignidade humana” (Ferrari; Offerdal; Kania, 2021 FERRARI, Garcia Soledad; OFFERDAL, Egil Hans; KANIA, Alicja Marta (eds.). Why Latin America Matters. A Collection of Essays. Edinburgh-Escócia: Centre for Contemporary Latin American Studies; The University of Edinburgh, 2021. Disponível em: <Disponível em: https://www.coimbra-group.eu/wp-content/uploads/why_latin_america_matters_11-11-21-1.pdf >. Acesso em: 24/09/2022.
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, p. 15) - inteiramente no sentido de uma nova compreensão que entende o Sul Global e o Norte Global como um só.

REFERÊNCIAS:

  • FERRARI, Garcia Soledad; OFFERDAL, Egil Hans; KANIA, Alicja Marta (eds.). Why Latin America Matters A Collection of Essays. Edinburgh-Escócia: Centre for Contemporary Latin American Studies; The University of Edinburgh, 2021. Disponível em: <Disponível em: https://www.coimbra-group.eu/wp-content/uploads/why_latin_america_matters_11-11-21-1.pdf >. Acesso em: 24/09/2022.
    » https://www.coimbra-group.eu/wp-content/uploads/why_latin_america_matters_11-11-21-1.pdf
  • HABERMAS, Jürgen. A constelação pós-nacional e o futuro da democracia. In: HABERMAS, Jürgen. A constelação pós-nacional Ensaios políticos. São Paulo: Littera Mundi, 2001, p. 75-142.
  • 1
    Ver a seguinte publicação recentemente lançada que visa a mesma direção: DIERKSMEIER, Laura; FECHNER, Fabian; TAKEDA, Kazuhisa (eds.). Indigenous Knowledge as a Resource. Transmission, Reception, and Interaction of Kowledge between the Americas and Europe, 1492-1800 / El conocimiento indígena como recurso. Ransmisión, recepción e interacción del conociiento entre América y Europa, 1492-18000. Ressourcnkulturen 14. Tübingen: University Press, 2021.

Datas de Publicação

  • Publicação nesta coleção
    09 Set 2024
  • Data do Fascículo
    2024

Histórico

  • Recebido
    26 Dez 2022
  • Aceito
    19 Maio 2024
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